Em suas primeiras declarações públicas durante viagem ao Canadá, o papa Francisco pediu perdão aos sobreviventes de abusos em internatos católicos para crianças indígenas.
“Lamento profundamente”, disse o papa, no terreno de um antigo internato em Maskwacis, perto de Edmonton.
Ele disse que seu pedido de desculpas é um primeiro passo e que uma “investigação séria” sobre os abusos deve ocorrer para que os traumas possam ser superados.
O pontífice está no Canadá para se desculpar pelo papel da Igreja nas escolas destinadas a converter crianças indígenas.
As escolas, financiadas pelo governo canadense, faziam parte de uma política que visou destruir as culturas indígenas.
O pedido de desculpas papal foi recebido com aplausos dos sobreviventes na plateia, alguns dos quais viajaram de longe para ouvir o papa falar.
‘Peregrinação de penitência’
Francisco expressou “tristeza, indignação e vergonha” pelas ações de membros da Igreja Católica Romana, que administravam a maioria dos internatos no Canadá.
O papa, de 85 anos, chamou o sistema escolar de um “erro desastroso” e pediu perdão “pelo mal cometido por tantos cristãos” contra os povos indígenas.
Também estiveram presentes ao evento o primeiro-ministro Justin Trudeau e a governadora-geral Mary Simon, primeira indígena a ocupar o cargo — cuja função é representar a rainha Elizabeth 2ª no país, já que a monarca é a chefe de Estado do Canadá, uma monarquia constitucional.
Antes de seus comentários, o papa se reuniu em privado com líderes na igreja local e liderou uma oração silenciosa no Cemitério Ermineskin Cree Nation, onde há túmulos identificados — e provavelmente outros não identificados — de estudantes dos internatos.
O antigo local do Internato Ermineskin, um dos maiores do Canadá, é a primeira parada do papa em sua viagem — que o pontífice chamou de “uma peregrinação de penitência”.
Muitos pediram ao papa que se desculpe pelo papel que a Igreja Católica desempenhou na operação de até 70% os internatos no Canadá.
As escolas funcionaram a partir da década de 1870, sendo que a última foi fechada em 1996. Nesse período, cerca de 150 mil crianças das Primeiras Nações, Métis e Inuit foram retiradas de suas casas e internadas nessas instituições.
As declarações do papa nesta segunda-feira (25/7) acontecem após um pedido de desculpas histórico feito em abril a uma delegação indígena no Vaticano, na ocasião, Francisco declarou que os internatos lhe eram motivo de “dor e vergonha”.
O pedido de desculpas foi bem recebido pelos líderes indígenas, mas alguns pediram ao papa que tome uma atitude.
Ainda em Edmonton, o papa visitará a Igreja do Sagrado Coração dos Primeiros Povos, a primeira paróquia nacional dos povos indígenas do Canadá.
Ele deve fazer outros comentários públicos sobre o tema ao longo de sua viagem.
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