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Legenda da foto, Walz ganhou atenção nacional por sua estratégia de chamar Trump e JD Vance de ‘estranhos’

Segundo analistas, o ex-professor do ensino médio e técnico de futebol chamou a atenção dos democratas por seu estilo afável e capacidade de responder ao candidato republicano, Donald Trump, de maneira eficaz, mas sem parecer muito agressivo.

Embora Minnesota não seja considerado um estado decisivo, a expectativa da campanha de Kamala Harris é que Walz tenha apelo em estados-chave do meio-oeste americano, como Wisconsin e Michigan.

Walz, de 60 anos, é um democrata experiente que foi parlamentar por 12 anos no Congresso antes de se tornar governador de Minnesota em 2018.

A expectativa é que sua personalidade franca e o fato de vir de uma cidade pequena do Centro-Oeste dos Estados Unidos possa atrair eleitores independentes e conservadores.

‘Estranhos’

Walz também ganhou atenção nacional por sua estratégia de chamar Donald Trump e seu vice, JD Vance, de “estranhos”.

A frase “pegou” e viralizou, sendo utilizada posteriormente por vários democratas, incluindo Kamala Harris.

“Ele é apenas um cara estranho, esquisito”, disse Walz sobre Trump durante um evento de arrecadação de fundos.

O vice na chapa de Trump, senador J.D. Vance, foi anunciado em julho. Ele tem 39 anos e vem de uma família branca de classe trabalhadora, em sua maioria descendente de escoceses-irlandeses.

Técnico de futebol

Para além da carreira política, Walz traz para a campanha um currículo pessoal atraente numa eleição acirrada, em que é preciso conquistar votos de eleitores conservadores e manter a adesão de progressistas.

Walz foi professor de escola pública, treinador de futebol e membro da Guarda Nacional do Exército antes de concorrer a cargos eletivos.

Sua experiência política, representando um distrito de tendência republicana no Congresso e depois aprovando políticas de esquerda como governador de Minnesota, pode ter grande apelo em um momento em que a política americana está tão polarizada.

Nascido na zona rural de Nebraska, Walz passava os verões caçando e plantando, até se alistar na Guarda Nacional do Exército aos 17 anos. Ele serviria na força voluntária por 24 anos.

Seu pai, um administrador de escola pública, o encorajou a se juntar ao Exército antes de morrer devido a um câncer de pulmão, quando o Walz tinha 19 anos.

Em diversas ocasiões, já na carreira política, Walz destacou que os benefícios da Previdência Social sustentaram sua mãe e que o GI Bill, programa que ajuda veteranos a pagar pela educação de seus filhos, arcou com os custos de sua universidade.

Após se formar na faculdade, Walz assumiu um cargo de professor por um ano na China, na época do massacre da Praça da Paz Celestial.

Tempos depois, ele passou a lua de mel no país com a esposa Gwen Whipple, com quem tem dois filhos. Ao retornar da China ao Nebraska, Walz se tornou professor e técnico de futebol americano.

Algum tempo depois, continuou a carreira como professor e treinador em Minnesota, terra natal de sua esposa.

Como técnico do Mankato West High School, Walz ajudou a construir um programa de futebol americano que levou a escola ao seu primeiro campeonato estadual.

Na época, também se tornou conselheiro do corpo docente para a “aliança gay-hétero” da escola, num período em que a homossexualidade era amplamente desaprovada.

Carreira política

A entrada de Walz na política foi considerada um tanto acidental.

Em 2004, ele acompanhou dois de seus alunos a um comício da campanha de George W. Bush, mas as crianças — democratas usando adesivos de John Kerry — foram consideradas uma “ameaça ao presidente” e solicitadas a sair.

Irritado com o incidente, Walz se ofereceu como voluntário na campanha presidencial de Kerry, o que lhe rendeu os contatos que o levaram à sua primeira candidatura ao Congresso em 2006.

Ele concorreu em um distrito predominantemente agrícola que se estende pelo sul de Minnesota, que é bastante rural e de tendência republicana. Mas Walz fez campanha como um moderado que se importava com o serviço público e a defesa dos veteranos. Conseguiu uma reviravolta eleitoral e venceu a disputa. Depois disso, venceria a eleição para deputado mais cinco vezes.

Ao longo de seus 12 anos no Congresso, foi difícil identificar sua ideologia. Walz co-patrocinou medidas pró-trabalhistas, incluindo um projeto de lei para aumentar o salário mínimo, e apoiou um esforço malsucedido e ousado para reduzir as emissões de carbono no setor privado.

Mas ele também encontrou uma causa comum com os republicanos. Votou para continuar financiando as guerras no Iraque e no Afeganistão, apoiou uma verificação mais rigorosa para a entrada de refugiados nos EUA e tentou bloquear o resgate de bancos e montadoras da era Obama após a crise financeira de 2008.

Ele chegou a ser endossado pela poderosa Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla americana), de lobby pró-armas, que doou para sua campanha. Mas perdeu o apoio do NRA depois que se manifestou a favor da proibição de armas de assalto, após o atentado a tiros na escola Parkland, em 2018, em Miami.

Os republicanos criticaram duramente Walz por ser “lento” em mobilizar a Guarda Nacional, mesmo quando alguns protestos se tornaram violentos.

Mesmo assim, foi reeleito governador.

Seu segundo mandato foi um período movimentado, com os democratas controlando a legislatura estadual por apenas uma cadeira.

Os democratas consagraram direitos ao aborto no Estado, promulgaram licenças familiares e médicas remuneradas, fortaleceram leis para controle de armas, legalizaram a cannabis para uso recreativo, financiaram refeições escolares gratuitas universais e investiram em moradias populares.

A atividade frenética chamou a atenção do ex-presidente Barack Obama, que escreveu: “Se você precisa de um lembrete de que as eleições têm consequências, confira o que está acontecendo em Minnesota”.

Em grande parte desconhecido no cenário nacional, Walz ganhou visibilidade nas últimas semanas por suas frases ácidas sobre os republicanos, como citado no início da reportagem.

“Essas são pessoas estranhas”, disse recentemente à MSNBC, um rótulo que tem sido amplamente repetido. “Eles querem proibir livros. Eles querem estar na sala de exames do seu [médico]”.

Mas os republicanos foram rápidos em caracterizar sua gestão como governador de Minnesota como “radical demais” para os americanos comuns.

Tom Emmer, o terceiro republicano mais bem colocado na Câmara dos Representantes dos EUA, acusou Walz de tentar “transformar Minnesota no estado natal de Kamala Harris, a Califórnia”.

No entanto, aliados, incluindo lideranças democratas, acreditam que Walz pode ampliar o apelo de Kamala Harris junto a eleitores de zonas rurais e da classe trabalhadora.

Angie Craig, congressista democrata, classificou Walz como “um líder testado em batalha”. “É um vencedor, que nunca perdeu uma eleição em muitas disputas difíceis”, ela disse à BBC, ao defender Walz como a melhor escolha possível para a chapa democrata.

Candidata oficial

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Legenda da foto, Se derrotar Donald Trump, Kamala Harris será a primeira mulher presidente dos Estados Unidos

O Partido Democrata anunciou que 3.923 de seus delegados, 99% do total, planejam votar em Harris.

Se ela derrotar Donald Trump, será a primeira mulher presidente dos Estados Unidos.

Apesar do êxito em confirmar sua candidatura, Harris nem sempre contou com amplo apoio entre os democratas. Aliás, ela passou os últimos três anos e meio tentando aplacar seus críticos, depois de um começo de mandato problemático.

Seus defensores e detratores concordam que não é fácil desempenhar o cargo que ela ocupa.

O trabalho de vice muitas vezes se dá nos bastidores. Suas vitórias acabam sendo creditadas à presidência, enquanto erros e fracassos da Casa Branca caem na conta do vice.

Assim que tomou posse como vice-presidente, Harris precisou tomar para si algumas das tarefas mais complicadas do governo Biden, como a questão migratória, o direito ao aborto e a reforma eleitoral.

Nesta reportagem, você confere os principais desafios que Kamala Harris precisou enfrentar como vice-presidente dos Estados Unidos.

Kamala Harris foi pioneira em muitos aspectos. Ex-procuradora-geral da Califórnia, ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos e também a primeira pessoa afro-americana e de ascendência asiática a ocupar o cargo.