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Tricolor, Jô Soares viu Maracanazzo, ensinou futebol a Pelé na TV e criticou Telê; recorde

O Brasil amanheceu mais triste nesta sexta-feira (5) com a notícia da morte do apresentador, humorista, ator e diretor Jô Soares. Torcedor fanático do Fluminense, Jô morreu de madrugada no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Muito ligado ao esporte, chegou a participar da Copa do Mundo de 2018.

Se ensinou Pelé a jogar futebol nos anos 1960 no histórico “Família Trapo“, da TV Record, ao lado de Ronald Golias, com o tempo, Jô deixou o clubismo exacerbado de lado e sempre fez piadas com seu próprio clube do coração. Mas sem deixar de lado sua paixão e as críticas ácidas.

“Não fui eu que me afastei do Fluminense, foi o Fluminense que se afastou da gente, porque não dá para torcer por um time que de repente pinta um jogador como o Gustavo Scarpa e não sei nem que fim levou. Eu gosto mais de futebol do que do clube. O que posso fazer, não é culpa minha?”, declarou, em entrevista ao “Bola da Vez”, da ESPN, em 2018.

Em 1995, no dia seguinte ao gol de barriga de Renato Gaúcho, que deu ao Flu o título estadual sobre o arquirrival Flamengo no ano de seu centenário, Jô abriu seu programa, ainda no SBT, de costas para a câmera, até se virar segurando uma camisa do Fluminense. Na mesma semana, levou o herói do título ao talk show, e ainda provocou o astro rival: “Alguém aí viu o Romário?”.

Em 2011, convidado ao programa, Fred dedicou vitória épica sobre o Argentinos Juniors a Jô, se desculpando por não ter aceito o convite em função da maratona de jogos. O apresentador agradeceu, e chamou o camisa 9 de novo para o talk show. Dois meses depois, o ídolo do Fluminense esteve no famoso sofá.

De lá para cá, Deco e Walter também foram convidados para o programa, com o Fluminense como principal assunto.

A relação com a Seleção

Nascido em 1938, no Rio de Janeiro, Jô Soares fazia piada que queria ser jogador de hóquei no gelo, mas sempre foi apaixonado por futebol. Tanto que, ainda criança, aos 12 anos, foi um dos 199.854 torcedores presentes ao Maracanazzo, a grande final da Copa do Mundo de 1950, como relatou em seu livro “A Copa que Ninguém Viu e a que Não Queremos Lembrar”, de 1994, sobre a primeira edição do Mundial no Brasil.

Ainda em 1982, quando a seleção brasileira comandada pelo também tricolor Telê Santana encantava o mundo, Jô Soares deu voz ao clamor popular com o personagem Zé da Galera, no programa “Viva o Gordo”, da TV Globo.

Os brasileiros, acostumados com um futebol ainda mais ofensivo, reclamavam da ausência de um ponta-direita no time. De um orelhão, ele ligou para Telê. “Bota ponta na seleção, Telê!”.

O personagem assinou também uma coluna especial na revista Placar, dias depois, em que mantinha o pedido. Em 1986, em entrevista à mesma publicação, voltou a chamar o técnico de teimoso, e criticou Toninho Cerezo e Dirceu. Jô queria uma chance para Muller e Careca atuarem juntos.

Em 2018, depois da Copa do Mundo, Jô antecipou o que viraria prática nos clubes brasileiros: a contratação de técnicos estrangeiros.

“Nunca houve um ciclo tão longo de predomínio do futebol europeu nas Copas. Como não há nada a aprender com isso? Precisamos dos técnicos deles. Eu aprendo todo dia. Saio na rua e sempre trago uma lição nova para casa. Descubro alguma coisa nova com pessoas na rua”, opinou.

No Twitter, o time se despediu do apresentador:

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Fonte: Folha PE

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