Reprodução / Foto: MICHEL JESUS/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Governistas entram na tarde de hoje no plenário da Câmara com ampla vantagem sobre a oposição, na votação da PEC do Estado de Emergência – como preferem chamar os defensores da medida que promove a ampliação de programas de transferência de renda à população, ao custo estimado de R$ 41 bilhões. A aprovação é dada como certa e vista como passaporte do presidente Bolsonaro para o segundo turno.
A aposta é que a medida colabore para reverter o mau humor do eleitor afetado por dificuldades financeiras e ajude a cumprir a meta de conquistar pelo menos 10 milhões de votos no Sudeste – região decisiva para ambos os principais concorrentes ao Planalto. Vencer esta diferença que separa o líder nas pesquisas, o ex-presidente Lula, do segundo colocado, o presidente Bolsonaro, é considerado um desafio eleitoral de grande porte.
Uma vez aprovada a mudança na Constituição que permitirá o aumento do benefício do Auxílio Brasil para R$ 600 e a inclusão de 1,6 milhão de pessoas que aguardavam na fila pelo pagamento – medida de maior impacto entre todas as do pacote – as atenções se voltam para a capacidade de entrega da Caixa Econômica Federal.
Sob a gestão de Pedro Guimarães, a CEF cumpriu a missão com percalços e filas, no auge da pandemia. Mas o ex-presidente da Caixa deixou a expertise e os mecanismos tecnológicos azeitados para que a nova gestora, Daniella Marques, execute a tarefa. O pagamento aos novos beneficiários, no entanto, deve ocorrer apenas em agosto – reduzindo o impacto positivo pré-eleitoral da medida para apenas 2 meses, antes da ida às urnas.
Os mais céticos estão descrentes quanto à eficiência eleitoral da medida. Lembram que Bolsonaro lucrou pouco, politicamente, na última edição turbinada do Auxílio Brasil. A criação da ajuda financeira aos caminhoneiros, circunscrita à categoria, também teria impacto limitado no desempenho do presidente nas pesquisas , uma vez que estes profissionais já pertencem tradicionalmente à base de Bolsonaro.
Ainda assim PEC se torna o novo componente a ser aferido pelas pesquisas pelos próximos dois meses, uma vez que a oposição, que vem votando a favor da medida, perde a condição de questioná-la perante a Justiça, sob o argumento de que tal volume de transferência direta de renda a poucos meses da eleição desequilibraria a disputa.