- Author, Aleem Maqbool, editor de religião da BBC, e Laura Gozzi
- Role, BBC News
O Vaticano reiterou na segunda-feira (8/4) sua oposição à cirurgia de redesignação sexual, à ideologia de gênero, à barriga de aluguel, ao aborto e à eutanásia em um documento chamado Dignitas Infinita (“Dignidade Infinita”).
Outros temas, como a pobreza, a migração e o tráfico de seres humanos, também são citados como sendo potenciais ameaças à dignidade humana.
O pontífice tem sido frequentemente criticado por católicos conservadores devido à sua aparente posição liberal. Alguns o acusam de afastar demais a Igreja Católica de algumas doutrinas tradicionais.
Já para alguns liberais, ele não faz o suficiente para encorajar a Igreja a evoluir por meio de medidas tangíveis nestas questões.
Em outras questões, o papa Francisco tem deixado pouco espaço para dúvidas sobre sua posição. Parte da sua linguagem mais contundente sobre a doutrina foi reservada para dois tópicos tratados no novo documento que ele aprovou.
Ele já havia classificado a prática da barriga de aluguel como “desprezível” e a chamada ideologia de gênero — linha de pensamento que desafia a ideia de que a sexualidade humana é determinada pela biologia — como “uma ideologia feia”.
Agora, a declaração Dignitas Infinita chama o aborto de uma “crise extremamente perigosa do senso moral” e afirma que a barriga de aluguel é uma “violação” tanto para a mulher, como para a criança.
Destaca também que o sexo atribuído a uma pessoa ao nascer é uma dádiva — e qualquer tentativa de mudá-lo corre o risco de cair “na tentação de se fazer de Deus”.
A exploração dos pobres, dos migrantes e das mulheres também é descrita no documento como uma afronta à dignidade humana.
Progressista ou conservador?
Aos 87 anos, o papa Francisco continua mostrando que dizer que ele é “progressista” ou “conservador” é simplista demais.
Em uma autobiografia publicada no mês passado, ele afirmou que não tinha intenção de se aposentar — e planejava permanecer no cargo, que ocupa desde 2013, pelo resto da vida.
Ao mesmo tempo em que o papa demonstrou uma posição mais conservadora sobre alguns assuntos no documento Dignitas Infinita, nos últimos anos ele tomou atitudes que animaram os progressistas.
Em 2023, o papa Francisco disse que as pessoas trans poderiam ser batizadas na Igreja Católica, desde que isso não causasse escândalo ou “confusão”.
No ano passado, o pontífice orientou o poderoso Gabinete Doutrinário do Vaticano e o cardeal Victor Manuel Fernández, que está à frente do gabinete, a olhar para as complexidades das “novas questões” que as pessoas enfrentam no mundo hoje.
O cardeal Fernández, de quem o papa é próximo, foi criticado por um livro que escreveu e publicou no final da década de 1990. O livro discute detalhadamente a sexualidade humana.
Sem dúvida, em questões como a união de pessoas do mesmo sexo e o papel das mulheres na Igreja, o papa parece adotar um tom liberal, com potencial para algumas mudanças práticas a caminho.
Fonte: BBC
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