- Author, Letícia Mori
- Role, Da BBC News Brasil em São Paulo
- Twitter, @_leticiamori
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Promthep tinha 17 anos e foi levado para o hospital no domingo após ter sido encontrado inconsciente em seu dormitório da escola de futebol onde estudava no condado de Leicestershire.
Ele era o capitão do time de futebol dos garotos que ficaram presos nas cavernas – eles se perderam e ficaram presos por duas semanas enquanto faziam uma viagem de exploração.
O rosto sorridente de Promthep após serem resgatados por um mergulhador é uma das imagens mais memoráveis do resgate.
Não está claro o que causou a morte do jovem, mas a polícia local diz que a morte não está sendo considerada suspeita. Relatos na imprensa tailandesa dizem que ele sofreu um ferimento na cabeça.
Em agosto do ano passado, seus companheiros de equipe se alegraram quando Promthep, que eles chamam de Dom, anunciou no Instagram que havia ganhado uma bolsa de estudos para ingressar na escola Brooke House College Football Academy, no Reino Unido.
“Hoje meu sonho se tornou realidade”, escreveu ele na época.
Seu carisma e popularidade foram destaque nas mensagens publicadas pelos colegas após sua morte.
“Você me disse que um dia eu veria você jogar pela seleção, sempre acreditenisso”, escreveu Prachak Sutham.
“Quando nos encontramos pela última vez antes de você partir para a Inglaterra, eu até disse brincando que, quando você voltasse, eu teria que pedir seu autógrafo. Durma bem, meu querido amigo. Nós 13 sempre estaremos juntos.”
Em junho de 2018, a história de Duangpetch Promthep, seus 11 colegas do time Wild Boars e do treinador da equipe prendeu a atenção do mundo.
Por mais de duas semanas, a vida da equipe esteve em risco enquanto uma equipe de mergulho tentava resgatá-los em uma caverna, a Tham Luang.
Os garotos tinham ido passear de bicicleta no local e explorar a caverna quando uma tempestado inundou o local e os deixou presos.
Eles passaram nove dias na escuridão e sem comida – enquanto uma busca desesperada envolvendo cerca de 10 mil pessoas acontecia.
Eles foram encontrados por mergulhadores, que enviaram comida e cartas de suas famílias enquanto planejavam o resgate.
Enquanto o mundo assistia, os 12 jogadores e seu treinador foram sedados e retirados da caverna um por um.
Para os meninos – que tinham entre 11 e 16 anos – o resgate marcou o início de um novo desafio: lidar com a atenção da mídia mundial.
Em 2019, os jogadores aceitaram participar de uma série de documentários da Netflix intermediada pelo governo tailandês, que fechou um acordo que renderia US$ 94 mil (R$ 489 mil) para cada família.
A série foi disponibilizada no serviço no ano passado. Um filme estrelado por Colin Farrell, Treze Vidas, também foi lançado em 2022.
No ano passado, Chanin “Titan” Wibunrungrueang – o mais novo dos meninos – disse à BBC que achou um desafio lidar com toda a atenção recebida pós-resgate.
“No começo foi muito difícil, tive que me ajustar”, disse ele. “Muitas pessoas me conheciam e eu não sabia como agir… Ficava tenso quando estava na frente da câmera ou sendo entrevistado.”
Hoje, quatro anos depois, Titan ainda joga futebol em um time dirigido por Ekkapol Chantawong – o treinador que ficou preso na caverna com os meninos.
Chantawong tinha apenas 25 anos na época. Ex-monge, ele ajudou os meninos a manter a calma e minimizar o ar que consumiam, ensinando-lhes truques de meditação.
No momento do resgate, Chantawong e três de seus jogadores – incluindo Monkol Boonpiam, o último menino resgatado da caverna – não tinham cidadania tailandesa apesar de terem nascido no país.
Eles receberam cidadania tailandesa plena nos meses que se seguiram.
Após o episódio, Chantawong montou uma escola de futebol para ajudar as crianças tailandesas a atingir seu potencial.
“Estou muito orgulhoso porque algumas das crianças atingem seus objetivos”, disse ele à BBC em julho. “Alguns deles querem ser jogadores profissionais de futebol e jogar no mais alto nível.”
Mas ele acrescentou que, para outros, ele estava lá para fornecer uma atividade enquanto eles “estudavam e completavam seus estudos”.
Outro jovem membro do time – que também não tinha cidadania tailandesa – é Adul Sam-On.
O único membro do grupo que falava inglês, Adul cumprimentou a equipe internacional de mergulho quando eles entraram na caverna e transmitiu as instruções a seus companheiros de equipe.
No ano passado, o New York Times informou que Adul – que fala cinco idiomas – estava estudando em Nova York com uma bolsa integral.
Seu tio-avô e tutor, Go Shin Maung, disse ao jornal que seu sobrinho queria trabalhar para a ONU.
“Os meninos estão seguindo seus próprios caminhos”, disse Go ao jornal. “Alguns continuarão seus estudos e alguns seguirão o futebol. Eles ainda conversam e trocam mensagens, compartilhando suas experiências.”
De acordo com seu Instagram, Phonchai Khamluang – um dos companheiros de equipe de Adul – chegou a jogar futebol profissionalmente no Chiangrai Lanna, da terceira divisão tailandesa.
E vários outros meninos ainda estão envolvidos no esporte em vários níveis. Assim como estava Duangpetch Promthep, que morreu nesta semana.
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