Noa Marciano, uma soldada de 19 anos, foi uma das cerca de 240 pessoas sequestradas por homens armados do Hamas durante a invasão realizada no dia 7 de outubro, que resultou na morte de 1,2 mil pessoas.
As forças israelenses invadiram o Hospital Al-Shifa no início desta semana, alegando que havia ali um centro de comando do Hamas — algo que o grupo palestino nega
Enquanto isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que a falta de combustível significa que não poderá mais levar ajuda a Gaza a partir desta sexta-feira (17/11).
As pessoas que moram no local enfrentam a “possibilidade imediata de fome” com o inverno se aproximando, afirma o Programa Mundial de Alimentos da ONU.
Mais de 11,5 mil pessoas foram mortas em Gaza desde que Israel iniciou os seus ataques retaliatórios, de acordo com o Ministério da Saúde dirigido pelo Hamas.
Duas reféns mortas
As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que recuperaram o corpo da israelense Noa Marciano, de 19 anos, em “uma estrutura adjacente ao Hospital Al-Shifa”.
O anúncio veiodias após a confirmação da morte da soldada.
Marciano foi uma dos cerca de 240 reféns feitos por homens armados do Hamas durante o ataque em 7/10.
O corpo da vítima foi levado de volta para Israel, onde foram realizados exames que confirmaram a identidade dela.
Na quinta-feira (16/11), Israel revelou que o corpo de outra refém, Yehudit Weiss, também havia sido encontrado numa estrutura próxima ao Hospital Al-Shifa.
Os militares israelenses disseram que o corpo da refém Yehudit Weiss, de 65 anos, foi encontrado em uma estrutura próxima ao hospital Al-Shifa, em Gaza.
Ela estava se recuperando de um câncer de mama e não estava com as medicações quando foi levada por membros do Hamas, de acordo com o grupo Bring Them Home Now.
O marido dela, Shmuel, também foi assassinado, segundo o Ministério das Relações Exteriores de Israel.
O site da Bring Them Home Now, criado por parentes de pessoas sequestradas pelo Hamas, descreve Weiss como “uma avó amorosa em tempo integral” que adorava cultura, esportes, viagens e culinária.
ONU diz que não pode distribuir ajuda em Gaza
A proibição da entrada de combustível na Faixa de Gaza por Israel desde o início da guerra, há quase seis semanas, tem sido uma reclamação constante dos representantes de organizações humanitárias.
Pela primeira vez, esta semana foi permitida a entrada de uma pequena quantia de combustível para veículos da ONU — mas a reserva já se esgotou de novo.
A falta de combustível também cortou os serviços de internet e telefonia em partes de Gaza.
A maior agência da ONU em Gaza diz que já não é capaz de distribuir ajuda.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU também afirma que quase todos os 2 milhões de habitantes de Gaza precisam desesperadamente de assistência alimentar, alertando que os civis enfrentam a possibilidade imediata de fome.
Não existem mais padarias do PMA em funcionamento devido à falta de combustível — e apenas um quarto dos mercados e mercearias seguem abertos, afirma a agência. As pequenas quantidades de alimentos disponíveis nas lojas são vendidas a preços inflacionados.
A falta de combustível e eletricidade significa que cozinhar se tornou impossível para muitos. Alguns comem alimentos enlatados, mas outros sobrevivem com quaisquer ingredientes crus que encontram, incluindo cebolas e berinjelas, afirma o PAM.
A ONU afirmou que não pode utilizar a única passagem disponível — em Rafah — para entregar ajuda nesta sexta (17/11) devido à falta de combustível e de linhas telefônicas em funcionamento.
Israel faz alerta de evacuação em áreas do sul de Gaza
As forças israelenses alertaram as pessoas em algumas cidades da área de Khan Younis para evacuarem as casas e irem para abrigos.
Khan Younis é a maior cidade do sul de Gaza — para onde muitos fugiram depois de serem instruídos a evacuar a parte norte do território.
As forças israelenses lançaram na noite de quarta-feira (15/11) panfletos sobre quatro cidades — Bani Shuhaila, Khuzaa, Abassan e Qarara — que abrigavam mais de 100 mil pessoas antes de o sul fosse inundado por refugiados.
“Para sua própria segurança, você precisa evacuar os locais de residência imediatamente e dirigir-se para abrigos. Qualquer pessoa que esteja perto de terroristas ou de suas instalações coloca a própria vida em risco, e todas as casas usadas por terroristas serão alvo de ataques”, diziam os panfletos, segundo a agência Reuters.
Há semanas, panfletos semelhantes foram lançados sobre o norte de Gaza, antes de Israel lançar uma ofensiva terrestre pela região.
Em outubro, a população de Khan Younis passou de 400 mil residentes para mais de 1 milhão, à medida que centenas de milhares de pessoas deixaram o norte de Gaza.
Milhares de pessoas deslocadas vivem agora em campos improvisados, hospitais e escolas em Khan Younis.
Netanyahu diz que havia fortes indícios de reféns israelenses em Al-Shifa
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ao programa CBS Evening News, dos Estados Unidos, que havia “fortes indícios” de que reféns israelenses estavam detidos no Hospital Al-Shifa.
Netanyahu afirmou que não foram encontrados reféns no hospital quando as forças entraram no hospital na quarta-feira (15/11). Ele alegou: “Se havia [reféns] ali, eles foram retirados.”
Israel diz ter mais informações sobre os detidos, mas Netanyahu declarou que “quanto menos disser sobre isso, melhor”.
Israel acusou repetidamente o Hamas de abrigar uma grande base sob o Hospital Al-Shifa — alegação que o Hamas nega.
Benjamin Netanyahu ainda disse que os esforços das forças israelenses para reduzir ao mínimo as baixas civis em Gaza “não tiveram sucesso” — embora culpe o Hamas por isso.
O primeiro-ministro de Israel ainda disse que os militares do país trabalham para erradicar o Hamas, mas o grupo usa civis como “escudos humanos”.
O Hamas “não dá a mínima para os palestinos”, disse Netanyahu.
Negociador de reféns ‘esperançoso’ por acordo
Um negociador que esteve envolvido em conversações recentes sobre a libertação de alguns dos reféns detidos pelo Hamas em Gaza disse à agência Associated Press que espera um acordo em uma semana.
Abbas Ibrahim — ex-chefe da inteligência do Líbano — disse que um acordo pode estar próximo se Israel fizer algumas concessões.
“Penso que [um acordo] está próximo se Israel recuar em alguns pontos ou na rejeição de algumas das condições solicitadas pelo Hamas, que são muito lógicas… Israel ainda rejeita essas condições. Quando eles concordarem, será rápido”, afirmou Ibrahim.
Espera-se que, no acordo em discussão, alguns dos cerca de 240 reféns israelenses levados para Gaza sejam libertados em troca de algumas crianças e mulheres palestinas atualmente detidas nas prisões de Israel.
Ibrahim disse que as condições do Hamas incluem, no mínimo, “a liberdade de circulação das pessoas dentro de Gaza, de sul para norte ou de norte para sul”.
“Na minha opinião, as coisas terão um fim positivo. Haverá uma troca e uma pausa humanitária.”
Ibrahim está envolvido em conversações desde o início da guerra, há seis semanas, incluindo negociações sobre evacuações de civis e tréguas humanitárias.
Fonte: BBC
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