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ONG enxerga retrocesso no combate à corrupção no Brasil

Um “desmanche acelerado” e um retrocesso no combate à corrupção no Brasil. É isso que aponta um relatório, divulgado nesta terça-feira (31), pela Transparência Internacional. A avaliação faz parte do relatório global que mede a percepção sobre a corrupção em 180 países. O Brasil obteve, em 2022,  38 pontos e ficou em 94ª lugar no ranking mundial, subindo duas colocações em relação à edição anterior, em razão da piora da nota de outros países.

Este desempenho coloca o país abaixo da média global, que é de 43 pontos, e abaixo da média regional da América Latina e Caribe, que é de 41 pontos.

Para  a Transparência Internacional, o Brasil sofreu degradação sem precedentes de seu regime democrático reforçada pela “blindagem de Bolsonaro e seus aliados”, fruto de uma “neutralização da Procuradoria-Geral da República”. 

O relatório destaca, ainda, que “as omissões da PGR tiveram graves consequências para a impunidade das condutas criminosas apuradas pela CPI da Pandemia, o desmanche continuado da governança ambiental e de proteção aos direitos dos indígenas, o avanço desimpedido de movimentos golpistas e ataques às instituições democráticas”. Ainda de acordo com a pesquisa, o Brasil teve o que chamam de “década perdida no combate à corrupção”, depois de anos de recuperação, como explica Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional Brasil. 

“Essa evolução foi interrompida e nós vimos, na verdade, um contra-ataque da corrupção e vimos um retrocesso sem precedentes nos últimos anos. Um verdadeiro desmanche das estruturas de combate à corrupção que o país tinha levado décadas para construir. E o governo Bolsonaro tem muita responsabilidade sobre isso”.

O relatório aponta ainda a fragilização das instituições do país, como a Polícia Federal e a Petrobras. Além disso, a ameaça ao sistema eleitoral foi um fator marcante da gestão Bolsonaro. Ele e seus apoiadores “levantaram dúvidas em relação à segurança das urnas eletrônicas”.

A entidade lista episódios em que o então presidente e aliados foram citados em esquemas com indícios de corrupção. Os ataques ao STF e o desmonte da proteção ambiental também foram destaque no documento. 

A Transparência Internacional faz uma série de recomendações ao novo governo com o objetivo de retomar a agenda de transparência e integridade, que incluem, por exemplo, a volta da autonomia das instituições do país, e a retirada de funcionários de alto escalão do governo que estejam sob investigação ou processados por corrupção.

A nossa reportagem tentou contato com a assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não teve retorno.

Fonte: Agência Brasil

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