• James Gallagher
  • Correspondente de saúde e ciência da BBC

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

As consequências do calor extremo podem ser muito graves

Clima muito quente, falta de ventilação, roupas apertadas, exercícios rigorosos… Tudo isso contribui de alguma forma para o aumento da temperatura corporal. E, se esse fator não for controlado adequadamente, pode representar um sério risco à saúde.

A exaustão pelo calor acontece quando o corpo superaquece, geralmente durante atividades físicas em ambientes quentes.

Se a temperatura corporal ultrapassa os 40 °C, há uma perda da capacidade de se resfriar e podemos sofrer um quadro de insolação, que pode ser até fatal.

A seguir, você confere tudo o que precisa saber sobre os perigos do aumento da temperatura corporal para a nossa saúde.

À medida que o corpo fica mais quente, os vasos sanguíneos se dilatam. Isso leva a uma pressão arterial baixa e faz com que o coração trabalhe mais para conseguir empurrar o sangue através dos vasos sanguíneos.

Num primeiro momento, esse quadro pode causar sintomas leves, como irritação na pele com coceira ou pés inchados, pois os vasos sanguíneos se tornam mais permeáveis.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

A transpiração é o mecanismo do corpo para se refrescar

O corpo reage ao aumento da temperatura elevando o fluxo sanguíneo para a pele. Isso, por sua vez, “transfere” o calor de dentro do organismo para a superfície. Esse processo também está relacionado à produção acelerada de suor, que evapora e esfria o corpo.

Mas essa transpiração excessiva também leva à perda de líquidos e sais minerais, o que afeta o equilíbrio dessas substâncias.

Esses fatores, combinados com a redução da pressão arterial, podem levar à exaustão pelo calor. Os sintomas incluem:

  • Tontura
  • Náusea
  • Desmaio
  • Confusão
  • Câimbras
  • Dores de cabeça
  • Transpiração intensa
  • Cansaço

Se a pressão arterial cai muito, o risco de ataques cardíacos também aumenta.

Por que o corpo reage dessa forma?

Nosso organismo se esforça para manter uma temperatura central próxima dos 37,5 °C, seja em uma tempestade de neve ou durante uma onda de calor.

Essa é a temperatura ideal para o corpo trabalhar adequadamente.

Porém, à medida que o clima fica quente, nossas células precisam trabalhar mais para manter a temperatura central baixa.

É necessário então abrir mais os vasos sanguíneos perto da pele para dispersar o calor ao nosso redor e iniciar o processo de transpiração.

À medida que o suor evapora, há um aumento drástico do calor perdido pela pele.

Exaustão pelo calor

Se o corpo aquece e chega até os 39 ou 40 °C, o cérebro lança um comando para os músculos baixarem o ritmo. A fadiga se instala.

Entre 40 e 41 °C, a exaustão pelo calor é provável — acima dos 41 °C, o corpo começa a desligar.

Nesse estágio, os processos químicos são afetados, as células se deterioram e existe até o risco de falência múltipla de órgãos.

O corpo não pode nem suar neste momento porque o fluxo sanguíneo para a pele é interrompido, tornando-a fria e úmida.

A insolação — que pode ocorrer a qualquer temperatura acima dos 40 °C — requer ajuda médica profissional e, se não for tratada imediatamente, as chances de sobrevivência podem ser pequenas.

O melhor método de esfriar as pessoas que estão num estágio grave desses é mergulhá-las em água gelada ou aplicar compressas de gelo na virilha e nas axilas, onde as artérias mais importantes estão localizadas — mas tudo depende de quanto tempo o corpo está em uma temperatura elevada.

George Havenith, professor de fisiologia ambiental e ergonomia da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, diz que a umidade do ar é fundamental para determinar o quanto podemos suar.

Se a umidade está alta, nossa capacidade de suar é prejudicada, e isso aumenta o mal-estar.

Mas, se o clima estiver quente e seco, o suor pode ajudar.

“Podemos evaporar muita umidade através da pele — mas também temos que produzir o suor”, diz o professor.

“Isso significa ter a capacidade de transpirar rapidamente, mas as pessoas podem ser limitadas pela quantidade de suor que fabricam.”

Nesse sentido, alguém que corre a cerca de 15 km por hora em temperaturas de até 37 °C precisaria produzir quatro litros de suor por hora.

Sim, altas temperaturas podem provocar mortes.

A maior causa são ataques cardíacos e derrames causados ​​pelo esforço de tentar manter a temperatura corporal estável.

As evidências sugerem que as mortes tendem a ser causadas por temperaturas mais altas na primavera ou no início do verão, em vez do “pico do verão”.

As primeiras 24 horas de uma onda de calor, aliás, são as mais perigosas.

Isso pode acontecer porque começamos a mudar nosso comportamento diário à medida que o verão avança e nos acostumamos a lidar melhor com o calor — com ventiladores ligados e maior consumo de água, por exemplo.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

É importante manter-se hidratado em climas quentes

Quem tem mais risco?

Pessoas com mais de 60 anos ou portadores de algumas condições de longo prazo, como doenças cardíacas, podem diminuir a capacidade de lidar com a tensão que o calor coloca no corpo.

Enfermidades como o diabetes podem fazer com que o corpo perca água mais rapidamente. Além disso, algumas complicações próprias dessa doença alteram os vasos sanguíneos e a capacidade de transpirar.

Crianças e indivíduos com dificuldades de locomoção também podem ser mais vulneráveis. Doenças cerebrais, como a demência, deixam as pessoas sem consciência sobre o calor de momento ou as tornam incapazes de fazer algo a respeito.

As pessoas em situação de rua estão mais expostas ao sol. E aqueles que moram em apartamentos no último andar dos prédios também enfrentam temperaturas mais altas.

  • Se o corpo da pessoa acometida puder ser resfriado em cerca de meia hora, então a exaustão pelo calor normalmente não é tão grave.
  • O primeiro passo é movê-la para um local fresco e com sombra.
  • Depois, peça para ela deitar e deixar os pés ligeiramente elevados (com o apoio de algum objeto).
  • O próximo passo é beber bastante água. Isotônicos e bebidas esportivas também são boas opções.
  • Resfrie a pele da pessoa — borrife ou esfregue água fria.
  • Certifique-se de que o ambiente está arejado. Se possível, utilize ventiladores e leques.
  • Aplique compressas frias nas axilas ou no pescoço.
  • Se, depois de todas essas medidas, a pessoa não estiver melhor em 30 minutos, trata-se de um quadro de insolação.
  • Encare a situação como uma emergência médica e procure um pronto-socorro o mais rápido possível.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!