O jornalista e produtor cultural, Salatiel Cícero da Silva, de 31 anos, da cidade de Nazaré da Mata, na região da Mata Norte de Pernambuco, foi finalista do 1º Prêmio de Fotografia – Amplitude e Dignidade – 2021. A competição nacional, que buscou valorizar a igualdade racial, foi organizada pela Fundação Palmares, entidade vinculada ao Ministério da Cidadania, do Governo Federal, que tem atuação voltada à promoção e preservação dos valores históricos, sociais e econômicos das manifestações culturais e artísticas negras brasileiras.
O concurso teve dez recortes temáticos: vida cultural, social, econômica, política, religiosa, esportiva, profissional, faixa etária, moda e empreendedorismo do negro no Brasil. Salatiel conconcorreu no recorte temático ‘profissional’, no qual retratou, por meio de uma série de 25 fotografias inéditas, a trajetória artística do artesão, José Edvaldo Batista, o mestre Zuza, 63 anos, da cidade de Tracunhaém, localizada na zona canavieira do estado.
O ensaio fotográfico, que tem por tema: “Mestre Zuza – mãos que criam santos com a cara do nordeste”, traz, em detalhes, um olhar sobre o ofício do artista. Desde os 14 anos, ele tem buscado retratar, por meio de sua produção artística, características do povo negro e nordestino do interior de PE. Expressões da pobreza, desigualdade social, dores, lágrimas e alegrias estão estampados em cada uma de suas obras sacras feitas à mão. Em quase 50 anos de profissão, mestre Zuza recriou incontáveis e importantes peças sacras, como os tradicionais Santos São Pedro, São Francisco, Santa Terezinha, Nossa Senhora de Fátima. Boa parte de seu acervo, está espalhado por vários países.
Para Salatiel Cícero, segundo colocado no concurso de fotografia, registrar a vida do mestre Zuza é uma maneira de mostrar o talento, a força e a inspiração deste artesão para o mundo. “Durante a construção do acervo, pude admirar ainda mais a vida dele. Inclusive, descobri durante o processo de pesquisa que seu trabalho artístico chegou a ser comparado ao de Pablo Picasso – importante pintor, escultor e ceramista espanhol. É o que escreveram dois importantes pesquisadores da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos: Henry Glassie e Pravina Shukla. No livro “Sacred Art: Catholic Saints and Candomble Gods in Modern Brazil”, publicado em 2018, mestre Zuza é comparado a Picasso, pela sua capacidade de inovação logo após voltar da África e imprimir aquela realidade social em seus trabalhos. Isso nos dá muito orgulho, ter um artista negro, brasileiro elevado à esse nível”, destacou.
As fotos premiadas serão disponibilizadas gratuitamente ao público por meio do site oficial da Fundação Cultural Palmares (www.palmares.gov.br).