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Ministro da Defesa da China criticou EUA por comentários recentes sobre Taiwan

Semanas após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertar a China sobre Taiwan, o governo chinês fez sua declaração mais incisiva até agora sobre o tema, dizendo que “esmagaria resolutamente qualquer tentativa” de independência da ilha.

No domingo (12/6), o ministro da Defesa da China, general Wei Fenghe, acusou os EUA de apoiar a independência de Taiwan, dizendo que os americanos estavam “violando sua promessa em Taiwan” e “interferindo” nos assuntos da China.

“Vou deixar isso claro: se alguém ousar separar Taiwan da China, não hesitaremos em lutar. Vamos lutar a todo custo e vamos lutar até o fim. Esta é a única opção para a China”, disse o ministro durante o Diálogo Shangri-la, uma cúpula de segurança asiática realizada em Singapura.

Biden havia dito que a China estava “flertando com o perigo” ao pilotar seus aviões de guerra perto de Taiwan. O americano prometeu proteger a ilha militarmente caso ela seja atacada.

Taiwan, que se considera uma nação soberana, é historicamente reivindicada pela China. Já a China a considera uma província “rebelde”. Mas Taiwan tem nos EUA seu maior aliado. Uma lei americana determina que os EUA ajudem a ilha a se defender.

A escalada na retórica dos dois países ocorre em um momento em que a China envia cada vez mais aviões de guerra para a zona de defesa aérea de Taiwan, enquanto os EUA deslocam navios de guerra para as águas da ilha.

Os EUA e a China estão perto de um conflito militar?

Tensões maiores

Um grande temor é que uma guerra comece com a China invadindo Taiwan. O governo de Pequim disse no passado que pode retomar o controle da ilha à força, caso seja necessário.

Mas a maioria dos analistas diz que isso não é provável — pelo menos por enquanto.

Existe um debate entre especialistas sobre se a China tem capacidade militar para conseguir tomar Taiwan. A ilha tem aumentado consideravelmente suas defesas aéreas e marítimas.

Mas muitos concordam que até mesmo Pequim reconhece que essa medida seria cara e desastrosa, não apenas para a China, mas também para o restante do mundo.

“Há muita retórica, mas os chineses precisam ter muito cuidado se quiserem invadir Taiwan, especialmente neste momento tão perto da crise da Ucrânia. A economia chinesa está muito mais interconectada com a economia global do que a da Rússia”, diz William Choong, do Instituto de Estudos do Sudeste Asiático, um instituto de pesquisas ligado ao governo de Singapura.

A China tem consistentemente dito que busca “reunificação pacífica” com Taiwan — um argumento que o general Wei repetiu no domingo — e que só agiria caso enfrentasse uma provocação.

Um exemplo do que a China pode considerar como provocação seria Taiwan declarar formalmente a sua independência. Mas isso é algo que a presidente Tsai Ing-wen evita com bastante ênfase. Na visão dela, Taiwan já é um Estado soberano.

A maioria dos taiwaneses apoia essa posição — conhecida como “mantendo o status quo” — embora haja quem queira avançar rumo à independência.

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Presidente de Taiwan posou com lançador de foguetes antitanque em foto do governo que viralizou recentemente

Da mesma forma, os EUA estariam relutantes em se envolver em um conflito militar caro na Ásia e repetidamente sinalizaram que não querem a guerra.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, que também participou do Diálogo, disse em seu discurso que os EUA não apoiam a independência de Taiwan, nem querem “uma nova Guerra Fria”.

“Ambos os lados mantêm suas armas em Taiwan. Eles (EUA e China) precisam parecer fortes e não querem ser vistos como se estivessem recuando”, diz Collin Koh, pesquisador da Escola S Rajaratnam de Estudos Internacionais, em Singapura.

“Mas, ao mesmo tempo, eles estão muito cuidadosos sobre entrar em um conflito direto. Estão olhando para a retórica um do outro com olhos bem abertos, e ambos os lados estão tentando medir o risco.”

Um encontro entre Gen Wei e Austin no Diálogo Shangri-la foi visto como um sinal positivo, mostrando que ambos os lados querem mostrar que “ainda estão dispostos a sentar e conversar, chegar a um consenso, e que concordam em discordar”, assinala Koh.

Isso, disse o pesquisador, reduziria a possibilidade de erros de cálculo que resultariam em um conflito e a um “revigoramento geral do diálogo” — algo que estava faltando no governo de Donald Trump (2017-2021).

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Recentes comentários de Biden sobre Taiwan foram vistos por alguns como mudança de tom na política dos EUA

Apesar disso, analistas acreditam que China e EUA continuarão com tensa retórica no futuro próximo.

A China pode até intensificar sua “guerra de zona cinzenta” projetada para desgastar as forças militares e a paciência de Taiwan, enviando mais aviões de guerra e criando campanhas de desinformação, diz Ian Chong, especialista em China da Universidade Nacional de Singapura.

No passado, Taiwan acusou a China de criar campanhas de desinformação antes das eleições na ilha. Taiwan realizará importantes eleições no final do ano.

Pelo menos para os EUA e a China, “não há vontade política de mudar de posição” por enquanto, particularmente com eventos significativos no horizonte — as eleições de meio de mandato dos EUA em novembro e o 20º Congresso do Partido Comunista da China na segunda metade do ano, em que se espera que o presidente chinês Xi Jinping consolide ainda mais seu poder.

“O lado bom é que nenhuma das partes está disposta a aumentar as tensões”, diz Chong.

“Mas a não escalada não significa que chegaremos a um patamar melhor. Portanto, estamos todos presos nessa posição por um tempo.”

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