Depois de falar em coação em favor de um golpe de estado e renúncia de mandato, o senador Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo, vai ter de dar explicações à Polícia Federal. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou o depoimento dele e deu prazo de cinco dias para isso. É que do Val, durante uma live, disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou de uma reunião com o ex-deputado Daniel Silveira, que aliás foi preso nesta quinta-feira.
Nesse encontro, não oficial, Silveira propôs que Marcos do Val, com uma escuta escondida na roupa, marcasse uma reunião com Alexandre de Moraes e ouvisse do ministro algo que justificasse o golpe. O áudio, depois, seria vazado, segundo o senador, para dar um aspecto de legalidade à escuta não autorizada.
Em coletiva na manhã desta quinta, Do Val deu detalhes detalhes dessa reunião: o senador disse que foi orientado por Silveira a não ir com o carro do Senado. Os dois se encontraram num estacionamento e seguiram num carro descaracterizado, sem identificação, para a reunião que teria ocorrido na Granja do Torto, uma das residências oficiais da presidência em Brasília.
Disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro, presente na reunião, ficou apenas calado, ouvindo a proposta de Silveira, que estaria desesperado para não ser preso.
Alguns dias depois, o senador procurou o ex-deputado e disse que não iria cumprir a missão. Inclusive, diante da insistência de Silveira, Marcos do Val disse que até parou de atender telefonemas do ex-deputado e que informou à Alexandre de Moraes do ocorrido. Tanto da proposta de reunião quanto do resultado dela. Quando perguntado se, de fato, deixaria o mandato, a resposta foi simples: falou que estava com a cabeça quente e que ainda iria refletir mais um pouco.
Filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro, foi ao plenário falar sobre o assunto. E disse que a história toda não configura crime e que Do Val já havia relatado a ele que o caso se tornaria público.
Fonte: Agência Brasil