No primeiro dia de cortejo, diversas agremiações desfilaram do Pátio do Livramento ao Pátio de São Pedro. A programação continua até a terça-feira de Carnaval. (Foto: Raynaia Uchôa/PCR)
Neste domingo de Carnaval (11), as ruas dos bairros de Santo Antônio e São José, verdadeiros berços dos patrimônios históricos, culturais e artísticos do Recife, foram tomadas pela exuberância das agremiações da cultura popular. A segunda edição do “De Pátio a Pátio” trouxe a mistura de blocos líricos, maracatus de baque solto e virado, escolas de samba, afoxés, ursos, bois, troças carnavalescas, clubes de boneco, tribos de índio e caboclinhos, que percorrem o Pátio do Livramento, passando pela Praça Dezessete e da Independência, até chegar no Pátio de São Pedro.
Os foliões que seguiram o cortejo pelo meio da rua ficaram encantados com a energia e a força das tradições que alimentam a alma do povo há anos durante os festejos carnavalescos. Aldenise Maria, 60 anos, compartilha suas memórias lembrando que quando criança se apresentava no Pátio de São Pedro ao lado do seu pai, conhecido como Zequinha, um passista. “Sempre venho para cá, mas essa foi a primeira vez que participei do cortejo, e achei lindo. Venho de uma geração de artistas da cultura popular lá do bairro da Mangueira. Todos os recifenses e turistas deveriam vir pra cá”, falou entusiasmada.
A rica diversidade das agremiações atraiu pessoas de todos os lugares e preencheu a folia com suas indumentárias coloridas, ritmos e as danças contagiantes das agremiações fazem o Carnaval do Recife ser único. Há três anos que a cearense Daniely Guerra, 42 anos, não perde a folia recifense e, dessa vez, ela convidou duas amigas francesas, Laure Paradis, 42 anos, e Sandrine Canal, 56 anos, a conhecerem pela primeira vez o Brasil estreando no Carnaval do Recife. “Eu já brinquei muito, mas esse carnaval é diferente. É uma experiência única estar ao lado dessa diversidade cultural que só existe aqui. Eu estou achando tudo fantástico!”, exalta Sandrine.
A programação do cortejo de agremiações “De Pátio a Pátio”, que estreou no ano passado, segue nesta segunda-feira (12) e terça-feira (13) de Carnaval. A concentração começa às 15h no Pátio do Livramento, e o cortejo percorre, das 16h às 18h30, a Rua 1º de Março, Praça da Independência, Avenida Dantas Barreto, até chegar ao Pátio de São Pedro. Ao todo, são 48 agremiações divididas em três dias de folia.
ARSENAL – Na Praça do Arsenal, Bairro do Recife, os foliões foram inicialmente presenteados com o Encontro de Caboclinhos e Índios, parte dos espetáculos da Matriz da Cultura Popular (MCP) presente em toda a programação do Carnaval. No intervalo o DJ Incidente fez a festa para na sequência, César Michiles e Transversal Frevo Orquestra subir ao palco, destacando a flauta como protagonista principal do frevo, entre os naipes de metais.
Já a cantora Bruna Alimonda, envolveu o público com uma fusão musical que abarca ritmos latino-americanos e a tradicional MPB, incluindo o brega romântico do Recife que é fonte de inspiração para a artista. “Eu cresci ouvindo o brega, assistindo na televisão. Ele está intrínseco aqui dentro de mim. Eu respeito muito esse ritmo e acho que o Brasil inteiro e o mundo tem que aprender a respeitar também. É um privilégio para mim poder compartilhar esse ritmo tão importante com tanta gente, que eu acredito que também goste, porque Recife tremeu agora um pouquinho quando eu cantei umas músicas importantes do Brega”, conta Bruna, entusiasmada.
Carlos Cruzeiro, 72 anos, veio acompanhado de sua esposa Marleide Alves, 57 anos, e relatou estar muito satisfeito com a organização, além da sensação de segurança. “O carnaval deste ano está arrebentando. A gente sempre vem, todos os anos, mas este ano está super organizado, com muito policiamento, tanta beleza e diversidade. Ouvimos músicas de todos os tipos, há opções para todos os gostos. Agora mesmo estamos assistindo a um espetáculo de rock. Isso é muito bom para atingir jovens, adultos, adolescentes e idosos como eu”, disse ele.
A noite seguiu ao som da multiartista recifense Natascha Falcão, que entoou clássicos como “Eu Só Quero um Xodó” e “Frevo Mulher”, além da música inédita “Melhor Assim” e faixas do “Ave Mulher”, albúm que levou a pernambucana a ser a única brasileira indicada em uma categoria de ampla concorrência do Grammy Latino. “Fazer este show é a realização de um sonho para mim. Talvez o show mais importante da minha carreira até agora porque voltar para casa e cantar na festa do povo é incrivelmente poderoso, um presente enorme que recebi. Fiquei muito emocionada. Dei tudo de mim pro povo curtir, pro povo ser feliz, porque o carnaval também é a nossa forma de resistir no mundo”, conclui Nastascha.
Arnaldo Antunes, a tão esperada atração da noite, começou seu show com a envolvente música “A Casa é Sua”, animando a multidão em um belo coro que ressoou nos corações presentes em plena folia recifense. Ele também se apresentará às 23h50, da segunda-feira (12), no Polo Poço da Panela. O encerramento da noite pelo cantor Martins, com participações especiais de Josyara e Paulo Neto, consolidou a alegria total do público, encerrando o dia com chave de ouro.
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