Investigações policiais devem apontar se o presidente de uma ONG que foi preso em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, por favorecer a exploração sexual de adolescentes no local, que funcionava como um ponto de apoio para menores, também “testava” as jovens antes de colocá-las para fazerem “programas”.
É o que revelou o delegado Darlson Macedo, gestor do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), em coletiva de imprensa, nesta terça-feira (21), no Recife. “Isso ainda está sendo investigado, mas chegou até nós esse relato de que ele ‘experimentava’ as adolescentes, ele ‘testava’ numa casa de apoio que inclusive ele dizia que era onde residia e depois colocava as crianças nas festas”, explicou.
A prisão do homem, que não teve a identidade divulgada pela polícia, foi no último sábado (18), dia em que a Operação Pool Party foi deflagrada. O nome da ação, que em tradução literal para o português significa “Festa na Piscina”, faz alusão ao local dos crimes. Na ONG, ocorriam “festas” e havia uma piscina.
Os “clientes”, inclusive pagavam R$ 50 para entrar, além de acertar os valores dos “programas” com cada adolescente.
“Eles cobravam ingresso para permanecer no local, inclusive a gente encontrou bebida, cachaça, eles forneciam bebidas alcoólicas às crianças, encontramos também maconha no local”, completou o delegado Macedo, acrescentando que a polícia também apura se o presidente da ONG recebia percentual do valor que era acertado entre adolescentes e adultos pelos “programas”.
Para o delegado, o fato por si só já seria grave, mas a exploração ocorrer em uma ONG que deveria servir como local para o desenvolvimento de atividades assistenciais, ocupacionais e socioculturais para crianças e adolescentes é “estarrecedor”.
“O Ministério Público nos procurou pedindo que a gente aprofundasse a investigação. No dia da operação, a gente fez uma varredura bem detalhada na casa, apreendeu câmeras, imagens internas, eletrônicos e encontramos duas adolescentes no local, uma de 14 e uma de 17. Uma adolescente inclusive confirma o que havia lá”, continuou Darlson Macedo.
No dia da deflagração da operação, até crianças foram encontradas no local. A apuração deverá apontar se elas também seriam aliciadas para a exploração sexual. A polícia recolheu provas no local e dará sequência às investigações, que devem, inclusive, apontar novas vítimas e envolvidos. “Com o desdobramento, vamos descobrir novas vítimas e conseguir responsabilizar mais autores, que com certeza se associavam para cometer esses delitos”, finalizou o gestor do DPCA.
Além do presidente do espaço em Paulista, foram conduzidos para a delegacia seis adultos, sendo quatro homens e duas mulheres de 19 e 20 anos, e as duas adolescentes de 14 e 17 anos.
O responsável pelo centro de apoio foi autuado em flagrante pelos crimes de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável e fornecimento de bebida alcoólica a adolescente, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
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