Milhares de pessoas estão tentando deixar o leste da Ucrânia diante do aumento da ofensiva russa na região.
A região de Donbas, no leste ucraniano, é apontada como o foco atual das operações militares russas, à medida que estas recuam da região norte. Na madrugada desta sexta-feira (8/4), cidades em Donbas foram alvo de fortes bombardeios, forçando moradores a se abrigar em porões.
Acredita-se que mais de dez milhões de pessoas já tenham sido forçadas a abandonar suas casas na Ucrânia por causa da invasão russa, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Além das 4,2 milhões que fugiram para países vizinhos, estima-se que outras 6,5 milhões estejam desalojadas dentro do próprio país devastado pela guerra.
Para onde as pessoas estão fugindo dentro da Ucrânia?
A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, alertou a população em grande parte do leste do país para se retirar enquanto ainda é possível.
Segundo ela, quem vive nas cidades de Kharkiv, Donetsk e Luhansk deve tentar sair agora ou arriscar sua vida.
O dado de 10 milhões da ONU é baseado em uma pesquisa realizada pela Organização Internacional para as Migrações (OIM na sigla em inglês) entre 9 e 16 de março.
Das 2 mil pessoas desalojadas internamente que foram entrevistadas:
– quase 30% haviam saído de Kiev, mais de 36% fugiram do leste da Ucrânia e 20% se retiraram do norte;
– aproximadamente 40% estavam agora no oeste da Ucrânia, sendo menos de 3% em Kiev;
– apenas 5% deixaram suas casas se antecipando à invasão – a grande maioria fugiu no início da guerra ou quando o conflito chegou à sua região.
A OIM estima que mais da metade das pessoas desalojadas internamente sejam mulheres, e muitas são consideradas particularmente vulneráveis porque estão grávidas, têm alguma deficiência ou têm sido vítimas de violência.
O que está sendo feito em prol de quem foge dentro da Ucrânia?
A ONU, que está trabalhando junto a outras organizações para ajudar as pessoas na Ucrânia, diz que está oferecendo assistência humanitária “sempre que necessário e possível”. Isso inclui:
– dar dinheiro às pessoas para o básico, como comida e aluguel;
– entregar suprimentos de oeste para o leste, por exemplo alimentos e lonas para casas danificadas por bombardeios;
– fornecer camas dobráveis para pessoas em abrigos antiaéreos;
– criar pontos de recepção e trânsito para pessoas desalojadas internamente.
Oito ônibus escoltados pela Cruz Vermelha chegaram à cidade de Zaporizhzhia, transportando civis que fugiram de Mariupol e cidades vizinhas.
Estima-se que cerca de 12 milhões de pessoas estejam presas ou incapazes de deixar as áreas afetadas pelos combates.
Para onde os refugiados da Ucrânia vão?
Os refugiados também estão atravessando para países vizinhos a oeste, como Polônia, Romênia, Eslováquia, Hungria e Moldávia.
A ONU diz que até 5 de abril, mais de 4,2 milhões de pessoas haviam deixado a Ucrânia. Eis seus principais destinos nos países vizinhos:
– A Polônia recebeu 2.490.447 refugiados.
– Romênia: 654.825
– Moldávia: 399.039
– Hungria: 398.932
– Rússia: 350.632
– Eslováquia: 302.417
– Belarus: 17.317
Algumas pessoas viajaram da Moldávia para a Romênia e, portanto, estão incluídas nos totais de ambos os países.
Como os refugiados estão deixando a Ucrânia?
Os trens em direção à fronteira da Ucrânia estão lotados e há longas filas de veículos nas estradas que saem do país.
Para obter o status de refugiado, essas pessoas precisam ser cidadãos ucranianos ou estar legalmente na Ucrânia, como é o caso de estudantes estrangeiros.
Houve relatos de pessoas de países africanos sendo impedidas de deixar a Ucrânia.
Que ajuda os países estão oferecendo aos refugiados?
Nos países que fazem fronteira com a Ucrânia, os refugiados são levados para centros de acolhimento, caso não possam ficar com amigos ou parentes. Eles recebem alimentação e cuidados médicos, além de informações sobre futuras viagens.
A União Europeia concedeu aos ucranianos que fogem da guerra o direito de permanecer e trabalhar em seus 27 países-membros por até três anos.
Eles também vão receber assistência social e acesso a moradia, atendimento médico e matrícula em escolas.
O governo da Polônia, que recebeu o maior número de refugiados, disse que precisará de mais dinheiro do que a União Europeia está oferecendo atualmente para acolher o número de pessoas que chegam ao país.
A Moldávia, que tem de longe a maior concentração de refugiados per capita, também pediu ajuda internacional para lidar com o número de recém-chegados.
O Reino Unido lançou um programa de visto familiar para ucranianos que têm um membro da família imediato ou próximo no Reino Unido.
Depois que o governo britânico foi criticado pela lentidão e pelo baixo escopo de sua resposta, também lançou o programa Homes for Ukraine, sob o qual moradores do Reino Unido podem abrigar um indivíduo ou uma família sem pagar aluguel por pelo menos seis meses.
Os refugiados que chegarem ao pterritório britânico por meio desse programa vão poder viver e trabalhar no Reino Unido por até três anos e ter acesso a atendimento médico, assistência social e escolas.
Os anfitriões recebem £ 350 (R$ 2,1 mil) por mês, e não há limite de número de refugiados que podem vir para o Reino Unido.
No entanto, algumas famílias que se candidataram a patrocinadores reclamaram que o sistema é muito lento e complicado.
Até 31 de março, 29,2 mil vistos haviam sido emitidos por meio de ambos os programas, de um total de 65 mil solicitações.
Até 18 de março, o Brasil havia recebido 894 ucranianos, segundo informações divulgadas pela Polícia Federal à imprensa. Uma portaria do Ministério da Justiça prevê concessão de visto humanitário temporário para nacionais da Ucrânia e apátridas, que pode ser solicitado nas representações consulares brasileiras em países vizinhos da Ucrânia.
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