Hoje o tema do nosso papo é polêmico e se você discorda dessa orientação, convido a sentar-se, pegar seu cafézinho e vim comigo nessa leitura.
Bem, se você tem acompanhado meus textos aqui, deve já ter compreendido que bater é algo que na educação positiva não praticamos.
Lembro, lá em 2014, quando foi sancionada a Lei Nº13.010, conhecida como Lei da Palmada, eu ter achado um absurdo. Estava na faculdade, não tinha filhos, não entendia sobre educar crianças e ao ver a notícia, reagi como as demais pessoas do meu ciclo: “O Estado quer interferir até dentro das nossas casas”.
Enfim, sempre apoiada no discurso, “bater forte não, mas uma palmadinha, um tapinha quando faz algo de errado, é educativo.”
Até que fui trabalhar com crianças e no contexto escolar, convivendo com elas, pude entender um outro lado da moeda, aquele que simplesmente nos esquecemos, como é ser criança e acreditar num mundo diferente do real.
Nós adultos, chegamos nessa fase da vida e já estamos de algum modo “calejados” por nossas dores, já vivemos decepções, traições, rupturas, fomos enganados e sofremos por isso.
E ao lidar com os comportamentos das crianças, projetamos nelas essas dores. Como assim Psico Gi? – Vou explicar:
Quando elas se comportam de uma forma que vai contra ao que queremos ou achamos ideal, automaticamente, associamos esse comportamento à uma dessas dores, como: “essa criança que me manipular”, ou “essa criança está se tornando alguém ruim”, quando na verdade, a criança nem sabe o que é manipulação ou o que é ser um marginal, um agressor, ou alguém ruim.
Simples, pergunte para a criança o que é amor e ela não saberá explicar sem relacionar à algo concreto, como um abraço, beijo, carinho. O mesmo acontece com os adjetivos. Em sua maioria, são todos Abstratos, são características que não são representadas por algo concreto e o cérebro da criança, não entende o que não é concreto.
Pergunte a ela o que é cadeira e ela saberá dizer sua função, mas pergunte a ela o que é manipulação e ela não saberá responder.
Isso nos faz entender que a criança não quer nos manipular quando se comporta mal, mas significa que aquele comportamento tem um significado para o adulto e outro para a criança e dependendo de qual comportamento for, é responsabilidade do adulto ajudar a criança a compreender as razões para não repeti-lo.
E é aqui que entra a razão do porquê não se deve bater para corrigir.
Imagine que você está no seu trabalho, você erra, deixa de entregar algo necessário e seu chefe lhe corrige com alguns tapas e retenção do seu salário por uns dias. Seria aceitável?
Ou em um momento de estresse, um amigo se zanga contigo falando coisas que não te agrada e você devolve batendo nele como meio de corrigi-lo, essa amizade seria saudável?
A cultura de bater na criança vem da visão onde a criança é alguém inferior, alguém que não tem força e recursos para devolver na mesma moeda. Mas socialmente, ocupamos papéis ora inferiores ora superiores e em nenhum deles, cabe o bater para corrigir.
Somos corrigidos a todo momento com as consequências das nossas atitudes, passe num radar com a velocidade acima e tomará uma multa, caso o financeiro seja algo que pese para você, você estará atento e respeitando as sinalizações, caso não, muito provavelmente você sofrerá outras infrações e não tomará isso como correção até outras consequências maiores lhe atingir.
O ponto é que, corrigir significa: “dar ou adquirir forma correta ou melhor a; pôr(-se) em bom estado; consertar(-se), endireitar(-se)” segundo o dicionário.
Veja, corrigir não contempla bater, mas contempla em seu significado consertar, dar forma correta, ou seja, quando houver um erro, mostrar a forma correta de se fazer.
As crianças vão errar, elas não nascem com o senso social pronto, ele é adquirido com o tempo e as experiências e por isso, vão agir conforme suas emoções, chorar, gritar, correr, subir, coisas de crianças e ao corrigi-las, precisamos mostrar a forma correta de como se comportar ou fazer e não bater, pois aí estamos ensinando que quando alguém errar, o que se deve fazer é agredi-la.
Outro ponto sobre o bater é que ele serve como “correção” da emoção do adulto, após bater na criança, o adulto sente-se aliviado em ter descontado nela sua frustração, quando a criança nem ao menos sabe o que te frustrou.
Por isso, a melhor maneira de corrigir a criança e qualquer outro adulto é por meio da Palavra. Expressar-se, nomear e também claro pelas consequências que cada ocasião gera naturalmente, como no exemplo do trabalho, a não entrega de algo necessário pode resultar numa advertência ou até numa demissão, mas nunca numa surra.
Percebem a diferença?
Se você quer aprender mais sobre Educar sem bater, me procure e eu te ajudarei nessa missão!
Bater é ferir a dignidade humana, ninguém gosta de ser ferido, machucado e mesmo que alguém tenha feito isso com você, saiba que você não mereceu. Você precisava aprender a fazer algo de outra maneira, assim como quem lhe agrediu, precisava aprender a corrigir seu erro de outra maneira!
Me siga para aprender mais!
Giovanna Almeida é Psicóloga, Mãe, Escritora e Educadora Parental
Contato: giovanna.psico10@gmail.com
Instagram: @gialmeida_psico
17/05/2023 às 09:28