Um autorretrato até agora desconhecido do pintor holandês Vincent Van Gogh (1853-1890) foi descoberto escondido no verso de outra pintura sua.
Especialistas das Galerias Nacionais da Escócia fizeram a descoberta ao fazer uma radiografia da tela antes de uma exposição.
O autorretrato estava coberto por camadas de cola e papelão no verso de um trabalho anterior chamado Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa).
O artista costumava reutilizar telas para economizar dinheiro, virando-as e depois trabalhando do outro lado.
Van Gogh não teve sucesso em vida. Sua fama só veio após sua morte em 1890, aos 37 anos.
Ele tornou-se uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental.
No ano passado, uma de suas obras, Cena de Rua em Montmartre, até então nunca exibida ao público, foi a leilão e terminou vendida a 14 milhões de euros (R$ 76 milhões).
A conservadora (pessoa que cuida do estado de conservação de obras de arte) da galeria, Lesley Stevenson, disse que ficou “chocada” ao encontrar o artista “nos encarando”.
“Quando vimos o raio-X pela primeira vez, é claro que ficamos muito animados. Esta é uma descoberta significativa porque acrescenta ao que já sabemos sobre a vida de Van Gogh”, afirmou.
O Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa) entrou na coleção do museu National Gallery of Scotland em 1960, como parte de um presente de um advogado de Edimburgo.
A pintura mostra uma mulher da cidade de Nuenen, no sul da Holanda, onde o artista viveu de dezembro de 1883 a novembro de 1885.
Acredita-se que Van Gogh pintou o autorretrato do outro lado em outro momento importante de sua carreira, depois que se mudou para Paris e foi exposto ao trabalho dos impressionistas franceses.
Cerca de 15 anos após sua morte, Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa) foi emprestado para uma exposição no museu Stedelijk, de Amsterdã.
Teria sido durante esse empréstimo que a tela foi colada no papelão antes de ser emoldurada. O quadro da mulher camponesa teria sido considerado mais “bem acabado” do que o autorretrato do outro lado.
A pintura mudou de mãos diversas vezes e em 1923 foi adquirida por Evelyn St Croix Fleming, cujo filho, Ian, criou o personagem James Bond.
O quadro chegou à Escócia só em 1951, tendo entrado na coleção de Alexander e Rosalind Maitland, que mais tarde a doaram ao NGS.
Especialistas da galeria disseram que é possível revelar o autorretrato escondido, mas que o processo de remoção da cola e do papelão exige um delicado trabalho de conservação.
A pesquisa está em andamento para descobrir como isso pode ser feito sem prejudicar a pintura no lado da frente.
Os visitantes de uma exposição em Edimburgo poderão ver a imagem de raios-X pela primeira vez através de uma caixa de luz especialmente criada.
O autorretrato mostra um homem barbudo com um chapéu de abas e com um lenço amarrado na garganta. Ele mira o espectador com um olhar intenso — com o lado direito do rosto na sombra e a orelha esquerda claramente visível.
A professora Frances Fowle, curadora de Arte Francesa nas Galerias Nacionais da Escócia, disse que a descoberta é “um presente incrível para a Escócia”.
Ela disse: “Momentos como esse são incrivelmente raros. Descobrimos uma obra desconhecida de Vincent Van Gogh, um dos artistas mais importantes e populares do mundo”.
Vários desses autorretratos e outras obras foram encontrados anteriormente pintados no verso de telas anteriores do período em que o artista esteve em Nuenen.
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