O que a atriz Gwyneth Paltrow disse ao homem que a processou?
Logo após ter sido considerada inocente por um acidente de esqui em 2016 em um resort no Estado americano de Utah, o juiz permitiu que Paltrow deixasse o tribunal antes da imprensa.
Enquanto caminhava rumo à saída, ela parou e sussurrou algo para o homem que a envolveu em uma odisseia legal de quase oito anos e um julgamento de duas semanas.
Terry Sanderson, um oftalmologista aposentado de 76 anos, foi considerado “100% responsável” pelo acidente.
Quando questionado sobre a breve conversa fora do tribunal, Sanderson prontamente forneceu a transcrição: “Suas palavras exatas foram ‘desejo-lhe o melhor’, foi tudo o que ela disse”, disse ele a repórteres.
“Eu respondi: ‘obrigado, querida’.”
Paltrow havia reivindicado uma compensação de US$ 1 (R$ 5,09) além de honorários advocatícios.
Dado que a conversa não foi captada pelos microfones do tribunal, talvez nunca saibamos ao certo o que foi dito.
Mas muitos usuários nas redes sociais tomaram a iniciativa de escrever seus próprios diálogos para um drama de tribunal que fascinou o país.
Alguns sugeriram a atriz havia sussurrado ameaçadoramente: “Você pode ficar com o dólar”.
Outros brincaram que ela chamaria a próxima vela de sua marca de bem-estar de “Total Vindication” (“Vindicação Total”, em tradução livre). Paltrow tem uma marca e empresa de bem-estar e estilo de vida, a Goop.
Eles também compartilharam a hashtag #Gwynnocent, uma combinação das palavras Gwyneth e innocent (“inocente”).
E, depois de sete anos no tribunal, também especularam que Paltrow e Sanderson estariam entrando em um período de “desconexão consciente”, uma referência a uma frase cunhada durante o divórcio da atriz do vocalista do Coldplay, Chris Martin.
Mas, para muitos, o caso se tornou mais um episódio de entretenimento envolvendo celebridades e tribunais nos EUA.
“Desejo felicidades a ambos. Obrigado por uma semana altamente divertida”, disse um usuário.
Entenda o caso
Paltrow foi considerada inocente por jurados devido a um acidente de esqui em 2016 em um resort no estado americano de Utah.
Terry Sanderson, um oftalmologista aposentado de 76 anos, disse que Paltrow colidiu com ele, causando ferimentos que mudaram sua vida.
Sanderson, que cobrava de Paltrow US$ 300 mil (R$ 1,5 milhão) por danos, disse que o veredicto de quinta-feira foi “muito decepcionante”.
Os jurados concordaram com Paltrow, que culpou Sanderson pelo acidente e solicitou US$ 1 (R$ 5,09) mais honorários advocatícios.
Ouvindo o veredicto no tribunal, Paltrow manteve-se inexpressiva, olhando para a frente e parecendo acenar levemente com a cabeça. Ela então saiu.
Ao sair, ela parou brevemente para falar com Sanderson.
Em uma story publicada em sua conta no Instagram de 8,3 milhões de seguidores, a vencedora do Oscar disse: “Senti que concordar com uma alegação falsa comprometia minha integridade”. Paltrow venceu o Oscar de Melhor Atriz em 1999 pelo filme Shakespeare Apaixonado.
Paltrow disse que ficou satisfeita com o resultado e agradeceu ao juiz e aos oito membros do júri por “sua consideração ao lidar com este caso”.
O júri levou três horas de deliberação para considerar unanimemente Sanderson culpado pelo incidente e conceder a Paltrow a quantia simbólica que ela buscava.
Histórias contraditórias
Falando à mídia do lado de fora do tribunal, seu advogado, Steve Owens, disse que Paltrow “tem um histórico de defender aquilo em que acredita”.
“Esta situação não foi diferente e ela continuará defendendo o que é certo”, disse ele.
Posteriormente, Sanderson afirmou que foi ele o único atingido na encosta e sugeriu que o poder de estrela de Paltrow a ajudou no tribunal.
“Você ganha alguma credibilidade presumida por ser uma pessoa famosa”, disse ele. “Sério, quem quer enfrentar uma celebridade?”
O julgamento de duas semanas ouviu dezenas de testemunhas com histórias contraditórias sobre quem colidiu com quem.
Segundo Sanderson, a atriz o atropelou em uma rampa para iniciantes no Deer Valley Resort, em Park City. Em sua versão, Paltrow esquiou enquanto ele permanecia inconsciente na neve com as costelas quebradas, disse Sanderson.
O acidente o deixou com um trauma cerebral que alterou sua vida, disse ele.
Mas Paltrow compartilhou perante o tribunal um relato totalmente diferente.
Ela disse que Sanderson havia esquiado diretamente em suas costas enquanto ela descia a encosta com seus dois filhos.
“Eu pensei, ‘Isso é uma pegadinha? Alguém está fazendo algo pervertido? Isso é muito, muito estranho'”, disse ela em seu depoimento.
Sanderson estava consciente quando ela esquiou, disse Paltrow, e até se desculpou com ela.
Os advogados de Paltrow trabalharam para minar a alegação de Sanderson de que sua saúde foi arruinada pelo acidente, apontando uma longa lista de viagens que ele fez após o acidente para a América do Sul, Europa e Marrocos.
E acusaram Sanderson de tentar explorar a fama de seu cliente, perguntando sobre um e-mail que ele enviou às filhas logo após a colisão, no qual escreveu: “Sou famoso”.
O caso girava em torno da etiqueta do esqui, com ambas as partes alegando que eram esquiadores alpinos e, portanto, tinham direito de passagem.
Mas o testemunho também continha vários momentos inadvertidamente engraçados, com advogados perguntando a Paltrow sobre sua altura, sua moda e quão próxima ela era da cantora Taylor Swift.
Houve também um pequeno embate no tribunal sobre o fornecimento de um “presente” da Paltrow para a equipe de segurança do tribunal, que acabou sendo negado pelo juiz. Um dos seguranças de Paltrow disse mais tarde à BBC News que ela queria pagar o almoço para eles.
E em outro momento, Kristan VanOrman, um dos advogados de Sanderson, disse a Paltrow durante o interrogatório que ela estava com ciúmes de sua altura.
Falando aos repórteres após o veredicto, a advogada disse que “não ficou chocada” durante o julgamento.
“Tenho um novo apreço por Paltrow pois ela tem que lidar com toda essa [atenção da mídia] diariamente”, disse ela.
Sanderson inicialmente tentou processar Paltrow por US$ 3,1 milhões (R$ 15,8 milhões), mas o caso foi arquivado.
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