Os depoimentos das vítimas de importunação sexual ocorrida na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Zona Oeste do Recife, terminaram por volta das 19h35 na 1ª Delegacia de Polícia de Prevenção e Repressão aos Crimes Contra a Mulher, no bairro de Santo Amaro, no Recife. O homem suspeito pelo crime segue no local prestando depoimento na noite desta terça-feira (28).
A suspeita é de que o homem tenha importunado duas estudantes de artes visuais e, em seguida, registrado imagens de uma estudante de educação física amamentando a filha em um seminário no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), nesta terça. O caso foi registrado como importunação sexual.
De acordo com a advogada das vítimas, Karoline do Monte, aparentemente o homem possui uma carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), porém ele não poderia estar exercendo a advocacia. Além disso, o suspeito, possivelmente, é de São Paulo.
“Aparentemente ele possui uma carteira da OAB e esse registro está baixado, mas ainda vai ser averiguado. Aparentemente o suspeito é de São Paulo, a gente ainda não tem informações a respeito do que ele está fazendo efetivamente aqui no Recife, mas está sendo tudo apurado e acolhido para que a investigação siga da melhor forma”, afirmou a advogada.
A advogada destacou que as três vítimas foram importunadas a partir de registro de imagens telefônicas e de perguntas inconvenientes com tom sexual.
“Uma dessas vítimas era uma mãe que estava amamentando a sua criança quando essa pessoa direcionou o telefone em sua direção levando a uma situação de constrangimento que foi comunicado. Isso aconteceu num ato de um seminário e isso foi comunicado aos responsáveis pela organização e também encerrado imediatamente e comunicado à segurança da universidade”, disse.
No caso das duas primeiras vítimas, existiu uma aproximação inconveniente por parte do suspeito, além de um olhar lascivo, uma postura agitada de desejo e perguntas que questionavam a postura das meninas, segundo a advogada.
“Chegou-se a perguntar: “Porque eu não poderia lhe assediar? Eu estou no meu direito, tendo em vista que você está em uma postura lasciva”. E não existia postura lasciva, ela estava em um momento entre aulas, comendo uma tapioca, conversando com os amigos. De alguma forma, ele achou que estava no direito de importuná-la. Ele estava de forma discreta, segurando o telefone, a partir da primeira abordagem até o final do contato, e saiu com um sentimento de impunidade, virando as costas depois e indo embora como se nada fosse acontecer, como se pudesse se resguardar atrás de uma carteira da OAB aparentemente baixada”, pontuou Karoline.
Ainda de acordo com a advogada, o relato da vítima em casos como esse é muito importante e difícil de ser feito.
“Infelizmente os tipos penais, o que consta na lei, não dá conta de cobrir tudo que uma mulher pode sofrer de violência. Essa violência não vem apenas de um ato visivelmente sexual, também não vem a partir de uma agressão física, mas palavras, desrespeito ao limite do não. Ele pode estar acontecendo e às vezes nem sempre a lei consegue assegurar”, disse.
Após o ocorrido, a segurança da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) colheu o relato e fez o primeiro acolhimento das vítimas. A partir disso, a Polícia Militar levou as mulheres e o suspeito para prestar depoimentos na delegacia.
“Existem muitas provas de relatos de vídeo, de outras pessoas também que vieram depor identificando o agente como também alguém que tenha cometido outros atos na faculdade no dia de hoje”, reiterou a advogada.
O aparelho celular do suspeito foi apreendido e, a partir da ordem judicial, será submetido à perícia. Porém, até o momento, isso ainda não foi feito.
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