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Contas de supermercado seguem altas nos EUA

A taxa de inflação nos Estados Unidos caiu para seu ritmo mais lento em mais de dois anos no mês passado, por influência da queda no preço de carros usados.

A inflação anualizada até junho subiu 3% — contra 4% em maio.

Os números sugerem que uma sucessão de aumentos nas taxas de juros segurou a disparada dos preços. No entanto, analistas ainda esperam que o Federal Reserve dos EUA, o banco central americano, aumente a taxa de juros novamente neste mês.

Brian Coulton, economista-chefe da Fitch Ratings, disse que a desaceleração da inflação nos EUA em junho foi “realmente apenas um pequeno passo na direção certa”.

“No contexto de um mercado de trabalho ainda apertado e crescimento salarial rígido, as recentes preocupações do Fed sobre a persistência da inflação não estão desaparecendo”, disse ele.

O aumento da inflação nos EUA em junho foi impulsionado pelo aumento dos custos de moradia, segundo o governo.

Em contraste, os preços de carros e caminhões usados ​​caíram — e também os de alimentos como carne de porco, leite e ovos.

Muitas famílias estão gastando mais no supermercado depois que a guerra na Ucrânia afetou o abastecimento global de alimentos.

Os números ressaltam o progresso relativamente rápido que os EUA fizeram na contenção dos aumentos de preços, especialmente em comparação com o Reino Unido, onde a inflação atingiu 8,7% no ano até maio, apesar de vários aumentos nas taxas de juros.

Danny Blanchflower, ex-membro do comitê de definição de taxas do Banco da Inglaterra e agora professor de economia em Dartmouth, disse que a economia dos EUA é mais ágil do que a do Reino Unido.

Ele disse que a economia britânica foi atingida pelo Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia), o que tornou mais difícil para as empresas mudar as cadeias de suprimentos para alternativas de custo mais baixo.

“Houve um choque da covid para todos e um choque de guerra para todos”, disse ele. “A questão aqui no Reino Unido é o que distingue o Reino Unido de qualquer outro lugar e eu diria que a resposta é o Brexit.”

Juros ainda altos

Nos EUA, o Federal Reserve elevou as taxas de juros de quase zero para 5% desde março de 2022, em uma tentativa de esfriar a economia e aliviar as pressões nos preços.

Os formuladores de políticas do Federal Reserve sinalizaram que provavelmente aumentarão as taxas novamente este mês e muitos esperam novos aumentos no final do ano.

As autoridades apontaram preocupações sobre o chamado núcleo da inflação. Essa medida elimina custos de alimentação e energia, que podem ter maiores variações mês a mês.

O núcleo da inflação tem mostrado sinais de estagnação em um ritmo que manteria a inflação acima da meta de 2%.

Mas os últimos dados oficiais dos EUA mostraram que o núcleo da inflação foi menor do que o esperado. Ele subiu apenas 0,2% entre maio e junho, o menor aumento desde agosto de 2021.

O núcleo da inflação desacelerou para 4,8% no ano até junho, ante 5,3% em 12 meses até maio.

As ações abriram em alta e o dólar caiu após o relatório, com os investidores apostando que isso sinalizava que o Fed seria capaz de parar de aumentar as taxas em breve.

Mas o empresário Paul Shmotolokha disse que sua empresa, a New Use Energy Solutions, com sede no Arizona, ainda está tendo dificuldades contra o efeito de aumentos de custos anteriores.

Paul disse que esses aumentos pressionaram sua empresa — que projeta e fabrica sistemas solares e de baterias — a aumentar os preços. Isso ocorre no momento em que o aumento do custo de vida significa que os clientes em potencial estão controlando seus gastos com mais cuidado.

“É uma boa notícia olhando para o futuro, mas não corrige toda a inflação que experimentamos nos últimos anos”, acrescentou. “Acho que é preciso mais um mês ou dois… para que as empresas respirem aliviadas.”