Mercado que tem se tornado cada vez mais crucial para o desenvolvimento de diversas áreas, a tecnologia apresenta uma demanda relevante em Pernambuco, no Brasil e mundialmente. Para acompanhar essa demanda, é preciso o investimento em mão de obra qualificada que possa atender às necessidades. Nesse sentido, Pernambuco, por meio de iniciativas públicas e privadas, tem buscado investir na oferta de profissionais.
Maior parque tecnológico aberto e urbano do Brasil, o Porto Digital tem aproximadamente 1,5 mil vagas em aberto para o setor. Estudo da Brasscom aponta que a perspectiva para os próximos cinco anos é de uma demanda em torno de 700 mil profissionais no Brasil para o setor de tecnologia.
“A gente enxerga que ainda há necessidade de mão de obra para a área. Continua uma crescente necessidade, principalmente se olharmos a pandemia e a pós-pandemia, pois as empresas passaram por um processo de transformação tecnológica maior. O crescimento do e-commerce, sites de aplicativos, surgimento de bancos, tudo isso mediado pela tecnologia, reflete no mercado de trabalho como um todo”, analisou Marcela Valença, superintendente de Inovação e Formação do Porto Digital.
“Esse problema de carência de mão de obra para o setor de ciência, de tecnologia, é um gargalo mundial, não só do Brasil. E a pandemia chegou a piorar um pouco esse processo porque explodiram os usos das tecnologias. A própria pandemia acelerou o uso de tecnologias e naturalmente a demanda de pessoal para área”, avaliou Yves Nogueira, presidente do Softex Pernambuco e membro do conselho do Porto Digital.
Atualmente, Recife se configura com um número de 6.746 estudantes (dados de 2021) da área de tecnologia. Isso representa um aumento de aproximadamente 30% em relação a 2021, quando a cidade tinha 5.177 estudantes no setor. “Recife se consolida como a maior capital do Brasil com estudantes de tecnologia per capita, muito decorrente do Porto Digital e das mais de 350 empresas que estão no parque. Existe esse déficit de mão de obra e estamos tentando mitigar com os programas lançados”, disse Marcela Valença.
Universidades parceiras do Porto Digital
Para isso, o Porto Digital se aproximou de universidades privadas para propor melhorias na matriz curricular de cursos ligados à tecnologia. Em cinco universidades, foi adicionada uma disciplina regular de residência tecnológica para a prática dentro do Porto Digital. Esse currículo está aderente ao que o mercado espera.
Porto Digital. Foto: Rafael Furtado/Arquivo Folha de Pernambuco
As cinco universidades são: Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), Centro Universitário Tiradentes (Unit Pernambuco), Faculdade Imaculada Conceição do Recife (FICR), Faculdade Senac e Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). O curso atualizado nas instituições é o de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, com exceção da Unicap, que chama-se Sistemas para Internet.
“Cada universidade tem seu valor próprio do curso e também suas particularidades de oferecer bolsas, financiamentos e outras possibilidades. Indicamos aos interessados entrarem no site do Porto Digital para acompanhar o link de cada universidade”, sugeriu Marcela Valença.
Embarque Digital é gratuito
As oportunidades para ingressar nos cursos das cinco universidades também podem ser de forma gratuita para estudantes do ensino público. Através do programa Embarque Digital, a Prefeitura do Recife está oferecendo 350 vagas para as instituições de ensino. As inscrições estão abertas até 25 de fevereiro através do site do Portal da Educação do Recife ou pelo Conecta Recife.
Para ter acesso ao programa, é necessário ser residente e domiciliado no Recife, ter cursado todo o ensino médio na Rede Pública, ter concluído o ensino médio nos últimos cinco anos e ter realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou o Sistema Seriado de Avaliação (SSA) nos últimos cinco anos.
Essa é a 4ª turma do programa. “O curso é de dois anos e meio. A primeira turma que ingressou ainda não concluiu, mas já observamos um bom nível de satisfação dos estudantes, com volume grande de jovens com estágio e empregados. O mercado está em carência, falta profissional com o perfil e o curso foi desenhado para atender o que o mercado precisa”, destacou o secretário de Educação do Recife, Fred Amancio.
Secretário de Educação do Recife, Fred Amancio. Foto: Marcos Pastich/PCR
Para a presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação de Pernambuco e Paraíba (Assespro PE/PB), Laís Xavier, os programas impulsionam e estimulam o desenvolvimento de experiências. “Se a empresa conseguir contratar um profissional que já venha com essa base de conhecimento formada, com uma estrutura de conhecimento, é um grande passo para as empresas. Depois que o profissional chega, a empresa dá continuidade à construção do profissional, pois cada empresa tem sua particularidade para apresentar ao colaborador”, explicou Laís.
Além das instituições parceiras do Porto Digital, Laís também sugeriu os interessados a conhecerem a Pós-Graduação de Ciência de Dados da Universidade de Pernambuco (UPE), os cursos do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além dos diversos cursos de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado do CESAR School, este último com mensalidades. “É importante avaliar a instituição de ensino, que seja respeitada e reconhecida”, comentou Laís.
Nova universidade gratuita
Universidade latino-americana, a Jala University chegou ao Brasil oferecendo bolsas gratuitas de Engenharia de Software. Com sede no Recife, a Jala escolheu a capital pernambucana para impulsionar um maior equilíbrio social entre as regiões brasileiras, além de acreditar no potencial da cidade.
A instituição abriu 60 vagas para estudantes brasileiros, com inscrições disponíveis pelo site https://jala.university/pt/admissao2023/. A previsão para o início das aulas é o segundo semestre deste ano. Todo o curso é gratuito e tem duração de quatro anos. “O estudante terá oportunidade de estágio e depois já sairá empregado na empresa Jala Software ou nas empresas parceiras da Jala. Escolhemos ficar na região Nordeste porque é uma forma de mudar a diferença social que é muito grande no Brasil”, disse o presidente e fundador do Jala Group, Jorge López.
Presidente e fundador do Jala Group, Jorge López. Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco
Essa é a segunda turma do curso. A primeira foi iniciada nesta semana e, dos 60 brasileiros aprovados, 40 foram pernambucanos. Presente em quatro países da América Latina (Brasil, Bolívia, México e Colômbia), a Jala University impulsiona a indústria de software na América Latina e contribui para o desenvolvimento da propriedade intelectual.
“Enxergo que a América Latina tem um problema que é não produzir sua própria propriedade intelectual. Importamos essa propriedade da Ásia, por exemplo. E eu enxergo que a educação é o caminho para essa mudança”, opinou Jorge López.
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