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  • Author, Giulia Granchi e Julia Braun
  • Role, Da BBC News Brasil em São Paulo

Um novo ciclone extratropical se formou nesta segunda-feira (4/9) no sul do Brasil, provocando muita chuva, fortes rajadas de vento e até queda de granizo no Estado do Rio Grande do Sul.

A Defesa Civil emitiu alertas de temporais, enxurradas e inundações gradativas.

Segundo o órgão, quatro mortes foram registradas em decorrência do mau tempo e 353 pessoas ficaram desalojadas até o início da tarde desta segunda.

Uma vítima na cidade de Passo Fundo faleceu após tomar um choque elétrico devido a um alagamento em sua casa. Outros três óbitos, nas cidades de Ibiraiaras e Mato Castelhano, estão relacionados a veículos que tentaram atravessar enchentes.

Há registros de casas destelhadas, buracos em telhados causados pelas pedras de gelo e alagamentos.

Os rios Taquari, que tem sua nascente nos municípios de Cambará do Sul e Bom Jesus, e Caí, que faz parte da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba, também estão em risco de inundação.

Caxias do Sul e Santa Maria apresentam atualmente riscos altos de deslizamentos de terra.

Segundo o subchefe da Casa Militar – Proteção e Defesa Civil do estado, coronel Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira, mais de 1.600 pessoas foram afetadas diretamente, tendo, por exemplo, suas casas e outros bem destruídos.

Os ciclones extratropicais são centros de baixa pressão atmosférica que se formam fora dos trópicos, em médias e altas latitudes, segundo explica Estael Sias, meteorologista do MetSul Meteorologia.

“Ele é formado pelo contraste de massas de ar quente e frio. Parte da sua ação é sugar toda a umidade pra essa região do centro de baixa pressão e jogar para a atmosfera, resfriando e transformando a umidade em nuvens. É nesse processo que o fenômeno espalha chuva e vento”, diz Sias.

De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a instabilidade atual está associada a circulação dos ventos e a baixa pressão que se formou no Paraguai.

Ainda segundo o instituto, o ciclone vai dar origem a uma frente fria no decorrer dos dias e reforçar a condição de chuva forte e temporais nos três estados da Região Sul.

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Foto de queda de barreira em Lages, em Santa Catarina, durante passagem de ciclone em julho

Em relação aos ventos, a previsão até a amnhã desta segunda era de rajadas que podem variar entre 40 a 60 km/h por toda a região, mas atingir até 80 km/h nas áreas de temporais.

Porto Alegre também tem alerta de temporais, temperaturas mais baixas e acumulados que podem chegar aos 100mm somente neste dia.

O sistema deve ainda chegar à noite à costa do Sudeste, trazendo mais umidade para São Paulo.

A previsão é de que na terça-feira (05/9) o ciclone se afaste para o oceano e a frente fria avance em direção ao Sudeste. O tempo fica mais estável em grande parte da Região Sul e chove apenas no centro-norte do Paraná, mas com fraca intensidade.

Como se proteger

Em áreas mais afetadas, as recomendações pedem maior cautela. Abaixo, alguns conselhos:

Alagamentos

  • Evite contato com as águas;
  • Não dirija em áreas alagadas;
  • Evite pontes submersas e pontilhões;
  • Redobre a atenção com as crianças.

Deslizamentos

Fique atento:

  • A postes e árvores com inclinação;
  • Qualquer movimento de terra ou encostas próximo à sua residência;
  • Aparecimento de rachaduras em muros ou paredes.

Ventos fortes

  • Busque um local abrigado, longe de árvores, placas, postes e outros objetos que possam ser arremessados;
  • No local abrigado, fique longe de janelas.

Comuns na história climática brasileira, os ciclones extratropicais costumam se formar no extremo sul do país, entre o Rio Grande do Sul e Argentina e Uruguai, países vizinhos.

Seus ventos são mais fracos e seus efeitos têm duração menor em comparação com os ciclones tropicais.

“Ciclones extratropicais no Oceano Atlântico se formam toda semana, dezenas deles às vezes. Mas é comum que se formem perto do polo sul, muito distante. Por isso não mencionamos na previsão do tempo – um ciclone extratropical a mil quilômetros da costa não vai causar nenhum efeito para a população”, aponta Sias.

“A formação não é tão rápida quanto a de um tornado, por exemplo, que acontece em minutos”, aponta Ana Avila, meteorologista e pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

De acordo com Sias, o aquecimento global tem contribuído para o surgimento de ciclones extratropicais atípicos, que podem se formar com mais rapidez e causar impacto maior.

Elementos como o fenômeno El Niño, que aumentam a umidade, acabam potencializando ainda mais a força das chuvas.

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Cidades litorâneas também devem sentir maiores impactos

Há risco de alagamentos, deslizamentos e enxurradas, assim como destelhamentos, danos nas redes elétricas e quedas de árvores e galhos.

Os riscos variam de acordo com a região e a intensidade com a qual o ciclone deve atuar. Por isso é importante sempre estar alerta às recomendações da Defesa Civil e outros órgãos competentes na sua cidade e Estado.

Em cidades ao sul do país, com maior risco de alagamentos, as recomendações dos órgãos competentes vão desde procurar abrigo seguro a não entrar em contato com águas.

Cidades litorâneas também devem sentir maiores impactos.

“Os ventos ficam mais fortes próximos ao mar, assim como as ondas, que podem chegar a quatro metros de altura. Por isso, é essencial que toda atividade marítima, como a pesca, seja cancelada”, explica Avila.