Pedras calcárias douradas e seixos pardos foram encontrados na Ladeira da Sé, servindo de ferramenta para educação
Publicado por: Marcílio Albuquerque, em: 01/06/23 às 16:40
Em Olinda, o trabalho pela construção de um futuro melhor não deixa de fora, também, a preservação do passado. Na cidade, que mantém o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, os esforços pela compreensão da existência ancestral são mantidos, cotidianamente, por meio do cuidado com os vestígios deixados ao longo do tempo. Foi assim, novamente, com achados arqueológicos identificados durante ações de manutenção nas vias públicas. Desta vez, o registro ocorreu no tradicional corredor turístico da Ladeira da Sé, integrante do Sitio Histórico do município.
Em uma ação, desencadeada pela Secretaria de Obras, com demandas de ordem hidráulica, pluvial e de esgotamento, os profissionais localizaram pedras calcárias, datadas de meados dos séculos 17 e 18. As peças foram alvo de uma avaliação técnica do departamento de arqueologia da Secretaria de Patrimônio, Cultura e Turismo de Olinda (Sepactur), que também acionaram os especialistas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Tão logo inspecionadas, as rochas, que ostentam um tom dourado peculiar, foram apontadas como integrantes dos movimentos iniciais de urbanização da localidade.
“Como um grande sítio arqueológico e histórico a céu aberto, Olinda detém fragmentos que contam um pouco não apenas da história de Pernambuco, mas de todo o país. Nosso propósito é de sempre manter viva estas memórias, sendo objeto de estudo para as gerações atuais e futuras”, explica o secretário executivo de Patrimônio, Alípio Durans. O gestor lembra que a cidade mantinha, no passado, uma mina de extração calcária, que gerava material para os primeiros esforços de pavimentação das estreitas vias locais.
A oportunidade, como em outras ocasiões, também servirá de natureza didática, com a realização de aulas-atividade para estudantes da rede pública, sendo ferramenta prática para os educadores e historiadores. No trecho também foram encontrados exemplares das chamadas pedras cabeças de negro. Conforme a narrativa, os seixos pardos, de forma oval, eram trazidos nos lastros dos navios no Brasil colonial, servindo para proporcionar maior estabilidade às embarcações. Quando de sua chegada nos portos mais importantes, a exemplo da capital pernambucana, eram transportados, na cabeça dos escravos, para servir de calçamento.
Ainda de acordo com a Prefeitura de Olinda, sem qualquer prejuízo a continuidade dos serviços públicos necessários, já em fase de conclusão, o apanhado deve ser catalogado e, futuramente, ganhar identificação visual. A ideia é servir de orientação para moradores e também os milhares de visitantes que circulam pela cidade durante todo o ano.