- Por Manish Pandey
- Da BBC Newsbeat
Billie Eillish disse que viver com a Síndrome de Tourette é “muito cansativo”. A cantora de 20 anos foi filmada tendo um tique durante entrevista com David Letterman, no programa My Next Guest, transmitido na Netflix.
“Se você me filmar por um período de tempo, vai ver vários tiques”, disse ela. O transtorno se manifesta por sons ou movimentos involuntários- tiques que podem ser motores ou verbais.
Isso ocorre devido a uma desregulação do circuito mesolímbico, região do cérebro que é responsável pelos pensamentos, emoções e movimentos. A síndrome também pode ter origem genética.
Normalmente, o transtorno começa na infância, mas tiques e outros sintomas costumam melhorar com os anos e, em alguns casos, desaparecem completamente.
Billie disse durante a entrevista que ela não costuma ter tiques quando se apresenta no palco e que alguns deles desapareceram com o tempo, mas outros aparecem regularmente.
“Essas coisas você não perceberia se estivesse só tendo uma conversa comigo”, diz ela. “Mas para mim é muito exaustivo.”
Reação ofensiva
A cantora disse que “ama muito” falar sobre sua experiência com a síndrome de Tourette. Mas ressalta que as pessoas nem sempre reagem bem quando ela tem um tique.
“A forma mais comum de reação das pessoas é rir, porque elas acham que eu estou tentando ser engraçada. Eu sempre fico muito ofendida com isso”, diz ela.
A britânica Terrina Bibb, de 29 anos, se identifica com isso. Ela começou a mostrar sinais de tiques quando tinha 21 anos, e depois de ir a muitos neurologistas, foi finalmente diagnosticada aos 24 anos, o que é relativamente tarde.
Ela se lembra de, um ano atrás, uma pessoa a ficar encarando constantemente num restaurante, “durante um episódio bem ruim de ataque de tique”.
“É falta de educação e isso me frustra. As pessoas perguntam: ‘por que você precisa falar tanto palavrão?’. Eu gostaria disso, mas é algo que eu não controlo”, diz ela.
Terrina quer que as pessoas a tratem normalmente. “Eu não me importo de explicar para as pessoas, mas acho que elas simplesmente não deveriam ser mal educadas.”
No dia-a-dia, Terrina, que tem tiques motores e verbais, trabalha de casa, como artista autônoma. Ela diz que tem “dias bons e ruins”.
“É uma condição muito limitante. Ando com uma bengala constantemente, não consigo caminhar normalmente e também tenho uma cadeira de rodas.”
A jovem diz que as manhãs “podem ser muito ruins”, por causa de tiques nas pernas, e que ela precisa da ajuda do namorado ou da mãe nas tarefas do cotidiano.
Coisas que ajudam
Terrina usa a arte como uma forma de “liberar esses tiques”.
“Especialmente os tiques das mãos. Eu seguro uma caneta e faço um rabisco em ziguezague. Então, esses tiques são liberados com algo que eu amo fazer, e é bastante relaxante.”
Ela também tem um saco de boxe no jardim que, segundo ela, “ajuda a paralisar o Tourette por algumas horas.” Terrina acredita que é importante pessoas com o alcance de Billie Eillish compartilharem sua experiência com a síndrome.
“Espero que isso normalize um pouco essa condição”, diz.
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