Em Londres, milhares de pessoas reuniram-se em frente à sede da BBC e mais de 1.000 agentes policiais foram mobilizados.
A polícia alertou que qualquer pessoa que demonstre apoio ao Hamas, uma organização considerada “terrorista” pelo governo britânico, ou que se desvie da rota, poderá ser presa.
Os combatentes do grupo militante palestino entraram em comunidades próximas à Faixa de Gaza, matando pelo menos 1.300 pessoas e fazendo vários reféns.
Mais de 2.200 pessoas foram mortas em Gaza desde que Israel lançou ataques aéreos retaliatórios.
Em Londres, no protesto organizado pela Campanha de Solidariedade à Palestina, manifestantes seguravam bandeiras palestinas e cartazes de apoio e cantavam enquanto caminhavam até Downing Street, sede do governo britânico e residência oficial do primeiro-ministro do país, Rishi Sunak.
Um manifestante, Mike, do noroeste de Londres, disse à agência de notícias AP: “A injustiça da situação é totalmente notável”.
A Polícia Metropolitana disse que certas áreas do centro de Londres estavam cobertas por uma determinação da Seção 60AA, que exige que uma pessoa remova itens como máscaras que possam ser usadas para ocultar sua identidade, até as 22h (18h de Brasília).
A força disse estar ciente de pessoas acendendo sinalizadores ou fogos de artifício e disse: “Ações serão tomadas quando identificarmos aqueles que os possuem/jogam”.
Os manifestantes também gritavam “Rishi Sunak (primeiro-ministro britânico), que vergonha” e o slogan “do rio ao mar, a Palestina será livre”.
No início desta semana, a ministra do Interior, Suella Braverman, instou os chefes de polícia a considerarem se o slogan deveria ser interpretado como uma “expressão de um desejo violento de ver Israel apagado do mundo”, possivelmente tornando-o uma ofensa à ordem pública “racialmente agravada” em alguns contextos.
Dirigindo-se à passeata em Londres, Jeremy Corbyn, o ex-líder do Labour ( Partido Trabalhista), que faz oposição ao governo de Sunak, disse que os políticos britânicos não deveriam tolerar a campanha de bombardeios de Israel.
Descrevendo a manifestação como um “dia de solidariedade”, ele disse: “Se você acredita no direito internacional, se você acredita nos direitos humanos, então deve condenar o que está acontecendo agora em Gaza pelo Exército israelense”.
Os protestos estão ocorrendo em várias cidades do Reino Unido, incluindo Liverpool, Bristol, Cambridge, Norwich, Coventry, Edimburgo e Swansea.
A manifestação em Londres começou na sede da BBC em Portland Place, que foi vandalizada durante a noite com tinta vermelha espalhada na entrada do edifício.
Numa publicação nas redes sociais na tarde deste sábado, o grupo ativista Ação Palestina assumiu a responsabilidade por pintar o edifício com “tinta vermelho-sangue, simbolizando a sua cumplicidade no genocídio do povo palestino por Israel através de reportagens tendenciosas”.
Um porta-voz da Polícia Metropolitana disse: “Estamos cientes de danos criminais a um edifício em Portland Place, W1A”.
“Neste momento não há nenhuma sugestão de que isto esteja ligado a qualquer grupo de protesto.”
Na sexta-feira, o vice-comissário assistente da Polícia Met, Laurence Taylor, disse em uma entrevista a jornalistas que houve um “aumento maciço” de incidentes antissemitas em Londres desde os ataques do Hamas.
O primeiro-ministro Rishi Sunak descreveu o aumento de “nojento” e disse que o comportamento intimidador ou ameaçador seria “enfrentado com toda a força da lei”.
Ele disse que Israel tem “todo o direito de se defender” dos ataques do Hamas, mas destacou que a segurança civil deve ser “fundamental nas nossas mentes”.
Orly Goldschmidt, porta-voz da Embaixada de Israel no Reino Unido, disse que Israel não tem como alvo civis. Em entrevista à Times Radio, falou: “Haverá pessoas inocentes que pagarão tragicamente com a vida, mas este é um estado de guerra e temos que impedir que qualquer um de nos prejudicar novamente.”
“Não temos qualquer desavença com o povo palestino. Estamos tentando nos proteger da organização bárbara Hamas, que é exatamente, se não pior, do que o ISIS (grupo autodenominado Estado Islâmico).”
Protestos pelo mundo
Protestos pró-Palestina também foram realizados nos últimos dias em diferentes cidades do mundo.
Em Paris, a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar uma manifestação de apoio ao palestinos, após o governo francês ter proibido qualquer protesto do tipo.
Apesar da proibição, milhares de manifestantes reuniram-se em Paris, Lille, Bordéus e outras cidades na quinta-feira (12/10).
O presidente francês, Emmanuel Macron, apelou às pessoas para não fomentarem divisões internas.
“O escudo da unidade nos protegerá do ódio e dos excessos”, disse ele num discurso em vídeo.
A proibição de comícios pró-Palestina ocorre num momento em que os governos europeus temem um aumento do antissemitismo desencadeado pela guerra entre Israel e o Hamas.
A França tem uma comunidade judaica de quase 500 mil pessoas, a maior da Europa. A comunidade muçulmana de França também está entre as maiores da Europa — cerca de 5 milhões.
Já o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, declarou “tolerância zero” ao antissemitismo.
Ele disse ao parlamento que o grupo pró-palestiniano Samidoun, que foi fotografado distribuindo doces na área de Neukölln, em Berlim, para comemorar o ataque do Hamas, seria banido. “Não toleramos o antissemitismo”, acrescentou.
Sholz disse aos deputados no Bundestag (Parlamento alemão) que a segurança de Israel era uma política de Estado alemã.
Segundo as autoridades alemãs, em várias cidades do país, incluindo Mainz, Braunschweig e Heilbronn, bandeiras de Israel hasteadas em solidariedade com o país foram derrubadas e destruídas, por vezes em apenas algumas horas.
Fonte: BBC
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