À medida que as nações europeias construíram impérios em todo o mundo, elas adquiriram muitos tesouros que agora estão expostos em seus museus.
Recentemente, alguns desses elementos foram contestados e devolvidos aos seus proprietários originais – incluindo os Bronzes do Benin e o Canhão de Kandy.
Já alguns outros itens são frágeis demais para serem devolvidos – como o cocar do rei asteca Montezuma.
O que são os Mármores de Elgin?
Os Mármores de Elgin – ou Esculturas do Partenon – são mais de 30 esculturas de pedra da Grécia Antiga mantidas no Museu Britânico e que datam de mais de 2.000 anos.
A maioria vem do Partenon de Atenas, um templo construído pelos antigos gregos no século V aC.
Algumas esculturas vieram do Tesouro de Atreu em Micenas, que foi construído entre 1300 e 1250 aC, o que indica que elas têm mais de 3.000 anos.
Os Mármores foram levados no início do século XIX pelo diplomata britânico, Lord Elgin, com a permissão do Império Otomano, que governava Atenas na época.
Elgin disse que as esculturas precisavam ser salvas de uma “destruição iminente e inevitável”.
Em 1816, o Parlamento Britânico decidiu que esse material tinha sido adquirido legalmente e mais tarde aprovou uma lei que tornava o Museu Britânico seu proprietário.
Os mármores de Elgin representam cerca de metade de todas as esculturas sobreviventes do Partenon. O resto está em Atenas.
Por que o Reino Unido não devolve os Mármores à Grécia?
Em 1983, a Grécia pediu formalmente pela primeira vez a devolução dos Mármores de Elgin. Porém, os britânicos recusaram o pedido.
Em 2009, foi construído um museu ao pé da Acrópole com espaço reservado para os artefatos levados pelo Reino Unido.
Recentemente, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, se recusou a se encontrar com o premiê grego, Kyriakos Mitsotakis, depois de Mitsotakis ter dito publicamente que os mármores de Elgin tinham sido “claramente roubados” e ter feito repetidos apelos para a devolução das peças.
O Reino Unido afirma que não há planos para devolver os Mármores à Grécia. E argumenta que quatro milhões de pessoas de todo o mundo veem essas esculturas todos os anos no Museu Britânico.
No entanto, os administradores do museu têm demonstrado que estão abertos a negociar a devolução temporária de algumas das esculturas a Atenas, em troca de outros artefatos antigos mantidos em museus gregos.
Quais museus estão devolvendo seus Bronzes do Benin?
Os Bronzes do Benin são milhares de esculturas, placas e entalhes em metal feitos entre os séculos XV e XIX.
Eles foram capturados pelas tropas britânicas em 1897, durante o saque da cidade de Benin, na atual Nigéria.
Muitos foram posteriormente leiloados em Londres e alguns foram comprados por colecionadores de todo o mundo.
A Comissão Nacional de Museus e Monumentos da Nigéria emitiu pedidos formais de repatriação dos bronzes para museus de todo o mundo.
Em novembro de 2022, o Museu Horniman de Londres concordou em entregar 72 itens, incluindo alguns Bronzes do Benin.
O diretor Nick Merriman disse que “não havia dúvida de que foram saqueados – então havia um argumento moral para sua devolução”.
No mês seguinte, a Universidade de Cambridge concordou em devolver 116 bronzes, e a Alemanha devolveu 22 bronzes que possuía.
A partir de 2026, os bronzes devolvidos serão exibidos no Museu Edo de Arte da África Ocidental, na cidade de Benin.
Mais bronzes permanecem nos arquivos de outros museus do Reino Unido, incluindo o Museu Britânico, que possui a maior coleção individual de cerca de 900 objetos.
O argumento para isso é de que a legislação do Museu Britânico de 1963 impede a sua devolução.
Quem está devolvendo o canhão de Kandy saqueado?
Em julho de 2023, o governo holandês disse que o Rijksmuseum, o museu nacional, devolveria o canhão cerimonial de Kandy ao Sri Lanka.
A peça havia sido saqueada pelas tropas da Companhia Holandesa das Índias Orientais em 1765, junto com outros cinco itens.
Por que o cocar de Montezuma não pode voltar para o México?
Durante anos, o governo do México fez lobby pela devolução de um cocar que se acredita ter pertencido ao rei asteca Montezuma.
Com quase 1 m de largura, é feito de mais de 450 penas verdes brilhantes e atualmente é mantido pelo Museu de Etnologia da capital austríaca, Viena.
Alguns acreditam que foi um presente de Montezuma ao conquistador espanhol do século XVI, Hernán Cortés. Outros argumentam que é um cocar usado pelos sacerdotes astecas da época.
O governo austríaco não estava disposto a deixá-lo retornar ao México porque a lei mexicana determinava que o objeto teria de permanecer no país para sempre, caso algum dia regressasse.
Em 2012, o México alterou as regras e a Áustria concordou em devolvê-lo temporariamente.
No entanto, os especialistas do museu concluíram então que transportar o cocar para o México danificaria irreparavelmente as penas.
Como “compensação”, o Museu Etnográfico de Viena oferece entrada gratuita a todos os cidadãos mexicanos que o visitem.
Fonte: BBC
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