No PT de Pernambuco, não há, hoje, qualquer simpatia por uma chapa que tenha o deputado federal André de Paula como candidato ao Senado. Nas coxias, já se admite que o movimento do PT nacional, nos últimos dias, parece vir se dando no sentido de fazer um aceno ao PSD em Pernambuco. Ainda assim, petistas locais rejeitam “apoiar uma chapa com perfil conservador”.
Falam, inclusive, que, se o PT nacional quiser apoiar o nome de André para a Casa Alta o faça, mas sem a benção do PT do local. Por essa lógica, se diz, em conversas reservadas, que, se Lula quiser fazer acordo com Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, ou se Gleisi Hoffmann quiser, que façam.
Isso não implica, no entanto, num consentimento da ala pernambucana.
“Aceitar bolsonarista para compor chapa e imaginar que isso vai contar com nosso apoio não faz sentido”, pontua uma fonte da sigla que prefere não se identificar.
Esse sentimento predominante, hoje, nas hostes petistas, faz as lideranças da sigla em Pernambuco também não enxergarem qualquer vantagem no fato de Kassab ter passado a sinalizar, nesta sexta-feira (22), que seu partido não mais terá candidatura própria à Presidência da República.
“Não muda em nada isso para a gente”, assinala uma fonte petista em reserva e afirma que o PT-PE não deve “ser fiador” de um acordo que teria sido feito pelo prefeito do Recife, João Campos, com André de Paula ainda na corrida eleitoral de 2020.
Prevalece, agora, no PT-PE, o seguinte entendimento: se, em última hipótese, só restar a vaga de vice a ser ofertada pelo PSB, nem o deputado federal Carlos Veras, nem a deputada estadual Teresa Leitão deverão estar à disposição para tal. Nesse caso, o PT estudaria indicar um outro nome e os dois seguiriam no projeto original de concorrer à Câmara Federal.
Indagada pela coluna, Teresa Leitão assinala o seguinte:
“A eleição será polarizada e uma candidatura ao Senado terá que enfrentar o bolsonarismo com muita coerência. Por isso não devemos e não queremos abrir mão dessa vaga do Senado até para contribuir mais com a majoritária. Sou pré-candidata a deputada federal e só deixo a pretensão se for escolhida para o Senado”.
Teresa confirma, assim, o que ganha eco nos bastidores. Sobre o movimento de Kassab de desistir de buscar uma candidatura própria ao Planalto, Teresa é sucinta e enfática: “Essa posição de Kassab não significa nada, porque ele nunca teve candidato para valer”.
“Está pior que tucano”
Ainda na avaliação da deputada Teresa Leitão, o que Gilberto Kassab está querendo ao sinalizar, agora, não mais terá candidatura própria é “se botar em cena”. “Essa notícia de hoje não muda nada, porque eles nunca tiveram um candidato a presidente pra valer”, avalia ela e sobe o tom: “Isso é ele querendo se botar nem cena. Hora nenhuma ele saiu do muro. Está pior que tucano”.
Mãos atadas > Gilberto Kassab tentou fazer o presidente o Senado, Rodrigo Pacheco, candidato do PSD ao Planalto, mas o mandatário declinou. Tentou, então, negociar com Eduardo Leite e também não vingou. Por último, trabalhou com a hipótese Paulo Hartung, ex-governador (ES), e também recebeu negativa.
Coreografia > Nos bastidores da Frente Popular, já não se nega que o PSB quer mesmo que o PT indique uma vice para André de Paula concorrer ao Senado. O fato de José Guimarães ter defendido, aos petistas locais, o nome de Teresa Leitão como relevante foi visto, inclusive, como o início de uma coreografia para tentar atender o PSB, que passaria por indicá-la para vice.
Porta-voz > Na XXIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, Silvio Costa Filho foi escolhido para falar sobre parcelamento previdenciário. Ele é autor da PEC 15/2021.
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Fonte: Folha PE
Autor: Renata Bezerra de Melo