Um ano depois de conquistar seu primeiro ATP 500 no Rio Open, o espanhol Carlos Alcaraz alcançou o topo do mundo e se tornou protagonista no circuito em momento de transição do Big Three (Federer, Nadal e Djokovic) para a nova geração. Com apenas 19 anos, ele ainda se espanta com a rápida ascensão, mas vem aprendendo a lidar com a fama e ganhando maturidade para tirar o melhor do seu jogo em quadra.
Um ano atrás você chegou ao Rio como promessa do tênis. Agora, é uma realidade. Como lida com o favoritismo?
Agora que sou um dos favoritos ou o favorito, a expectativa das pessoas para que eu ganhe é muito alta. Mas também posso aproveitar mais. Estou sempre acompanhado da minha família, da minha equipe, e isso me ajuda a me desconectar um pouquinho e me divertir. E, a partir daí, mostrar meu melhor jogo. São eles que me ajudam a estar bem na quadra, a ter esse bem estar. Isso é importante.
Com o favoritismo, mudou algo no seu jogo, na preparação?
Sigo fazendo exatamente as mesmas coisas. Claro que dentro da quadra estou melhor, ganhei mais experiência, sei manejar melhor o meu jogo. Mas fisicamente, a preparação para as partidas é exatamente a mesma.
Você é reconhecido pela força física e mental. Qual tem precisado trabalhar mais?
As duas coisas. Mas acredito que a parte mental é a mais importante, que tem que estar perfeita para aguentar a exigência da carreira de um tenista. Mas entendo que preciso trabalhar as duas por igual.
O que melhorou no seu jogo?
Mais do que melhorar o jogo, é ser um jogador mais experimentado em quadra. Agora sei gerenciar melhor certos momentos de um jogo. Afinal, uma partida de tênis se decide em detalhes de um jogador sobre o outro. Nos momentos difíceis, a experiência é um ponto muito importante. Neste último ano, ganhei muita e sei como passar por esses momentos.
No ano passado, seu objetivo era ser top- 10 e ir ao Finals. Foi nº1 e ganhou seu primeiro Grand Slam. Esperava que isso tudo acontecesse aos 19 anos?
A verdade é que não. A verdade é que tudo veio muito rápido. Trabalhei muito para conseguir meus sonhos, que era ganhar um Grand Slam, ser número 1 do mundo. É algo que, honestamente, não esperava agora.
Agora é se manter entre os melhores…
Agora sou o número 2, tinha claro que iriam me tirar de lá, mas vou tentar recuperá-lo (o posto de número 1 do mundo, hoje de Novak Djokovic). Tentar me manter muitas semanas como número 1 do mundo, ganhar alguns Grand Slams mais, ganhar mais títulos. Esse é o meu objetivo a cada ano.
Espera que sua geração vai assumir o protagonismo no ranking mundial nesta temporada? Ou Djokovic permanecerá no topo por mais tempo?
Isso não se sabe. Agora mesmo, há muitos jogadores que podem ser nº 1, ganhar Grand Slams. Mas Djokovic está aí há muito tempo, ganhou o Australian Open, está num nível altíssimo. Mas não se sabe daqui a uns meses ou daqui a uns anos quem estará lá, pois há muitos jogadores bons.
O que mudou em você após alcançar todos esses feitos?
Com o passar dos anos, fui crescendo, me tornei maior de idade, fui amadurecendo mais. Mas por ser mais conhecido do que antes não mudei a minha personalidade, minha forma de ser, forma de tratar as pessoas. Continuo sendo o mesmo garoto de sempre, gostando das mesmas coisas. Afinal, essa é a minha personalidade, não acredito que vou mudar.
Como lida com a fama?
Hoje em dia, com a internet, se sabe de tudo. Acredito que as pessoas que queiram saber de mim vão encontrar muito fácil. Mas lido de forma muito natural. Há muita gente que me conhece e me apoia também. Aqueles que me pedem uma foto, algo assim, são os que me animam nos jogos e isso me agrada muito. Isso não me incomoda.
Conseguiu aproveitar o Rio? O que fez?
Quando cheguei, fiz um passeio de helicóptero pelo Cristo Redentor, vi o Pão de Açúcar. Visitei esses dois monumentos, mais que isso não pude fazer por causa do início do torneio.
Volta ano que vem?
A princípio, sim. Temos que ver, pois é um ano cheio, com muitas coisas. Mas sempre estou encantado em voltar ao Rio. Me sinto muito querido aqui.
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Fonte: Folha PE