A Rússia anunciou neste sábado (29/10) a suspensão de sua participação no acordo internacional que permitiu à Ucrânia exportar grãos de seus portos no Mar Negro.
O anúncio ocorre horas depois de Moscou acusar a Ucrânia de um ataque “massivo” de drones contra sua frota naval do Mar Negro em Sebastopol, na península da Crimeia.
Segundo as autoridades russas, nove drones foram utilizados no suposto ataque, que teria danificado um navio.
A Ucrânia respondeu dizendo que a Rússia está “inventando ataques terroristas”.
Sem fornecer provas, a Rússia também acusou as tropas britânicas de estarem envolvidas no ataque e de terem participado das explosões de gasodutos russos no mês passado no Mar Báltico.
Em resposta, o Ministério da Defesa britânico disse que a Rússia estava “vendendo desinformação em uma escala épica”.
O Ministério da Defesa russo disse que os drones usados no ataque deste sábado tinham como alvo navios envolvidos no acordo para exportação de grãos.
Horas depois, um comunicado do Ministério das Relações Exteriores em Moscou dizia que “a Rússia não poderia garantir a segurança dos navios civis de carga seca participantes da ‘Iniciativa do Mar Negro’ e estava suspendendo sua implementação a partir de hoje por um período indefinido”.
Um porta-voz da ONU disse que a organização, que negociou o acordo com a Turquia, está em contato com Moscou, acrescentando que é “vital que todas as partes se abstenham de qualquer ação que coloque em risco a Iniciativa de Grãos do Mar Negro”.
Recentemente, a Rússia esteve envolvida no que autoridades dos EUA e da Ucrânia descrevem como uma campanha de desinformação, com alegações infundadas de que Kiev está preparando uma ‘bomba suja’ radioativa e mosquitos biológicos para ataques.
Um acordo elogiado
O acordo que viabilizou o “corredor de grãos” foi intermediado pelas Nações Unidas e pela Turquia em julho passado e permitiu à Ucrânia restaurar suas exportações de grãos do Mar Negro depois que a Rússia as bloqueou no início da invasão.
O tratado foi negociado pessoalmente pelo secretário-geral da ONU e foi saudado como uma grande vitória diplomática que ajudou a aliviar a crise dos preços dos alimentos.
No entanto, a Rússia reclamou que suas exportações continuam prejudicadas e sugeriu que não renovaria o acordo.
Nos últimos dias, Kiev acusou Moscou de desacelerar deliberadamente o fluxo de navios, criando uma fila de mais de 170 barcos na região.
Tensão na Crimeia
As acusações feitas pela Rússia seguem a retomada bem-sucedida das tropas ucranianas de territórios ocupados pelas forças russas desde o lançamento da invasão em 24 de fevereiro.
A Rússia respondeu lançando ataques em larga escala à infraestrutura ucraniana, particularmente à rede de energia do país.
A Crimeia foi anexada pela Rússia da Ucrânia em 2014 e é extremamente simbólica para o presidente russo, Vladimir Putin.
Nas últimas semanas, vários ataques atingiram a península, onde o exército russo construiu uma grande presença.
Sebastopol é a maior cidade da região e abriga a frota russa do Mar Negro.
Mikhail Razvozhaev, o governador da cidade empossado pela Rússia, disse que a Marinha russa repeliu o último ataque – o “mais massivo” na cidade desde fevereiro. Ele disse que todos os drones foram abatidos e nenhuma “infraestrutura civil” foi danificada.
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