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Em 2019, Piñera falou à BBC admitindo que aceitaria mudanças na Constituição elaborada pela ditadura chilena

O ex-presidente do Chile Sebastián Piñera, de 74 anos, morreu em um acidente de  helicóptero nesta terça-feira (6/2), confirmou o governo do país.

A aeronave caiu na região de Los Ríos, ainda segundo o jornal, que informa que quatro pessoas estavam no helicóptero.

O acidente no lago chileno Ranco deixou três sobreviventes, informou Carolina Tohá, ministra do Interior e Segurança Pública do Chile.

O governo chileno declarou luto nacional, e haverá um funeral oficial com honras de Estado.

Referência da direita no Chile, Piñera foi presidente do país por dois mandatos, entre 2010 e 2014 e entre 2018 e 2022.

A notícia do acidente com Piñera acontece em um momento em que Chile enfrenta um devastador incêndio que já matou mais de 100 pessoas e fez o governo de Gabriel Boric declarar emergência nacional.

Empresário bilionário, com doutorado em economia na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Piñera era uma das pessoas mais ricas do Chile.

Sua fortuna foi estimada em mais de US$ 2 bilhões (R$ 9,92 bilhões) pela revista Forbes.

Nascido em Santiago, em 1949, ele começou a fazer sua fortuna em 1978, quando conseguiu a representação das empresas de cartão de crédito no Chile.

Dali em diante foi expandindo seus negócios. Foi o acionista principal da companhia aérea LAN (hoje Latam, após se unir à brasileira TAM) e também possuía ações da companhia Blanco y Negro, controladora do time de futebol Colo Colo.

Em 2005, comprou o canal de TV Chilevisión e vendeu a emissora em 2010 para o grupo Time-Warner.

Duas vezes presidente

Crédito, Reuters

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Governo de Piñera foi alvo de grandes protestos no Chile

Senador entre 1990 e 1998, Piñera, do partido de conservador Renovação Nacional, foi eleito presidente pela primeira vez em 2010.

Torou-se o primeiro representante da direita a assumir o Executivo chileno desde 1958, derrotando o ex-mandatário Eduardo Frei com 51,61% dos votos.

Com o fim da ditadura em 1990, o país até então havia sido governado durante duas décadas pela Concertação, de centro-esquerda.

Ele havia tentado a Presidência no pleito anterior, em 2005, mas acabou derrotado por Michelle Bachelet.

O empresário assumiu o Executivo chileno após o terremoto que devastou o centro-sul do país em 2010.

Sua administração enfatizou a gestão e a reconstrução do país e teve medidas consideradas pró-mercado.

Sob seu comando, o Chile teve um crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2016, o país teve um crescimento de 1,6%, menor patamar desde 2009.

Foi em seu primeiro governo que o movimento estudantil chileno levou mais de 200 mil pessoas às ruas do país em protestos pedindo a reforma do sistema educacional.

Piñera também era o presidente quando o Chile parou para acompanhar o drama do resgate dos 33 mineiros que ficaram soterrados por mais de dois meses em uma mina de cobre de 700 metros de profundidade.

O segundo mandato de Piñera foi marcado pela mais profunda crise política e social dos últimos 30 anos no país sul-americano, que começaram como protestos após aumento de passagens de metrô, em 2019.

Piñera terminaria seu período no poder impopular, mas absolvido de um processo de impeachment aberto contra ele em 2021.

No ano seguinte, ele passaria o cargo para o esquerdista Gabriel Boric.