Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Tela capturada de um vídeo mostra a libertação de reféns israelenses em meio à pausa humanitária de quatro dias na Cidade de Gaza em 26 de novembro. Israel libertou prisioneiros palestinos em troca

A trégua entre Israel e o Hamas chega a seu terceiro dia enquanto o governo israelense espera que mais reféns sejam libertados ao longo deste domingo (26/11) em troca da soltura de mais prisioneiros palestinos.

O governo de Israel recebeu uma lista com os nomes daqueles que devem deixar o cativeiro, e seus parentes já foram informados. Os horários da troca ainda não foram confirmados.

Enquanto isso, há expectativa de que mais ajuda humanitaria entrará em Gaza, à medida que uma crise humanitária continua, e muitos esperam uma prorrogação da trégua.

O acordo, que foi mediado pelo Catar, prevê que 50 israelenses — apenas mulheres e crianças — sejam libertados ao longo dos quatro dias. Do outro lado, Israel deve liberar 150 cidadãos palestinos (também mulheres e menores de idade) que estavam presos.

Na última sexta-feira (24/11), o primeiro dia da trégua, o Hamas liberou os primeiros 24 reféns. Em troca, 39 palestinos foram liberados.

Outros 14 cidadãos tailandeses e um filipino também foram soltos pelo Hamas como parte de um acordo separado entre o Hamas e o governo egípcio.

A libertação dos reféns na última noite, no entanto, foi atrasada em algumas horas — o que gerou ansiedade nos israelenses que esperavam seus familiares e amigos voltarem para casa.

“O atraso na libertação dos reféns no sábado mostrou o quão delicada é a trégua entre Israel e o Hamas. Por horas, havia receios de que o acordo pudesse ruir”, escreve Hugo Bachega, correspondente da BBC no Oriente Médio reportando de Tel Aviv.

O Hamas acusou Israel de violar os termos do acordo, alegando problemas na entrega de ajuda ao norte da Faixa de Gaza e nos critérios de seleção para os prisioneiros palestinos trocados pelos reféns.

Na ocasião, o porta-voz do Hamas, Osama Hamdan, afirmou acreditar que os israelenses “não estão respondendo da maneira correta e positiva” desde o início da trégua temporária na sexta-feira.

Ele diz que o Hamas “pediu aos mediadores para fazerem os esforços necessários para cumprir tudo o que foi acordado… como permitir que os caminhões de ajuda alcancem a parte norte de Gaza”.

Mediadores do Egito e do Catar, países que ajudaram a intermediar o acordo, ajudaram a resolver o impasse.

Quem são os reféns israelenses que foram libertados

O governo de Israel divulgou o nome de de seus cidadãos que foram libertados – todos são mulheres, várias delas idosas, e crianças.

Na sexta-feira, foram libertados:

  • Adina Moshe, de 72 anos;
  • Família Asher: Aviv (2), Raz (4) e Doron Katz (34);
  • Channah Peri (79);
  • Família Aloni: Daniele (45) e Emilia (6);
  • Hanna Katzir (76);
  • Família Munder: Ruth (78); Keren(54); Ohad (9)
  • Margalit Mozes (77);
  • Yafa Adar (85).

No sábado, foram libertados:

  • A família Haran/Shoham: Shoshan Haran (67 anos), Adi (38), Nave (8), Yahal (3)
  • Família Or: Noam (16) e Alma (13)
  • Família Weiss: Shiri (53) e Noga (18)
  • Família Avigdori: Sharon (52) e Noam (12)
  • Outros: Hila Rotem Shoshani (12), Emily Hand (9), Maya Regev (21)

As identidades dos 14 estrangeiros tailandeses e um filipino que também foram libertados ainda não são conhecidas.

Crédito, Arquivo familiar

Legenda da foto,

Emily Hand foi uma das reféns soltas neste sábado

Do lado palestino, houve muita comoção entre familiares ao reencontrarem entes queridos que estavam detidos.

A BBC Árabe entrevistou Marah Bakeer, que estava presa, quando ela retornou à casa de sua mãe em Jerusalém. Bakeer foi presa em 2015, aos 16 anos, e condenada a oito anos e meio de prisão por um ataque com faca a um policial na fronteira.

Bakeer disse a jornalistas que aguardavam: “Este acordo ocorre após a morte de muitas pessoas, o que nos deixa infelizes e desconfortáveis.”

Ela afirmou ter sido mantida em confinamento solitário e não tinha “ideia do que estava acontecendo lá fora, nenhuma ideia sobre a situação em Gaza”.

“As notícias do acordo foram uma surpresa”, disse ela.

Ajuda humanitária em Gaza e violência na Cisjordânia

Hoje, 61 caminhões de ajuda também alcançaram o norte de Gaza, o maior número desde 7 de outubro. Eles incluíam alimentos, água e suprimentos médicos.

As pessoas têm esperado em filas para receber suprimentos de ajuda humanitária.

A ONU também confirmou que 129.000 litros de combustível entraram em Gaza no domingo (26/11).

Enquanto isso, cresce a tensao na Cisjordânia, que tem vivenciado um aumento da violência desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro.

Uma incursão israelense na cidade ocupada de Jenin, na Cisjordânia, durante noite de sábado para domingo. deixou cinco pessoas mortas.

Na manhã de domingo, pessoas marchavam nas ruas, algumas delas armadas, para os funerais de três homens que estão entre os mortos.

O exército israelense afirmou que estava realizando uma incursão para deter um palestino suspeito de envolvimento em uma emboscada que matou dois israelenses em agosto.

O Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas, afirma que mais de 230 palestinos, entre civis e combatentes, foram mortos por soldados e colonos israelenses.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Palestinos fazem fila em frente a um posto de gasolina para abastecer seus cilindros de cozinha após a chegada de 150 caminhões com suprimentos de ajuda à Faixa de Gaza pela primeira vez em 49 dias, como parte do início da pausa humanitária de 4 dias para troca de prisioneiros entre o exército israelense e o grupo palestino Hamas em Khan Yunis, Gaza

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Uma visão de escombros urbanos depois que as forças israelenses realizaram ataques aéreos em um campo de refugiados em Jenin, Cisjordânia, em 26 de novembro de 2023