Governador da Flórida, o republicano Ron DeSantis lançou na quarta-feira (24/5) sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos.
DeSantis é considerado o principal rival do ex-presidente Donald Trump para ser o candidato do Partido Republicano nas eleições de 2024.
O lançamento da candidatura foi feito com uma entrevista ao bilionário Elon Musk, em uma entrevista transmitida ao vivo pelo Twitter. A transmissão sofreu com um problema técnico que gerou um atraso de 20 minutos.
“Estou concorrendo à presidência dos Estados Unidos para liderar o grande retorno dos Estados Unidos”, disse ele.
DeSantis é relativamente novo na política, tendo sido eleito pela primeira vez para a Câmara dos Representantes em 2012. Apenas seis anos depois, em 2018 — após uma tentativa fracassada de chegar ao Senado —, ele foi eleito governador da Flórida.
Como governador, ele trabalhou pela promulgação de leis que facilitam o porte de arma, restringem a educação sobre identidade de gênero em escolas e restringem o acesso ao aborto.
Ele diz que seu “Plano da Flórida” serve como guia para as políticas federais que pretende implementar, conduzindo os EUA a um caminho mais conservador.
Problemas técnicos
A equipe de DeSantis tentou transformar o problema técnico em uma vantagem política — afirmando que o lançamento da candidatura havia gerado tamanha comoção que o intenso fluxo de pessoas “quebrou a internet”.
Seu assessor de imprensa, Bryan Griffin, disse que o evento arrecadou US$ 1 milhão em uma hora.
Segundo a agência Reuters, o evento no Twitter atraiu mais de 600 mil espectadores, mas ao final havia menos de 300 mil pessoas conectadas.
Durante a conversa, DeSantis enfatizou seu conservadorismo, ressaltando que lidou com a crise da covid-19 combatendo medidas de lockdown.
Ele defendeu suas reformas no sistema educacional da Flórida, dizendo que seu Estado “escolheu fatos em vez de medo, educação em vez de doutrinação, lei e ordem em vez de tumultos e desordem”.
Após o evento no Twitter, em entrevista para a Fox News, DeSantis disse que pretende declarar emergência na fronteira sul do país no seu primeiro dia na Casa Branca. Ele também prometeu demitir o diretor do FBI, Christopher Wray, indicado por Trump, e cortar o que chamou de “políticas energéticas antiamericanas” do presidente Joe Biden.
Antes do lançamento da candidatura, ele havia divulgado um vídeo no qual diz: “Nossa fronteira é um desastre, o crime infesta nossas cidades… e o presidente se debate. Mas o declínio é uma escolha, o sucesso é alcançável, e vale a pena lutar pela liberdade.”
Trump ironizou o lançamento da candidatura de DeSantis com uma enxurrada de e-mails e postagens no Truth Social, a sua plataforma de mídia social.
Quando o governador da Flórida disse a Musk que estudaria a Constituição dos EUA para “ver quais botões posso apertar” para invocar a autoridade executiva, Trump escreveu: “‘Rob’ (sic), meu botão vermelho é maior, melhor, mais forte e está funcionando (VERDADE!), o seu não”, escreveu Trump.
A mais recente pesquisa, publicada na semana passada, coloca DeSantis em um distante segundo lugar atrás de Trump, com uma margem de 38 pontos.
Por meio de um longo processo eleitoral que começa no início do próximo ano, os eleitores republicanos decidirão qual candidato enfrentará o presidente Joe Biden, democrata, nas eleições gerais de novembro de 2024.
O poder legislativo da Flórida aprovou a possibilidade de DeSantis concorrer à Casa Branca sem precisar renunciar a seu cargo de governador.
DeSantis contará com enormes recursos financeiros em sua campanha. No final do mês passado, ele tinha US$ 88 milhões em um fundo que sobrou de sua campanha de reeleição na Flórida e que pode ser transferido para sua candidatura à Casa Branca.
Ele também teria cerca de US$ 30 milhões controlados por um comitê independente que seus aliados podem usar para apoiar sua campanha.
Trump, por outro lado, relatou um total de US$ 18,8 milhões em arrecadação de fundos nos primeiros três meses de 2023.
Espera-se que DeSantis contrate Generra Peck para atuar como coordenadora de campanha. Peck, a principal conselheira política de DeSantis, liderou a campanha de reeleição do governador em 2022, vencida com mais de 20 pontos percentuais de vantagem.
Sua campanha já está contratando pessoas em pelo menos 18 Estados, de acordo com reportagens da Associated Press e do New York Times.
Analistas dizem que Ron DeSantis se coloca como um conservador disposto a comprar brigas nas chamadas “guerras culturais”, em que as pautas de costumes e tradições da sociedade têm peso maior do que temas econômicos.
Um dos exemplos disso seria sua disputa política com a Disney. DeSantis acredita que os eleitores republicanos estão mais preocupados com valores conservadores do que com negócios e a economia.
A disputa política começou quando a Disney criticou uma lei da Flórida que restringia o que os professores podiam discutir nas salas de aula sobre sexualidade e identidade de gênero. A lei foi alvo de protestos de funcionários da Disney.
“Ele é o guerreiro cultural mais extremo”, diz Myra Adams, uma colunista e estrategista política da Flórida que trabalhou nas campanhas presidenciais republicanas em 2004 e 2008. “Ele sempre foi considerado conservador, mas essa foi uma escolha que ele fez porque ele acha que isso conquistará os eleitores de Trump.”
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