- Author, Annabelle Liang
- Role, Repórter de negócios da BBC News
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O engenheiro austríaco Gaston Glock, inventor da pistola Glock, morreu aos 94 anos de idade.
A empresa Glock declarou que o trabalho da vida do seu fundador “continuaria no seu espírito”.
A arma é empregada pelas forças armadas, profissionais de segurança, proprietários de pistolas e criminosos em todo o mundo.
Sua fama foi consolidada pela cultura pop americana e por aparições em produções de Hollywood, incluindo o filme de ficção científica Matrix Reloaded (2003).
Mas, apesar da popularidade da sua criação, Glock era descrito como um bilionário recluso, que passava a maior parte do tempo em uma propriedade em frente a um lago, na Áustria.
Ele raramente aparecia no noticiário. Suas únicas manchetes surgiram quando foi publicado um livro sobre sua empresa em 2012, após o divórcio da sua primeira esposa em 2011 e quando um sócio tentou assassiná-lo, no final dos anos 1990.
Neste último incidente, o assassino contratado – um lutador profissional – bateu na cabeça de Glock por sete vezes com um martelo de borracha, mas ele revidou e conseguiu nocautear o agressor. Glock tinha, na época, 70 anos de idade.
“Gaston Glock definiu os rumos estratégicos do Grupo Glock ao longo de toda a sua vida e o preparou para o futuro”, segundo a empresa.
A declaração acrescenta que seu líder “revolucionou o mundo das armas portáteis” e “conseguiu estabelecer com sucesso a marca Glock como líder global na indústria de pistolas”.
Gaston Glock nasceu em 1929. Ele estudou engenharia mecânica em uma faculdade de Viena, na Áustria. Posteriormente, ele fundou uma empresa de bens de consumo em uma pequena cidade fora da capital austríaca.
No início dos anos 1980, Glock entrou no ramo de suprimentos militares e atendeu à convocação do exército austríaco, que procurava atualizar suas pistolas.
Glock projetou e patenteou uma pistola automática leve de 9 milímetros, que podia disparar 18 rodadas e ser facilmente recarregada. A arma conquistou seguidores leais entre os militares e policiais em todo o mundo.
Para Paul Barrett, autor do livro Glock: The Rise of America’s Gun (Glock: a ascensão da pistola americana, em tradução livre), a arma se tornou “o Google das pistolas civis modernas: a marca pioneira que define sua categoria de produto”.
Em 2021, a revista Forbes estimou a fortuna pessoal de Glock em US$ 1,1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões).
A pistola Glock também conquistou seu lugar na cultura pop americana. Os rappers Snoop Dogg e Wu-Tang Clan incluíram a pistola em suas letras.
“Arranje uma Glock e se livre dessa pistola reluzente”, disse o ator Tommy Lee Jones no filme U. S. Marshals – Os Federais, de 1998. A arma também apareceu em O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas (2003) e em Matrix Reloaded.
Mas a pistola também causou controvérsias. Ao longo dos anos, os defensores do controle de armas criticaram Glock por popularizar uma pistola que pode ser escondida facilmente, portando mais munição do que as armas similares.
Em 2003, soldados americanos encontraram o ditador iraquiano Saddam Hussein (1937-2006) escondido com uma Glock em um buraco no solo.
Em 2018, um veterano dos fuzileiros navais dos Estados Unidos suspeito de apresentar problemas de saúde mental matou 12 pessoas em um bar lotado na Califórnia, incluindo um policial. O auto dos disparos, Ian David Long, era portador autorizado de uma pistola semiautomática Glock, com carregador estendido, o que é ilegal no Estado.
Glock raramente respondia às críticas dos defensores do controle de armas. Ele também se recusou a assinar, com outros fabricantes, um acordo de controle voluntário de armas com o governo americano no ano 2000.
Gaston Glock deixou esposa, uma filha e dois filhos.
Fonte: BBC
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