Há fantasmas na vida que são difíceis de superar, e por mais que pareça que em algum momento possam ser batidos, eles teimam em reaparecer em ocasiões decisivas da vida. Essa é a relação que o Atlético de Madrid tem com o seu maior rival. Os Colchoneros até saíram vencendo, em confronto válido pela quartas da Copa do Rei. Mas o Real Madrid, mais uma vez, deu a volta por cima, vencendo de virada, por 3×1, no no Santiago Bernabéu.
Após um início de jogo bastante estudado, as primeiras jogadas de perigo do Real surgiram em erros da transição do Atlético. Vini Jr foi acionado acelerando contra a defesa aberta. Nas duas ocasiões que aconteceram Savic foi fundamental para interceptar o último passe antes da finalização.
O primeiro chute ao gol de fato só ocorreu aos 16 minutos. Angel Correa buscou arremate de fora da área, mas sem muitos sustos para Courtois. Na sequência, em belíssima jogada coletiva, Koke encontrou Molina com um passe por elevação, o lateral argentino cruzou rasteiro e Morata só precisou encostar para o fundo das redes no segundo pau, colocando os visitantes em vantagem.
O Real chegou pela primeira vez com um chute de fora da área de Valverde, mas Oblak não teve muita dificuldade para fazer a defesa no centro do gol. Nos minutos seguintes, a partida revelou um pouco mais sua face. Apesar de ter mais a posse de bola, os merengues encontravam um adversário bem postado atrás. Em contrapartida, o Atlético conseguia encontrar espaços entres as linhas, tabelava entre elas e conseguia escapar das pressões blancas, principalmente pelo lado direito de ataque, onde se reuniam os campeões mundiais De Paul, Molina e Correa.
Aos 30 minutos, Militão perdeu chance incrível, em falta na lateral da área. Kross colocou a bola com bastante veneno, ela atravesou toda a extensão da grande área e encontrou a cabeça do zagueiro brasileiro que não conseguiu direcionar para o gol, a lançando por cima da meta.
Em seguida, o Atleti explorou o que deu certo no gol. De Paul encontrou Lemar atacando a lateral da grande área, o meia francês tentou achar Morata novamente para marcar, mas dessa vez a bola foi muito forte e passou para linha de fundo. Ainda na primeira etapa, Mendy sentiu uma contusão, que forçou Ancelotti a colocar Camavinga para fazer a lateral e lançar Ceballos para o meio.
O Real voltou apertando e buscando o empate, com uma postura mais intensa dentro de campo. Mas as chances não eram claras e os maiores perigos viam por meio da bola parada. Enquanto isso, o Atlético marcava com suas linhas bem baixas, ao estilo Simeone. Ainda assim, aos sete minutos da etapa final, Nacho chutou da quina da grande área, a bola passou na frente de todo mundo e ninguém de branco chegou para empurrar.
Aos 11 minutos, o Real teve sua melhor chance, Vini Jr recuperou bola no meio de campo, arrancou e serviu Benzema na entrada da área. O atual melhor do mundo chapou de canhota e obrigou Oblak a se esticar todo. No rebote, Vini ainda teve a chance, mas foi impedido pela defesa Colchonera.
Apenas aos 15 minutos da etapa complementar que o Atleti conseguiu chegar, novamente, pela direita. Correa pegou a sobra na entrada da área, mas o goleiro belga defendeu sem dificuldades. Ainda assim, o domínio dos blancos incomodava Simeone, que fez um câmbio tático, ao tirar Morata e colocar Witsel, um homem a mais no setor de meio campo.
Em jogada que surgiu de um escanteio curto, o Real entrou na área triangulando, até chegar nos pés de Benzema. O frânces finalizou no gol mas Savic estava mais uma vez na bola e inteceptou o chute. Em seguida, o Atlético teve contra-ataque que resultou numa falta na meia lua da grande área. Griezmann bateu com força no canto do goleiro, Courtois provou sua velocidade de reação e jogou para escanteio. No lance seguinte, De Paul pegou a sobra do esquinado e alçou a bola novamente na área. Witsel emendou uma bicicleta que passou ao lado da baliza.
Ambos os técnicos fizeram mudanças. Simeone trocou seus homens pensando em renovar o fôlego para os contra-ataques. Ancelotti mudou esquema, tirou Kross e acionou Asensio, colocando sua equipe num 4-2-4 (já havia colocado Rodrygo no lugar de Valverde). E nessa tentativa de pressão, Rodrygo fez bela jogada individual, entortou toda a defesa Rojiblanca e marcou de biquinho, aos 35 minutos do segundo tempo, recolando o marcador em igualdade.
Já nos acréscimos, uma das poucas jogadas trabalhadas do Atlético na última etapa regulamentar. Memphis Depay se associou com Griezamann na entrada da área, o holandês tentou finalização, mas o goleiro do Real apareceu bem para intervir.
Nos primeiros minutos do tempo extra seguiu aquilo que terminou no tempo regulamentar. Camavinga pelo lado esquerdo tinha liberdade para subir, atuava quase como um terceiro homem de meio campo. Por outro lado, Nacho sustentava pela direita. Era dessa forma que o Real apostava na velocidade e talento de Vini Jr por fora e Rodrygo mais por dentro.
Aos oito minutos do primeito tempo da prorrogação, Savic levou um cartão amarelo por se envolver numa discussão com Vini. Na sequência, o montenegrino fez falta em Camavinga e foi advertido pela segunda vez, saindo de campo mais cedo. Assim, mais espaço para o Real, que chegou a finalizar com Rüdiger de cabeça para a defesa de Oblak.
A pressão continuou e aos 13 minutos o Real Madrid virou a partida. Asensio fez jogada pela direita e cruzou na área, a bola passou por vários pés sem ser desviada, mas não pelo de Benzema que aproveitou a chance e empurrou para o gol, sem chances para o goleiro esloveno.
Com um a menos e em desvantagem no placar, o Atlético se viu obrigado a se lançar ao ataque. Aos cinco minutos do segundo tempo do tempo extra, Depay quase marca em sobra de escanteio. Em seguida, o holandês tomou a bola no campo de ataque, serviu Carrasco, mas o belga finalizou mal. Os colchoneros seguiram tentando e Memphis teve mais uma finalização na entrada da área para fora. E como o velho ditado diz, “quem não faz, leva”. Já na última volta do crônometro, Vinícius Jr arrancou pela esquerda, derrotou todos adversários, assim como fez com os insultos e ataques racistas e xenofóbicos que sofreu antes do jogo, e fechou o placar em 3×1.
Agora, o Real Madrid se junta ao Barcelona, Osasuna e Athletic Bilbao entre os quatro melhores times da Copa do Rei. As semifinais serão jogadas em partidas de ida e volta. E os confrontos serão definidos em sorteio. Para o Atlético, mais uma decepção na temporada, agora restando apenas o Campeonato Espanhol pela frente.
FICHA TÉCNICA
Real Madrid 3
Courtois; Nacho (Odriozola), Militão, Rudiger, Mendy (Ceballos); Kross (Asensio), Modric, Camavinga; Vini Jr, Valverde (Rodrygo) ((Martin*)) e Benzema.
Atlético de Madrid 1
Oblak; Reinildo, Hermoso, Savic, Molina; Koke (Saúl), De Paul (Kondogbia), Lemar (Carrasco); Correa (Memphis Depay), Griezmann (Barrios) e Morata (Witsel).
* Martin entrou no lugar de Rodrygo
Local: Santiago Bernabéu (Madrid/Espanha)
Árbitro: Cesar Soto Grado
Gols: Morata (aos 18 do 1º tempo), Rodrygo (aos 34 do 2º tempo), Benzema (aos 14 do 1º tempo da prorrogação) e Vini Jr (aos 15 do 2º tempo da prorrogação)
Cartões amarelos: De Paul, Reinildo, Hermoso, Savic e Koke (A); Ceballos e Vini Jr (R)
Cartão Vermelho: Savic (A)
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Fonte: Folha PE
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