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Um estudo do site YouGov de 2014 concluiu que pelo menos um em cada cinco americanos chega atrasado ao trabalho pelo menos uma vez por semana

Você é uma dessas pessoas que chegam sempre atrasadas?

No mundo atual, onde tentamos fazer cada vez mais coisas, parece que todos estamos correndo contra o relógio.

Mas, embora estejamos na mesma corrida contra o tempo, existe um tipo de pessoa para quem parece que, simplesmente, chegar tarde não tem importância.

Um estudo do site YouGov de 2014 concluiu que pelo menos um em cada cinco americanos chega atrasado ao trabalho pelo menos uma vez por semana. E, aparentemente, os millennials (nascidos entre 1981 e 1995) são os menos pontuais.

O que estará acontecendo? Será que existem pessoas naturalmente “programadas” para chegar tarde aos seus compromissos?

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Pesquisas confirmam que algumas pessoas têm percepção do tempo diferente de outras

A escritora britânica Grace Pacie decidiu investigar por que ela própria sempre chegava atrasada aos locais que visitava e documentou suas conclusões no seu livro Late! A Timebender’s Guide to Why We Are Late and How We Can Change (“Atrasado! Guia para os que fazem dobrar o tempo sobre por que sempre chegamos tarde e como podemos mudar”, em tradução livre).

“Com relação às personalidades, existe uma curva em forma de sino”, conta a escritora. “Em uma extremidade da escala, estão os que chamo de ‘protetores do tempo’, que são ansiosos por chegar cedo.”

E, no outro extremo, estão os que, segundo Pacie, “fazem dobrar o tempo”. São os timebenders, em inglês – e a própria autora se inclui nesta categoria.

‘Dobrando’ o tempo

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Para os ‘timebenders’ (pessoas que ‘dobram’ o tempo), os minutos que passam parecem ter durações diferentes, dependendo da situação

“Nós, timebenders, não gostamos de rotina. Não gostamos das tarefas que já conhecemos e nos aborrecemos facilmente”, explica Pacie à BBC.

“Podemos nos concentrar muito bem quando temos interesse em algo e, se o tempo for curto, podemos trabalhar de forma muito eficiente”, ela conta.

Pacie explica que, para identificar os timebenders em um escritório, é preciso apenas procurar as mesas mais desarrumadas. “Nem terminamos algo, já estamos começando outra coisa.”

Mas por que aparentemente algumas pessoas têm esta característica mais marcada do que outras? A resposta pode estar em um traço muito específico da personalidade, segundo explica David Robson, autor do livro The Expectation Effect (“O efeito da expectativa”, em tradução livre).

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Ter o escritório desarrumado pode indicar problemas com pontualidade

‘Ser consciente’

Para Robson, chegar sempre atrasado tem relação com o nível de consciência, que é uma característica de personalidade.

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Enquanto algumas pessoas costumam se atrasar, outras fazem de tudo para não perder a hora

“Você pode medir esta característica com perguntas como ‘qual o seu nível de ordenação e organização?’ ou ‘essa pessoa é pontual?'”, explica o escritor à BBC.

Pacie também acredita que os timebenders vivenciam o tempo de forma diferente. Para ela, “temos uma percepção do tempo que é diferente da maioria das pessoas. Nem todos os minutos têm a mesma duração para nós”.

“O tempo pode acelerar ou desacelerar”, prossegue Pacie. “Podemos mergulhar totalmente em algo e perder completamente a noção do tempo. Por outro lado, se tivermos uma hora de dedicação, podemos trabalhar de forma muito eficaz.”

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No mundo atual, todos nós corremos contra o relógio – mas nem todos no mesmo ritmo

O que diz a ciência

Um estudo realizado em 2016 por psicólogos da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, concentrou-se exatamente em analisar a percepção do tempo pelas pessoas.

Em um dos experimentos, os participantes tinham um tempo determinado para terminar uma tarefa. Eles podiam até conferir o relógio. Mas as tarefas foram projetadas para que fossem fascinantes e distraíssem os participantes, de forma que não olhassem para o relógio.

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Pesquisadores usaram métodos para manter os participantes distraídos durante seus estudos

Os resultados foram claros. Algumas pessoas eram naturalmente melhores do que outras para estimar a passagem do tempo e usavam essa aptidão para planejar com eficácia o seu futuro.

Consequências

Pacie afirma que uma das conclusões mais surpreendentes (e possivelmente mais úteis) foi descobrir que os timebenders nem sempre chegam atrasados a todos os lugares.

“Podemos chegar a tempo quando nos interessa, ou seja, quando existem consequências para nós quando chegamos tarde”, explica a escritora.

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As pessoas que ‘dobram o tempo’ costumam chegar no horário para eventos com hora marcada, mas se atrasam em ocasiões sociais

“Os momentos em que mais esticamos o tempo são quando não existem datas ou horários limite e não há consequências, o que muitas vezes ocorre em eventos sociais”, segundo ela.

Pacie afirma que isso pode levar os timebenders a ter problemas com seus entes queridos, por darem a impressão de que há pouco interesse para ficar bem com eles.

“Acredito que é muito útil reconhecer o poder das horas e datas limite, que sejam reais, impostas e que tenham consequências”, acrescenta ela.

Existe solução

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Especialistas acreditam que a falta de pontualidade pode ser melhorada, da mesma forma que outras características que parecem incorrigíveis

Um dos maiores problemas encontrados por Robson para melhorar a pontualidade das pessoas é que elas acreditam que a impontualidade é uma parte indissociável da sua personalidade.

“Eles simplesmente consideram que é algo tão intrínseco aos seus genes e suas características que nem sequer tentam corrigir o comportamento”, segundo ele. “É assim que as narrativas que temos de nós mesmos podem se tornar uma profecia autorrealizável.”

E a ideia de que as características da personalidade não são permanentes – nem definidas ao nascer, mas sim podem ser moldadas – é um dos desenvolvimentos mais empolgantes da psicologia atual.

Robson afirma que, se quiser, qualquer pessoa pode se tornar mais consciente fazendo mudanças simples.

“Elas podem fazer coisas como um cronograma detalhado todos os dias ou reservar tempo para organizar seu escritório ou seu quarto, se estiverem desarrumados”, explica ele. “Coisas que sabemos que deixam as pessoas muito conscientes.”