Não é só o Brasil que usa urnas eletrônicas para suas eleições.
Ao menos 20 países adotam ou já usaram alguma forma de voto eletrônico, em maior ou menor escala.
O Brasil, de fato, abraçou a tecnologia de forma mais ampla que muitos países.
Índia e Estados Unidos, por exemplo, usam urnas digitais, mas parcialmente. Nem todos os Estados americanos aderiram ao voto eletrônico. Na Europa, Bélgica e França usam em pequena escala.
Mas cada país usa um sistema diferente. A urna brasileira foi totalmente desenvolvida no país e é produzida em duas fábricas, em Ilhéus, na Bahia, e em Manaus, no Amazonas. Os chips são importados, mas passam por testes, são programados e soldados à placa mãe da urna no Brasil, sob supervisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo Julio Valente, secretário de Tecnologia da Informação do TSE, não faz sentido dizer que a urna eletrônica não é boa porque ela não é usada amplamente no estrangeiro.
“Isso é absolutamente incorreto. Cada país possui um sistema eleitoral que está de acordo com a sua cultura”, diz ele à BBC News Brasil.
O próprio presidente Jair Bolsonaro, crítico das urnas eletrônicas, já defendeu a informatizar a votação na década de 90, para evitar possibilidades de fraude nas cédulas.
Vale lembrar que o que impulsionou o uso da urna eletrônica no Brasil, há quase 30 anos – a primeira urna foi usada em 1996, foi a grande quantidade de fraudes com cédulas de papel.
“Chegava uma cédula em branco e se dava um jeito de, no momento de abrir a cédula, escrever alguma coisa, algum rabisco que já virava um voto. Tinha gente que botava até grafite embaixo da unha para abrir uma cédula em branco, aí já dava um rabisco de um número ali e já virava um voto, subtraia-se células… Quer dizer, era uma festa na questão de fraudes”, diz à BBC News Brasil Giuseppe Dutra, ex-secretário de tecnologia do TSE.
De fato, alguns países que usaram votação eletrônica no passado voltaram atrás e reintroduziram as cédulas de papel. Esse é o caso da Noruega, por exemplo.
No entanto, vale ressaltar que, no caso específico do país escandinavo, a votação não era feita por urnas, mas pela internet. A justificativa se deveu aos temores dos eleitores de que seus votos se tornassem públicos, o que poderia colocar em risco a democracia.
Testes com votação eletrônica foram feitos nas eleições local e nacional na Noruega em 2011 e 2013 — o objetivo era encorajar os mais jovens a votarem, mas sem sucesso.
Após ter testado diferentes sistemas de votação eletrônica e ter feito ampla consulta nacional, o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha resolveu, em 2009, manter o sistema manual e analógico de registro e contagem de votos devido à falta de confiança do público nos sistemas eletrônicos testados.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Você precisa fazer login para comentar.