A capital conquistou o título em 2021, agora será a sede do encontro brasileiro, que contará com representantes das outras 13 cidades, cuja produção cultural foi reconhecida e chancelada pela Unesco, nas mais diversas áreas, da gastronomia ao cinema. (Foto: Daniel Tavares/PCR)
Irmanadas por suas tradições culturais e vocações artísticas, as 14 cidades brasileiras declaradas criativas pela Unesco têm encontro marcado no Recife, no segundo semestre. A capital pernambucana, que alcançou o título internacional ao demonstrar sua profícua, diversificada e autêntica produção musical, em 2021, sediará, pela primeira vez, o E-Criativa, encontro nacional das Cidades Criativas da Unesco, no próximo mês de novembro.
Organizado e capitaneado pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, o congraçamento das criatividades nacionais acontecerá nos dias 7 e 8 daquele mês, reunindo representantes de todas as cidades brasileiras que integram a rede da Unesco: Belém (gastronomia), Belo Horizonte (gastronomia), Brasília (design), Campina Grande (artes midiáticas), Curitiba (design), Florianópolis (gastronomia), Fortaleza (design), João Pessoa (artesanato), Paraty (gastronomia), Penedo (cinema), Rio de Janeiro (literatura), Salvador (música) e Santos (cinema), além do próprio Recife (música).
Durante o evento, os representantes das cidades apresentarão e trocarão informações e experiências sobre suas produções culturais mais autênticas e as articulações, estratégias e ações desenvolvidas para celebrá-las e perpetuá-las.
O Recife já participou de 4 encontros como este, além de uma reunião internacional das cidades criativas, em Santos, estando o próximo agendado para julho, em Braga, Portugal. Na qualidade de anfitriã, a capital pernambucana terá, desta vez, a oportunidade de apresentar, in loco, algumas de suas mais características tradições musicais e culturais para seus pares criativos, que visitarão a cidade.
“O potencial da criatividade na construção de caminhos, soluções, possibilidades, é algo muito concreto, no mundo inteiro. Cidades reconhecem a força da economia criativa, apostam no fortalecimento da dinâmica que move esse imenso e diversificado segmento, uma cadeia produtiva que reinventa perspectivas. Se falamos de uma rede internacional de cidades criativas, chancelada pela Unesco, enxergamos uma troca de experiências que se conecta e promove reflexões e ações. É o que vamos fazer no Recife, no próximo E-Criativa, que reúne as cidades brasileiras integrantes desse coletivo. Pensar junto, encarar desafios e, criativamente, melhorar a vida das pessoas”, celebra o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello.
Sobre o título – Cidade que tem na música um de seus mais importantes pilares identitários, o Recife foi declarado Cidade Criativa da Música pela Unesco em novembro de 2021. O reconhecimento assegurou à capital pernambucana, palco para tantos acordes, a participação na rede formada por 295 cidades em 90 países, que tem por objetivo favorecer a cooperação e o fortalecimento da criatividade como fator estratégico de desenvolvimento sustentável, nos aspectos econômico, social, cultural ou ambiental.
A importante chancela foi resultado de um trabalho dedicado e coletivo, que envolveu poder público e diversos representantes e defensores dos mais variados estilos musicais recifenses, para formalizar, no tempo recorde de três meses, um dossiê de defesa da cidade e de sua criatividade musical, capaz de reunir e traduzir tantos e tão múltiplos talentos e raízes, experiências e experimentações, propostas e sonhos para um futuro ainda mais cheio de acordes que o passado e o presente.
A missão foi iniciada no primeiro semestre de 2021, quando a Secretaria de Cultura do Recife e a Assessoria Especial do Gabinete do Prefeito inscreveram a cidade para concorrer ao título. O relatório, elaborado a partir de escutas com vários artistas e produtores, foi encaminhado ao Ministério do Turismo e ao Itamaraty, que chancelaram a candidatura, no subsequente mês de junho daquele ano. O título internacional viria a se confirmar cinco meses depois, com a avaliação final da Unesco, na sede do organismo mundial, em Paris.
Desde então, o Recife, que nunca foi de fazer silêncio, tem assegurando cada vez mais alcance a suas tradições e reinvenções artísticas. Para além de suas célebres, democráticas e musicais festas de rua, realizadas para celebrar os principais ciclos, a exemplo do junino e natalino, bem como do grandioso Carnaval, quando a cidade vira palco para mais de 3 mil apresentações, entre shows, cortejos e brincadeiras populares, a capital pernambucana tem abraçado suas tradições por meio de políticas públicas culturais sistemáticas e cada vez mais amplas e efetivas.
Entre elas, estão leis novas e renovadas, como as que vão assegurar isenção de tributos municipais para agremiações da cultura popular; a Lei do Patrimônio Vivo, que prevê benefício vitalício para fazedores e defensores da cultura local; e o reformado e reanimado Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), que celebra e contempla rigorosamente todas as cenas culturais da cidade em editais anuais.
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