Ninguém questiona que Salvador Dalí, nascido em 11 de maio, há 120 anos, foi um dos maiores representantes do surrealismo e um dos artistas mais famosos do século 20.
Sua técnica particular refletida em suas pinturas, esculturas, joias, filmes incomuns e em toda sua produção artística interativa marcou o início de uma nova geração de expressão imaginativa, observa o site do Museu Dalí, na Flórida, Estados Unidos.
Mas não é apenas a arte de Dalí que é excêntrica. Sua vida privada foi repleta de características que fizeram dele um homem incomum.
Em 1934 casou-se com Elena Ivanovna Diakonova, ou Gala, como era conhecida.
O casal não teve filhos, mas viveu um casamento aberto em uma época em que esse tipo de relacionamento era muito raro. Eles regularmente organizavam orgias em sua casa, embora se diga que Dalí gostava apenas de assistir, e não de participar.
E essas particularidades também foram observadas em sua aparência física.
Como podemos falar de Dalí sem citar seu bigode?
Ele até escreveu um livro de humor absurdo com seu amigo fotógrafo Philippe Halsman sob o nome de O Bigode de Dalí.
Em uma pesquisa de 2010, Salvador Dalí foi eleito como dono do bigode mais famoso de todos os tempos.
E, como não era de se esperar, no campeonato mundial de barbas e bigodes, o “bigode Dali” tem categoria própria.
Mas como Dalí criou e manteve seu bigode fino e pontudo? Um dia ele contou seu segredo à BBC.
‘Meu bigode está muito feliz’
Há 66 anos, em 4 de maio de 1955, Salvador Dalí foi entrevistado por Malcolm Muggeridge, apresentador da BBC.
A conversa foi em inglês, idioma nada fácil para o artista, que falava catalão, espanhol e francês.
“Meu inglês é muito, muito problemático. Mas isso não é importante porque se alguém consegue apreender um pequeno pedaço das minhas ideias, isso é absolutamente suficiente, porque as ideias de ‘Dalian’ têm um poder germinativo tremendo”, disse.
O apresentador começou a entrevista sem rodeios: “Como você produz um bigode tão maravilhoso?”
Dalí contou que inicialmente utilizou um produto natural: uma fruta, a tâmara.
“No final da refeição não limpei os dedos e passei um pouco no bigode e ficou assim a tarde toda. Fui muito eficiente”, explicou.
Com o passar dos anos ostentando o bigode que já era parte fundamental de sua identidade, o óleo de tâmaras deixou de ser prático.
Dalí explicou que mais tarde começou a usar um produto industrial para manter a força da sua marca pessoal.
Era uma espécie de cera ou pomada de origem húngara.
O escritor francês “Marcel Proust usou o mesmo produto. Ele usou a cera de uma forma diferente… mais deprimente e melancólica”, contou Dalí.
“Pelo contrário, meu bigode é muito alegre, muito pontudo, muito agressivo”, disse ele.
O artista explicou ainda que à noite limpava o bigode e ele voltava à posição natural com uma textura bem mais macia.
E, de manhã, eram necessários apenas alguns minutos para trazer o bigode de volta à vida.
“Só preciso de três minutos para arrumar meu bigode”, explicou. “E a cada dia fica mais prático para minha inspiração”, disse ele.
‘Bigode perfeito’
Salvador Dalí morreu de insuficiência cardíaca em 1989, aos 84 anos, em Figueres, na Espanha, mesma cidade onde nasceu. Seu corpo foi enterrado na cripta do Museu Dalí.
Em 2017, seu corpo foi exumado para obtenção de amostras de DNA para um processo de paternidade que deu negativo.
E ele cuidou tão bem do bigode em vida que 28 anos depois de sua morte, quando seu corpo foi exumado, o bigode ainda estava em perfeitas condições.
“Foi como um milagre… seu bigode estava perfeito, o cabelo estava intacto”, disse na época Narcis Bardalet, encarregado de embalsamar o corpo de Dalí.
É evidente que o artista foi um homem extraordinário em vida e também após sua morte. E seu bigode é um reflexo disso.
“Todas as manhãs, quando me levanto, volto a experimentar um prazer supremo, o de ser Salvador Dalí”, disse o artista, segundo o site do museu.
Fonte: BBC
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