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Tempo de passagem

A Páscoa é a mais importante festa do calendário católico. Vem do hebraico Pessach (passagem). Simboliza, para os hebreus, a passagem da escravidão para a liberdade, em busca da Terra Prometida. Já para os cristãos é a passagem da condição de pecadores para a ressurreição e a vida eterna. Um tempo para refletir sobre a vida. Inclusive as relações entre o homem e os alimentos, em uma dimensão de fé. A religião, bom lembrar, nasceu com o próprio homem. Todas as civilizações tiveram deuses feitos à sua imagem e semelhança. Os deuses fenícios lutavam contra tudo e contra todos. Os gregos, não sabiam perdoar. Os egípcios, se vingavam de quem não lhes obedecia. Aos poucos, tudo foi mudando. Os muitos deuses (ao menos para o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo) acabaram um só – onisciente, onipresente, onipotente. Com a violência dos primeiros tempos convertida em justiça, compaixão, misericórdia, perdão, amor. A Bíblia dá testemunho dessa devoção pelo Deus em que hoje acreditamos. No Antigo Testamento, seguimos a caminhada religiosa do povo hebreu na opção por um Deus único. E, no Novo Testamento, encontramos a promessa de redenção para todos, a partir da misericórdia do Criador.


 

Os alimentos estão presentes, na Bíblia, por toda parte. Com a mesa ocupando, sempre, um espaço importante. Por ser lugar de união, de comunhão, de partilha. Foi em volta dela que Jesus explicitou “seu projeto, colocando os que não podiam estar juntos à volta da mesma mesa, preparando uma refeição igualitária para a multidão díspar de homens e mulheres” segundo dom Tolentino Mendonça (em A leitura infinita). Uma grande novidade, à época. “Não apenas gesto de ruptura, mas de afirmação de uma nova experiencia de Deus”. Em sua mesa ficaram juntos amigos e inimigos, mulheres e homens, ricos e mendigos, doentes e sãos, santos e pecadores. Juntando escribas, fariseus, publicanos e samaritanos. “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento” (Lc 5, 32), disse Ele. O encontro em volta da mesa era a oportunidade de uma transformação libertadora. A mesa foi então, a partir de Jesus, “uma espécie de fronteira simbólica que testemunha, para lá das diferenças uma possibilidade radical de comunhão”, ainda segundo dom Tolentino.  


 

É em volta da mesa que deveremos celebrar a Páscoa. Não apenas com receitas próprias dessa época – bacalhau, cordeiro, chocolate. Mas, sobretudo, fazendo dela uma mesa da Palavra, da Eucaristia, da caridade fraterna. Dividindo angustias, tristezas e sofrimentos, nesse tempo de pandemia. Seguindo verdadeiramente, os ensinamentos do Cristo.   A todos, e a cada um, desejo uma Páscoa de esperança.

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Fonte: Folha PE
Autor: Letícia Cavalcante

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