Os aplicativos utilizados para a imersão são escolhidos individualmente, de acordo com o objetivo do tratamento de cada paciente. O sistema é usado para estimular aspectos sensoriais, motores e cognitivos das pessoas internadas. (Foto: Divulgação/PCR))
Referência no cuidado às pessoas a partir de 60 anos, o Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI), na Estância, também se consolida como modelo de assistência multidisciplinar. Para além dos recursos tradicionais, a tecnologia tem sido uma grande aliada durante o atendimento aos pacientes internados na unidade hospitalar. Os profissionais da equipe de terapia ocupacional lançaram mão da realidade virtual como recurso terapêutico.
Para utilizar os óculos de realidade virtual, é feita uma breve anamnese (entrevista realizada pelo profissional de saúde) para avaliar se o paciente possui algum déficit cognitivo grave, histórico de enxaqueca, labirintite ou epilepsia – condições para as quais o uso da realidade virtual é contraindicado. Os aplicativos utilizados para a imersão são escolhidos individualmente, de acordo com o objetivo do tratamento de cada paciente.
A ideia surgiu a partir do desejo de uma paciente, internada no HECPI por um longo período após sofrer um AVC, em retornar logo para casa. “Implantar os óculos de realidade virtual na rotina de tratamentos da unidade vem da vontade da equipe de trazer uma assistência diferenciada, inovadora e, ao mesmo tempo, de baixo custo”, afirma a coordenadora de Saúde funcional do HECPI, Cecília Prado.
A “paciente-inspiração” da equipe de terapia ocupacional apresentava sequelas motoras e de memória. “No entanto, ela sempre demonstrava a saudade que sentia de realizar atividades cotidianas, como fazer feira. Através disso, pensamos em possibilitar essa experiência através do metaverso, aproveitando para estimular a memória”, explica a terapeuta ocupacional da unidade hospitalar, Danyelle Lima.
O metaverso é um universo virtual que busca reproduzir o mundo real usando tecnologias como realidade virtual, realidade aumentada e internet. “No caso dessa paciente em específico, usamos um jogo de compras, onde ela entrou virtualmente no supermercado e escolheu os itens. Ao final, estimulamos a memória relembrando os produtos comprados e calculando o valor total das mercadorias”, completa.
A equipe de terapia ocupacional do HECPI utiliza o modelo de realidade que funciona conectado ao software de um smartphone. “A tecnologia funciona como recurso terapêutico para trabalhar diversas demandas que envolvem as atividades de vida diária. Além disso, estimula aspectos sensoriais, motores e cognitivos, buscando associar sempre à atividades significativas aos pacientes e, em alguns casos, em atendimento conjunto com a fisioterapia”, afirma Danyelle.
Pesquisadores apontam que a ludicidade dos recursos influenciam no engajamento da atividade e na melhora mais rápida do quadro clínico. “Já utilizamos aplicativos de futebol, por exemplo, para que o paciente realizasse o movimento de abaixar e levantar a cabeça, associando aos exercícios fonoaudiológicos. Outra opção foi a trilha com bicicleta associada ao cicloergômetro (pedal) para trabalhar a resistência e condição cardiopulmonar do paciente”, finaliza a terapeuta ocupacional.