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A vida da rainha Elizabeth 2ª é repleta de solenidade e seriedade — um lado que nem todos conhecem é o senso de humor da monarca.

A rainha Elizabeth 2ª completa 96 anos de idade nesta quinta-feira (21/4).

“Rir das coisas tem sido uma importante técnica de sobrevivência”, diz o historiador da Família Real Robert Lacey.

E o humor aguçado da rainha tem sido uma válvula de escape vital para uma personalidade que vive uma vida pública tão rigidamente coreografada, em que muitas vezes é preciso permanecer séria.

“Ela obviamente leva seu trabalho a sério — mas, ao mesmo tempo, isso não a impede de ter um senso de humor”, diz Lacey.

Seu neto, o príncipe Harry, após a visita na semana passada ao Reino Unido, destacou o “grande senso de humor” de sua avó como sua melhor qualidade.

Boa imitadora

O historiador e autor Anthony Seldon diz: “Uma característica definidora é que ela não se leva muito a sério. Isso contribuiu significativamente para o sucesso de seu reinado.”

E ela não tem nada da “obsessão consigo mesma” que Seldon chama de “doença da idade”.

“Há uma falta de pompa, uma certa irreverência”, diz. “Ela é capaz de rir do infortúnio e seguir em frente.”

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A vida da rainha Elizabeth 2ª é repleta de solenidade e seriedade — um lado que nem todos conhecem é o senso de humor da monarca

Em privado, diz-se que a rainha é uma ótima imitadora, copiando sotaques e maneirismos, de acordo com Lacey, consultor histórico da série da Netflix The Crown.

Dizem que ela faz uma imitação muito boa do ex-líder russo Boris Yeltsin, segundo Karen Dolby, autora de Wicked Wit of Queen Elizabeth II (A Sagacidade Venenosa da Rainha Elizabeth 2ª, em tradução livre).

E ela imita outros políticos, religiosos e personagens de TV.

Lacey descreve o humor da rainha como muitas vezes “autodepreciativo e levemente tirando sarro de si mesma”.

Ele dá o exemplo de um político que ficou constrangido quando seu celular tocou durante uma conversa com a rainha. Depois que o telefone foi desligado, a rainha disse: “Espero que não tenha sido alguém importante”.

Humor discreto

Uma das histórias preferidas de Dolby foi quando a rainha encontrou por acidente alguns turistas americanos durante uma caminhada chuvosa com seu guarda-costa perto de sua casa em Balmoral.

Não reconhecendo a rainha Elizabeth 2ª, que estava com muitas roupas contra a chuva, os turistas perguntaram se ela já havia conhecido a rainha.

“Não, mas ele conheceu”, ela respondeu, apontando para seu guarda-costa.

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Dizem que a rainha faz imitações muito boas

Em outra viagem particular, fazendo compras em Norfolk, uma vendedora disse a ela: “Você se parece com a rainha”.

E dizem que a rainha respondeu: “Que animador”.

Existem diferentes versões dessas histórias — mas todas elas revelam um humor seco e discreto, e também um pouco enigmático.

Quebrando o gelo

O humor também é uma maneira útil de quebrar o gelo e diminuir a tensão quando as pessoas estão nervosas ao seu redor.

“Ela é rápida em detectar quando as pessoas não estão à vontade”, diz Sir Anthony.

“A capacidade de se divertir e de ver o lado engraçado da vida ajuda a mantê-la em contato com as pessoas.”

A rainha conheceu muitos comediantes, incluindo o galês Tommy Cooper, que, segundo Dolby, certa vez perguntou se ela gostava de futebol.

Quando ela disse que não se interessa muito, ele respondeu: “Nesse caso, posso ficar com os seus ingressos para a final da Copa da Inglaterra?”

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O riso é uma resposta extremamente importante a essas situações estressantes, afirma Audrey Tang, da Sociedade Britânica de Psicologia

Sobre programas de comédia de TV prediletos, o The Kumars at No. 42, da BBC, é considerado o favorito da rainha. A série mostrava a rotina de uma família indiana em Londres que tem um talk show produzido na sua casa.

Outros preferidos da rainha seriam Dad’s Army, Last of the Summer Wine e o falecido radialista Terry Wogan — todos considerados dentro do padrão britânico de humor.

Alívio compartilhado

A rainha esteve a vida inteira sob intenso escrutínio, sendo o foco principal de atenção nas cerimônias de alto nível.

E o riso é uma resposta extremamente importante a essas situações estressantes, afirma Audrey Tang, da Sociedade Britânica de Psicologia.

“É aquele gesto de alívio compartilhado”, diz ela.

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“Não nos levemos muito a sério”, disse a rainha em uma mensagem de Natal

O riso faz as pessoas se sentirem fisicamente melhor, liberando a tensão. É também uma “experiência de conexão”.

Dizem que a rainha e seu falecido marido, o príncipe Philip, tinham uma enorme capacidade de rir juntos.

Mas rir também tem as suas complicações. Quem nunca teve um ataque de risos na hora errada?

Essas “emoções inconsistentes” podem ser uma resposta natural e involuntária ao sentimento de estar sob pressão ou ao desejo de aliviar o estresse de um momento, diz Tang.

Dolby lembra de um episódio em que a rainha parecia estar tentando não rir em uma cerimônia formal de assinatura, depois que o primeiro-ministro do Canadá, Jean Chretien, arrancou a ponta de sua caneta e soltou um palavrão.

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A rainha foi fotografada rindo do caos causado por um enxame de abelhas

“Ela gosta do absurdo — e quando as coisas dão errado, é mais provável que ela se divirta mais do que se aborreça”, diz Anthony.

O fotógrafo Chris Young flagrou a rainha rindo muito quando um enxame de abelhas interrompeu uma revista de tropas no Castelo de Windsor, em 2003.

“Eu percebi que era um momento bem humano”, disse Young. “Ela estava rindo como uma garotinha.”

O príncipe de Gales e a duquesa da Cornualha também foram flagrados rindo sem controle durante uma performance de canto no Canadá.

Em sua mensagem de Natal de 1991, a rainha falou o que pensa.

“Não nos levemos muito a sério”, disse ela. “Nenhum de nós tem o monopólio da sabedoria.”

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