Já se passaram três dias desde que o policial militar, Guilherme Barros, assassinou a companheira Cláudia Gleice da Silva, no Cabo de Santo Agostinho, atirou contra colegas do 19º Batalhão da PM, na Zona Sul do Recife, e, em seguida, se matou. Mas muitas dúvidas ainda pairam no ar. Afinal, quais os motivos levaram o soldado a cometer tal atrocidade?
Em relação ao assassinato de Cláudia, o que a família da vítima conta é que Guilherme tinha muito ciúme da esposa. Eles estavam comprometidos há cinco meses e moravam juntos há, aproximadamente, 30 dias. Segundo relatos de pessoas próximas, foi a partir do momento de dividir o mesmo teto que a mulher de 33 anos e grávida de três meses passou a sofrer com agressões do companheiro até ser alvejada a tiros na casa da mãe, após resolver terminar o relacionamento.
No dia do sepultamento da filha, dona Gracilene Bernardes enfatizou não ter uma relação de proximidade com o ex-genro. “Eu mal falava com ele e ele também não falava comigo. Eu notei que ele estava fazendo minha filha infeliz. Já no final, ela me falou que estava sendo ameaçada. Que se terminasse com ele, ele a mataria”, contou. Procurada pela reportagem, a Polícia Civil, que investiga o crime, não deu um retorno até a publicação desta matéria.
O tio de Cláudia, José Marcos da Silva, 51, também detalhou não ter contato com o policial. Segundo o pintor industrial, Guilherme era muito “fechado”. “Ele não falava com quase ninguém, era um cara fechado, não tínhamos contato. Nunca falei com ele, e só fui na casa que os dois moravam para levar a geladeira deles para lá”, salientou.
No entanto, questionamentos maiores têm sido feitos sobre o fato de, após matar a companheira, Guilherme ter ido ao Batalhão onde trabalhava para atirar contra quatro colegas. Responsável pelo inquérito, a Polícia Militar segue investigando os motivos que levaram o soldado a cometer tal barbárie.
No ato, o tenente Wagner Souza faleceu. A major Aline Maria Lopes dos Prazeres chegou a ser socorrida, passou por procedimento cirúrgico, mas também foi a óbito. Baleado de raspão na cabeça, o sargento Maurino Uchoa recebeu alta no dia do ocorrido e já teria sido ouvido pelos investigadores. O cabo Paulo Rebelo, por sua vez, ferido no ombro, segue internado após passar por cirurgia e não tem previsão de alta.
Para tentar entender o comportamento do filho, a Folha de Pernambuco procurou o pai de Guilherme. Entretanto, abalado com a situação, ele optou por não conceder entrevista. Em declarações recentes, porém, o homem que preferiu não ser identificado pontuou que não tinha contato com o filho há três anos e não sabia o motivo dele ter se afastado. Disse, também, que não sabia que o soldado estava casado e detalhou que o homem de 27 anos era um rapaz calado.
Muito se fala que Guilherme sofria bullying dos colegas da polícia. Mas, até o momento, não há nada que comprove isso. Inclusive, após atirar contra a companheira, o PM teria obrigado um motorista de aplicativo, identificado como Beto, a levá-lo até o batalhão, com uma arma apontada para a sua cabeça durante o trajeto.
Na terça-feira, Beto foi à delegacia para prestar depoimento sobre o que passou e ouviu no trajeto de aproximadamente 30 km. “Ele (Guilherme) ligou para várias pessoas, dizendo que matou a mulher e que ia matar os inimigos. ‘Vou matar meus inimigos e vou me matar também, que eu não sou covarde’, falava. Dizia também que ia matar o meu cliente”, detalhou Cassandra Gusmão, advogada da vítima.
Ainda de acordo com a advogada, Beto teria pedido por sua vida e chegou a ouvir os disparos no batalhão logo após deixar o assassino no local. Depois de um período em choque, o motorista de aplicativo resolveu voltar ao local do atentado para tentar contribuir com as possíveis investigações do caso, com medo de ser confundido com um cúmplice de Guilherme.
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