Um grupo de manifestantes tentou invadir a sede da Polícia Federal (PF) e queimou automóveis no estacionamento do local em Brasília, na noite desta segunda-feira (12/12). De acordo com uma nota divulgada pela Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), os atos ocorreram após a prisão de um líder indígena.
O indígena que teria sido o pivô das manifestações é José Acácio Serere Xavante. Há alguns dias, ele ganhou notoriedade em grupos em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL) por questionar, sem apresentar provas, a lisura das eleições que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A prisão temporária de Serere Xavante foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A decisão ocorreu após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir a prisão, argumentando que o líder tem mobilizado indígenas e não indígenas em atos antidemocráticos, inclusive estimulando agressões contra o presidente eleito, o próprio ministro Alexandre de Moraes e seu colega no STF Luís Roberto Barroso. O prazo inicial da prisão é de dez dias.
A PF informou que “o preso encontra-se acompanhado de advogados e todas as formalidades relativas à prisão estão sendo adotadas nos termos da legislação, resguardando-se a integridade física e moral do detido”.
Em nota enviada à BBC News Brasil, a PM-DF relatou a ocorrência de distúrbios: “Após a suposta prisão de um líder indígena, índios tentam invadir o prédio da PF na Asa Norte. A PMDF desloca guarnições para controlar a situação com a aplicação das forças táticas e batalhão de choque. Situação ainda em andamento.”
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) afirmou em nota que “as ações começaram em frente ao edifício-sede da Polícia Federal (PF)” e “se estenderam para outros locais da região central”.
“Como medida preventiva, o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e outras vias da região central está restrito até nova mudança de cenário, após avaliação de equipe técnica”, acrescentou a secretaria.
Não há informações oficiais sobre o número de pessoas presas após o protesto ou de feridos. De acordo com a PM-DF, o número de automóveis incendiados também não foi contabilizado.
Segundo o portal Metrópoles, o grupo de manifestantes chegou a incendiar um ônibus que passava nas imediações de onde o protesto ocorria.
Serere Xavante foi candidato pelo Patriota
A sede da PF fica na zona central de Brasília, em frente a um shopping de grande circulação, na avenida W3 Norte. A avenida é uma importante via de ligação entre as asas Sul e Norte da cidade.
Pelo Twitter, o senador eleito e apontado como futuro ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA), criticou as manifestações: “Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília. Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política.”
Em outra publicação, ele disse que a equipe do novo governo estaria “dialogando” com o governo do Distrito Federal.
“Temos dialogado com o GDF, a quem compete a garantia da ordem pública em Brasília, atingida por arruaças políticas. A segurança do presidente Lula está garantida. As medidas de responsabilização jurídica prosseguirão, nos termos da lei”, disse Dino.
As manifestações desta segunda-feira acontecem a pouco mais de duas semanas para a cerimônia de posse de Lula, no dia 1º de janeiro de 2023. A expectativa da organização é de que aproximadamente 300 mil pessoas compareçam ao evento, também em Brasília.
No processo do STF que resultou na prisão do líder indígena foram incluídas informações atribuídas à PF de que Serere Xavante realizou atos antidemocráticos em vários locais de Brasília, como nas proximidades do Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios, no Aeroporto Internacional de Brasília, no Park Shopping e perto do hotel onde estão hospedados Lula e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin.
Em 2020, Serere Xavante foi candidato a prefeito de Campinápolis (MT) pelo partido Patriota, mas foi derrotado. Segundo informou à reportagem Kassio Eduardo da Silva Coelho, representante do Patriota no Estado, Serere Xavante segue filiado ao partido.
Em um documento com propostas entregue ao TSE em 2020, Serere Xavante se apresentou como “pastor Missionário Evangélico e líder indígena xavante de Terra Indígena Parabubure”.
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