Em Pernambuco, uma ala do PT, em conversas reservadas, já aposta que a decisão final sobre a vaga do Senado na chapa da Frente Popular deve passar mesmo pelo crivo do ex-presidente Lula. Tal movimento pode significar, aos olhos de outra parte da legenda, uma contrariedade.
No caso da chapa encabeçada por Danilo Cabral, uma parte dos petistas não arreda o pé da indicação. No entanto, não está descartado que o líder-mor do PT negocie o espaço em troca de apoio do PSD na corrida presidencial e cenário similiar acabou de ser desenhado na Bahia.
O recuo de Jaques Wagner da disputa pelo Governo daquele Estado sinaliza para uma construção nacional que pode levar o PSD a apoiar Lula já no primeiro turno.
A costura acende o sinal amarelo de petistas em Pernambuco, que aguardam para indicar um nome para concorrer à Casa Alta.
Como a coluna antecipara, nas hostes socialistas, reside o seguinte entendimento: “Não tem meio termo nesse cenário”. Leia-se: Ou o nome escolhido sairá do PT, ou a segunda e única hipótese, agora, considerada nas projeções socialistas para assumir a missão seria o deputado federal André de Paula.
E a escolha de André casaria com a lógica da articulação baiana, onde o senador Otto Alencar (PSD) deve disputar o Executivo estadual com o aval de Lula.
Com isso, o governador Rui Costa pretende concorrer ao Senado. Quando o PT cede em um estado símbolo, como a Bahia, deixa claro que a estratégia para obter apoio do PSD nacionalmente é capaz de se sobrepor à dinâmica em andamento no Estado.
Como a coluna cantara a pedra, o senador Humberto Costa chegou a solicitar a não interferência da direção nacional do PT na costura de Pernambuco e recebeu aceno positivo, tanto do ex-presidente Lula como da presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann.
Mas, no PSB, o sentimento segue sendo um só: “Se alguém do PT for rifado do Senado em Pernambuco, será pelo próprio PT”. O caso da Bahia, então, pode ter sido um aperitivo que está por vir no estado governado por Paulo Câmara. E tudo parece depender de como o PSD irá se comportar no 1º turno da corrida pelo Planalto, variável capaz de interferir no xadrez de Pernambuco, como repisam socialistas.
Petistas não arredam o pé
Nos bastidores do PT em Pernambuco, circula que, se realmente o PSB “insistir em escolher um nome para o Senado que não seja do PT, os petistas não terão empolgação de fazer campanha para Danilo Cabral”. Um grupo lembra o seguinte: “Se tirou da disputa um candidato eleito para por um que não se sabe qual será o resultado”. Integrantes desse conjunto fazem referência ao senador Humberto Costa, que figurava liderando em pesquisas internas e cedeu em favor da cabeça ficar com o PSB.
Embarque > Como a coluna antecipara, o senador Humberto Costa segue para o México a convite o ex-presidente Lula. Ontem, já se encontrava em São Paulo com essa finalidade. O petista só retorna no próximo sábado.
Lado a lado > No México, Lula terá encontro com o presidente mexicano Manuel López Obrador e convidou Humberto para acompanhar. Do Congresso Nacional, acompanham o roteiro apenas o pernambucano e Gleisi Hoffmann. Na volta, deve sair decisão do Senado em Pernambuco.
Momo > Alguns deputados estaduais tiveram encontro com o pré-candidato ao Governo de Pernambuco, Danilo Cabral, ontem. Entre eles, Aluísio Lessa, Diogo Moraes e Waldemar Borges.
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Fonte: Folha PE
Autor: Renata Bezerra de Melo