A conquista do bicampeonato mundial de boxe por Bia Ferreira, em Nova Deli, na Índia, reforçou a posição da brasileira como o nome a ser batido na categoria 60kg e já a credencia como favorita ao ouro olímpico, em Paris-2024.
A baiana conquistou o seu segundo título ao derrotar a colombiana Angie Paola Valdez Pana por decisão unânime dos juízes. Esta foi a sua terceira final consecutiva, sendo campeã em 2019 e prata em 2022. Com a conquista deste domingo, chegou à impressionante marca de 37 pódios em 36 competições internacionais, sendo 31 ouros.
Atual líder do ranking mundial, Bia chegou à Índia como favorita. Além da final, fez outras três lutas e venceu todas por decisão unânime dos juízes. Ela se tornou a primeira brasileira, entre homens e mulheres, a ser bicampeã mundial de boxe (na versão amadora, que disputa o torneio olímpico). Ultrapassou Roseli Feitosa (2010) e Everton Lopes (2011), que têm uma conquista cada.
Não foi só Bia que saiu coroada da competição, reforçando que o país pode ter um bom desempenho nos Jogos de Paris. Esta edição registrou a melhor campanha da equipe feminina brasileira em Mundiais. O país também conquistou um bronze com Bárbara Santos (70kg). Jucielen Romeu (57kg) e Beatriz Soares (66kg) pararam nas quartas e ficaram a uma vitória da medalha. A seleção ainda contou com a participação de Caroline Almeida (50kg), Tatiana Chagas (54kg) e Viviane Pereira (75kg), eliminadas nas oitavas de final.
— É uma grande vitória para o boxe feminino, que está crescendo cada dia mais. A Confederação Brasileira fez um investimento muito pesado. Parabéns à Bia — disse o ex-lutador Acelino Freitas, o Popó.
O presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), Marcos Brito, descreveu Bia como “uma estrela” e “fora da curva”. Porém, ele frisou também o desempenho de Bárbara, que pode surpreender nos próximos campeonatos:
— Neste Mundial, além do ouro da Bia, tivemos a Bárbara, que ganhou bronze. Ela é uma atleta com pouca experiência. Com um pouco mais de rodagem, vai surpreender. Obviamente, Olimpíada é muito difícil. Mas essa meninada vem com vontade de ganhar.
O time brasileiro é comandando por Mateus Alves. A meta do treinador da seleção para Paris é, ao menos, repetir o desempenho de Tóquio-20. Nos Jogos japoneses, as equipes masculina e feminina do Brasil voltaram com um ouro (Herbert Conceição), uma prata (Bia Ferreira) e um bronze (Abner Teixeira).
— Nos Jogos de Tóquio tivemos uma campanha muito forte com uma equipe totalmente renovada se comparada a de 2016 e a de 2012. Eu ainda acho que temos muito o que ganhar com o boxe brasileiro. Tenho a meta de repetir em Paris o nosso desempenho de Tóquio — avisou Mateus Alves.
Ainda de acordo com o treinador da seleção brasileira, o boicote ao Mundial por parte de Estados Unidos e Irlanda não diminuiu a conquista de Bia Ferreira. Os dois países não competiram por divergências relacionadas ao conflito entre Rússia e Ucrânia (a Federação Internacional de Boxe é controlada por russos). E é deles que vêm as principais concorrentes da brasileira atualmente.
Comentarista de boxe dos canais esportivos da Disney, o jornalista Eduardo Ohata lembra que as adversárias americanas e irlandesas, mesmo que estivessem no Mundial, não estão no seu melhor momento da carreira. Por isso, também acredita em chances reais de pódio para Bia Ferreira nos Jogos Olímpicos de Paris.
— O boicote não influenciou. No Stranja, na Bulgária, o principal torneio internacional que precede o Mundial, a irlandesa que fez a final com a Bia em Tóquio lutou uma categoria de peso acima. E a americana apareceu com os dois joelhos enfaixados e perdeu na estreia para a chinesa que a Bia venceu na final do Stranja — salientou Daniel Ohata.
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Fonte: Folha PE