Em um trem lotado, Wang Chunfeng se sente feliz. Ele é um dos milhões de chineses que buscam recuperar o tempo perdido e viajam para comemorar este Ano Novo Lunar, depois de anos em que as restrições da pandemia da Covid-19 obrigaram-nos a se separarem de suas famílias.
A China celebra neste sábado (21) o início do Ano do Coelho, que marca o início do “Festival da Primavera” – a principal festa chinesa, que dura 40 dias.
Com o levantamento das restrições sanitárias, viajantes lotaram a estação de trem de Xangai para embarcar até a cidade de Wuhan, megalópole no centro da China onde os primeiros casos de covid-19 foram registrados.
“Temos uma grande reunião familiar amanhã”, disse emocionado Wang, um dono de fábrica de 40 anos.
Wang explicou que antes das restrições serem levantadas, viajar lhe causava problemas na escola onde seus filhos estudam.
“É a primeira vez em três anos que estaremos todos juntos”, acrescentou.
O fim da política “zero covid” significou o retorno a uma vida quase normal na China, apesar de os casos terem disparado em todo o país.
O presidente Xi Jinping manifestou sua preocupação com o impacto da doença nas áreas rurais neste feriado prolongado. Milhões de pessoas viajam de cidades com índices altos de contágios para o interior, onde a infraestrutura médica sofre com a falta de pessoal e de recursos.
Mas o clima no trem era de comemoração.
“Mal podemos esperar para ver nossos pais”, disse Li, uma mulher de 35 anos que viaja com seu marido e filho, planejando surpreender seus familiares.
Seu marido explicou que conseguir uma passagem foi “muito mais difícil do que no ano passado”.
O casal, dono de um restaurante perto de Xangai, foi obrigado a fazer a viagem de seis horas separadamente. Ambos informaram que seus parentes tiveram covid-19 recentemente, mas já se recuperaram.
Novas políticas e velhos costumes
Depois que o vírus foi detectado em Wuhan, os 11 milhões de habitantes desta cidade passaram o Ano Novo Lunar de 2020 em confinamento, uma restrição que os manteve isolados do resto do mundo durante 76 dias.
Nos anos que se seguiram, as restrições mudaram de um dia para o outro, e os testes impostos para viajar dentro da China dificultavam qualquer movimento.
Mas, desde que o governo anunciou repentinamente uma flexibilização da política draconiana de “zero covid”, em dezembro, as viagens internas se multiplicaram.
Todos os viajantes entrevistados pela AFP dentro do trem disseram ter contraído o vírus e se recuperado.
Mas há costumes antigos que se mantêm: um dos viajantes fez a viagem com uma roupa de proteção e outros decidiram usar escudos faciais.
Uma funcionária desinfetou o chão várias vezes e anúncios lembrando-os de que a epidemia não acabou foram repetidos nos alto-falantes.
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Fonte: Folha PE