Damares Alves discursa durante cerimônia no Palácio do Planalto em setembro de 2020. — Foto: REUTERS/Adriano Machado
A Polícia Civil e o Ministério Público do Pará (MPPA) pediram ao governo Bolsonaro provas sobre as alegações da ex-ministra Damares Alves sobre crimes na ilha de Marajó. Ela alega, sem provas, que crianças do Marajó são traficadas para o exterior e submetidas a mutilações corporais e a regimes alimentares que facilitam abusos sexuais.
O ofício foi enviado à atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto, nesta terça (11), “a fim de que os relatos sejam investigados e todas as providências cabíveis possam ser adotadas”, diz nota do MPPA.
A fala de Damares aconteceu durante um culto em uma Assembleia de Deus, em Goiânia (GO), no dia 8 de outubro. Na ocasião, a ex-ministra disse que os supostos crimes foram descobertos pela comitiva presidencial em uma visita ao Arquipélago do Marajó. Damares alegou ainda que o ministério tinha documentos sobre esses crimes.
“O Ministério Público do Estado do Pará solicita que seja encaminhada documentação existente nesse Ministério, no prazo de 05 dias, bem como eventuais esclarecimentos a respeito de medidas tomadas sobre os fatos alegados, a fim de que os relatos sejam investigados e todas as providências cabíveis adotadas”, diz o ofício do MP.
Ofício do Ministério Público do Pará que pede provas a governo Bolsonaro sobre acusações de Damares Alves de supostos crimes na Ilha do Marajó — Foto: Ministério Público do Pará
Os promotores que assinam o ofício afirmam não ter nenhuma denúncia ou prova sobre os supostos crimes narrados no vídeo.
O delegado-geral da Polícia Civil do Pará, Walter Resende de Almeida, também remeteu ofício ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos pedindo “com máxima urgência” os documentos, mídias e “tudo o mais que possa subsidiar o desenvolvimento dos necessários procedimentos investigatórios”.