Foto: Wali Fontenelle/Folha de Pernambuco
Betânia Santana, titular da coluna Folha Política do jornal Folha de Pernambuco, uma das jornalistas que entrevistou Clarissa Tércio, observou que a candidata não é a mesma de um passado recente. Santana afirmou que a postura e o discurso de Clarissa, apresentados na entrevista à Rádio Folha FM 96,7 na quinta-feira (29), são significativamente diferentes.
“A disputa pela Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes levou a candidata do Progressistas a mostrar uma postura que nunca teve e um discurso mais moderado”, escreveu Santana. A jornalista destacou ainda que Clarissa, defensora do ex-presidente Jair Bolsonaro — tendo feito sinal de arma com as mãos, segurado até um fuzil em fotos e vídeos, e defendido a cloroquina contra a Covid — descartou a influência da polarização entre Bolsonaro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano.
“O povo de Jaboatão não quer saber se é Lula ou Bolsonaro, se é vermelho ou amarelo”, argumentou Clarissa, distanciando-se do bolsonarismo.
Outra lembrança da colunista foi que a candidata evangélica também atuou como uma das líderes do protesto em frente ao Cisam, maternidade no bairro da Encruzilhada, contra o aborto de uma menina de 10 anos. A garota, vítima de estupro em 2020, está entre os casos em que a interrupção da gravidez é permitida no Brasil.
Clarissa não mencionou sequer a palavra “aborto” e preferiu reforçar seu papel como defensora da vida desde o ventre materno. Com um eleitorado majoritariamente evangélico — seu pai, coronel e pastor Francisco Tércio, é o presidente da Assembleia de Deus Ministério Novas de Paz —, a candidata optou por não exaltar a religião, preferindo se denominar “cristã”.
Betânia finalizou seu texto afirmando que a suavização do discurso é uma estratégia de Clarissa que só poderá ser avaliada quanto ao seu efeito real em outubro, com o resultado das urnas.
31/08/2024 às 15:50 – Por Andros Silva