Os primeiros relatórios de rádio das Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram que lançaram uma operação terrestre ao norte de Khan Younis.
Imagens verificadas pela BBC mostram um tanque israelense operando próximo à cidade.
O chefe das FDI, Herzi Halevi, disse mais tarde aos seus soldados que o exército está lutando “forte e intensamente” no sul de Gaza.
Evacuações e incursão por terra
O Tenente General Halevi informou os reservistas da divisão de Gaza sobre os alvos militares e o assassinato de comandantes do Hamas pelas FDI.
“Lutamos forte e intensamente no norte da Faixa de Gaza, e agora estamos fazendo isso também no sul”, disse ele aos soldados.
Um porta-voz das FDI confirmou mais tarde que Israel “continua expandindo a incursão terrestre” por toda Gaza, na qual os seus soldados “conduzem batalhas corpo a corpo com terroristas”.
Quando a trégua de uma semana terminou na última sexta-feira (1/12), Israel retomou uma série de intensos bombardeios em grande escala em Gaza, que os residentes de Khan Younis descreveram como a onda de ataques mais intensa até agora.
Durante o cessar-fogo de sete dias, o Hamas devolveu 110 reféns detidos em Gaza em troca da libertação de 240 prisioneiros palestinos que cumpriam penas em prisões israelenses.
Na manhã deste domingo (3/12), o exército israelense emitiu ordens de evacuação em vários distritos de Khan Younis, orientando a população a abandonar imediatamente a região.
As autoridades israelenses acreditam que os líderes do Hamas estão escondidos na cidade, que se tornou um refúgio para centenas de milhares de pessoas que fugiram dos combates no norte, nas primeiras fases da guerra.
“Pânico” em um hospital
Um funcionário da ONU descreveu um “nível de pânico” que nunca tinha visto antes em um hospital de Gaza, depois de o exército israelense ter mudado o foco da sua ofensiva para o sul.
James Elder, da agência da ONU, Unicef, descreveu o hospital Nasser em Khan Yunis como uma “zona de guerra”.
Um conselheiro do primeiro-ministro de Israel disse que o país está fazendo “todos os esforços” para evitar a morte de civis.
Elder, por sua vez, disse à BBC que podia ouvir grandes e constantes explosões perto do hospital Nasser e que crianças chegavam com ferimentos na cabeça, queimaduras graves e estilhaços incrustados de explosões recentes.
“É um hospital onde vou regularmente e as crianças agora me conhecem; as famílias me conhecem. Essas mesmas pessoas agarram minha mão ou minha camisa e dizem: ‘Por favor, leve-nos para um lugar seguro'”.
“Infelizmente a única resposta a essa pergunta é que não existe lugar seguro. Nem mesmo, como sabem, aquele hospital”, lamentou.
O Ministério da Saúde de Gaza, gerido pelo Hamas, estima que mais de 500 pessoas foram mortas desde que os bombardeamentos recomeçaram, e mais de 15.500 desde o início da guerra.
Mohammed Ghalayini, um britânico-palestino que permanece em Gaza, descreveu a situação no território como “mais do que catastrófica”.
“As pessoas têm suportado o brutal ataque israelense há 50 dias ou mais e têm muito poucos recursos, como alimentos, água, energia, saneamento e serviços de gestão de resíduos”, disse ele à BBC por telefone, antes de a ligação ser cortada.
Ele é especialista em poluição ambiental e vive em Manchester, mas havia chegado a Gaza para uma visita de três meses para ver a sua mãe, pouco antes dos ataques de 7 de Outubro.
1,8 milhões de pessoas deslocadas de suas casas
Israel iniciou os borbardeios de retaliação contra Gaza após os ataques do Hamas ao sul de Israel em 7 de Outubro, nos quais 1.200 pessoas foram mortas e cerca de 240 foram feitas reféns.
Desde que os combates recomeçaram na última sexta-feira, foguetes também foram disparados regularmente contra Israel a partir de Gaza. Um homem de 22 anos da cidade de Holon, perto de Tel Aviv, foi tratado no último sábado com ferimentos leves causados por estilhaços.
Em Gaza, centenas de milhares de pessoas já haviam fugido dos combates para se refugiarem em Khan Younis depois de Israel ter dito para abandonarem a região Norte de Gaza, que foi o principal alvo dos primeiros ataques israelenses.
A última atualização da ONU indica que cerca de 1,8 milhões de pessoas tiveram que se deslocar em Gaza.
Em declarações à BBC, o chefe dos direitos humanos da ONU, Filippo Grandi, disse que os palestinos na Faixa de Gaza estão “cada vez mais empurrados para um canto estreito do que já é um território muito estreito”.
A IDF começou a publicar mapas das áreas de ataque na Internet. Os líderes israelenses dizem que esses mapas, junto com outras medidas, como telefonemas e folhetos lançados de avião sobre Gaza, alertarão as pessoas para evacuarem determinada área.
Em declarações ao programa dominical da BBC “Domingo com Laura Kuenssberg”, o principal conselheiro do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Mark Regev, alegou que os civis não são alvos e que protegê-los é mais difícil porque o Hamas “incorpora a sua máquina de terror militar” em bairros residenciais.
Ele afirmou que as IDF estão tentando ser “o mais cirúrgicas possível em uma situação de combate muito difícil” e alertar sobre ataques com antecedência.
As FDI afirmam ter destruído 500 escavações de “túneis terroristas” usadas pelo Hamas em Gaza, das 800 que afirma ter localizado até agora.
Regev também declarou que desde o início da guerra, a força aérea de Israel realizou cerca de 10.000 ataques aéreos contra “alvos terroristas” sob a direção de soldados das FDI no terreno.
Fonte: BBC
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