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Legenda da foto, Artigo do Wall Street Journal repercute proibição do X no Brasil

Os dois principais jornais financeiros do mundo — o Wall Street Journal, de Nova York, e o Financial Times, de Londres — repercutiram a notícia do bloqueio da plataforma X (ex-Twitter) ordenada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, como parte de um inquérito sobre fake news no Brasil.

O Wall Street Journal publicou um texto no seu site neste sábado (31/8) com o título: “Brasil proíbe X, criminalizando o acesso ao aplicativo para milhões”.

“Grandes camadas da direita política do Brasil ficaram do lado de Musk, acusando a Suprema Corte e o governo de esquerda do país de tentar silenciar os conservadores antes das eleições de outubro”, escreveu o jornal.

“Musk depois suavizou sua posição, mas a batalha continuou crescendo com Moraes abrindo uma investigação sobre o bilionário por possível obstrução da justiça. Então veio o anúncio de X sobre o fechamento das operações no Brasil, o que não impediu as pessoas no país de acessar a plataforma.”

O Financial Times, de Londres, também publicou uma reportagem sobre o assunto.

“A proibição do X colocaria o Brasil entre um grupo de nações autocráticas, como Coreia do Norte e Venezuela, que também proíbem a plataforma”, diz o texto do jornal britânico.

“Moraes liderou uma repressão judicial contra a desinformação online, mas é uma figura controversa que divide opiniões no Brasil”, diz o texto.

“Apoiadores dizem que ele ajudou a garantir a democracia diante dos ataques à confiabilidade do sistema de votação eletrônica do país pelo ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. No entanto, os seguidores de direita de Bolsonaro alegam que o juiz restringe a liberdade de expressão e visa injustamente os conservadores.”

Repercussões

A determinação de Moraes ocorreu após o X, empresa do bilionário Elon Musk, não atender à solicitação de Moraes de indicar um representante legal no Brasil.

No último dia 17 de agosto, Musk decidiu fechar o escritório do X no Brasil, em meio a pedidos de Moraes para suspender perfis de investigados em inquéritos no STF, com possibilidade de multa em caso de descumprimento.

Musk, que passou ele próprio a ser investigado no Supremo, tem rejeitado cumprir as decisões judiciais de Moraes por acusá-las de censura.

A notícia também foi repercutida na sexta-feira por outros veículos.

O jornal The New York Times destacou que “a plataforma ficará indisponível no país de 200 milhões de habitantes, resultado de uma briga crescente entre Elon Musk e um juiz sobre o que pode ser dito online”.

O New York Times afirmou que a situação é “o maior teste até agora para os esforços do bilionário em transformar o local em uma praça digital onde quase tudo é possível”.

A proibição do uso de VPN por usuários brasileiros que tentem acessar o Twitter, violação que pode acarretar em multa de R$ 50 mil segundo decisão de Moraes, foi caracterizada pelo jornal como “uma atitude bastante incomum”.

O jornal argentino La Nación classificou Moraes como “um poderoso juiz” no título.

Já o jornal americano Washington Post destacou que a medida acontece após Musk se recusar a nomear um representante legal no Brasil.